Sílvio Romero

Escritor e político brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Sílvio Romero

Sílvio Romero (1851-1914) foi um importante crítico e historiador da literatura brasileira. Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e fundador da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira nº. 17. Foi também pensador social, folclorista, poeta, jornalista, professor e político. Era sócio correspondente da Academia de Ciências de Lisboa.

A contribuição de Sílvio Romero à historiografia literária brasileira foi uma das mais importantes de seu tempo. Em sua pesquisa bibliográfica, preocupou-se sobretudo com o levantamento sociológico em torno do autor e obra.

Infância e Formação

Sílvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero nasceu na vila de Lagarto, Sergipe, no dia 21 de abril de 1851. Era filho do comerciante português André Ramos Romero e Maria Vasconcelos da Silveira Ramos. Foi levado ainda pequeno para o engenho do avô, onde viveu por cinco anos. Ainda jovem foi para o Rio de Janeiro, quando estudou humanidades com os melhores professores. Foi aluno do Colégio de Nova Friburgo.

Em 1868, mudou-se para o Recife e ingressou na Faculdade de Direito. Polêmico, combativo e contraditório, foi influenciado por seu conterrâneo Tobias Barreto, que cursava o 4º. ano e começava a alicerçar as bases do espírito científico.

Juntos lideravam uma escola, reunindo jovens inteligentes e destemidos, que se encarregavam de irradiar as recentes ideias vindas da França. Denominada por Sílvio Romero de “Escola do Recife”, foi ela a responsável por divulgar a nova corrente que se instalou no Brasil.

A nova postura frente à realidade e aos problemas sociais estava fundamentada nas ideias positivistas de Auguste Comte e deterministas de Hippolyte Taine.

Essa inquietante situação juntou-se ao espírito da “Questão Coimbrã”, manifestado em Portugal, e deu início a um processo de combate à ideologia romântica, anunciando valores contrários ao sentimento exagerado.

Quando estava no 2º. Ano da faculdade, Sílvio Romero colaborou para vários jornais, entre eles, o Diário de Pernambuco, a República, o Liberal, o Correio de Pernambuco e o Americano. Em 1873 concluiu o curso de Direito.

Em 1876 mudou-se para o Rio de Janeiro onde obteve a cátedra de filosofia do Colégio Pedro II com a tese Interpretação Filosófica dos Fatos Históricos. Ao defender sua tese, travou uma discussão com um de seus examinadores, o professor Coelho Rodrigues. A agressão resultou em um processo, que não teve consequências.

Sílvio Romero foi também professor da Faculdade Livre de Direito e da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro.

Como poeta, Sílvio Romero teve uma breve carreira. O primeiro livro de poemas de Sílvio Romero foi Cantos do Fim do Século, lançado em 1878, em uma tentativa de aderir à poesia filosófica científica que pregava desde 1870 em artigos, mas que não obteve êxito. Em 1883 publicou Últimos Arpejos, seu segundo e último volume de poesia.

Político

Sílvio Romero entrou na política em 1875, quando foi eleito deputado provincial por Estância, Sergipe. Em 1899 foi eleito deputado federal pelo Estado de Sergipe pelo Partido Republicano, no governo do Presidente Campos Sales, permanecendo até 1902. Trabalhou na comissão encarregada de rever o Código Civil Brasileiro, na função de relator-geral.

Crítico e historiador literário 

O escritor Sílvio Romero desenvolveu intensa atividade como escritor. Escreveu vários livros que abordavam praticamente tudo que se referia à realidade cultural brasileira como filosofia, literatura, folclore, educação, política e religião.

Publicou assuntos ligados à cultura popular revelando-se um grande folclorista. Escreveu sobre filosofia no Brasil e sobre escolas filosóficas diversas. Tratou sobre estudos sociológicos e estimulou consideravelmente o desenvolvimento da Sociologia no Brasil, sendo considerado um dos seus precursores no país.

A orientação filosófica de Sílvio Romero – que passou pelo positivismo de Comte para firmar-se no monismo evolucionista de Darwin e Spencer – levou-o à busca de métodos objetivos de análise crítica e apreciação do texto literário.

Sílvio concebia a história literária como “a história natural da sociedade e das letras” e pretendia encontrar na vida das sociedades as raízes da criação literária. Desse modo, sua análise crítica deveria estender-se a toda produção escrita de um povo, que considerava como literatura.

Seu primeiro trabalho de crítica foi A Poesia Contemporânea, publicada em 1869, ainda quando era aluno da Faculdade de Direito no Recife. Em 1878 escreveu Filosofia no Brasil, publicado em Porto Alegre.

Sua obra História da Literatura Brasileira (1888), em dois volumes, menos uma história literária do que uma enciclopédia de conhecimentos sobre o Brasil, a origem e evolução de sua cultura, suas raízes sociais e étnicas, foi considerada sua obra mais revolucionária.

Polemista combativo e panfletário, Sílvio Romero opôs-se à mentalidade dos intelectuais da corte, que sabia desprezarem os valores da província.

Sílvio deixou uma vasta obra culturalmente valiosa e pioneira em muitos aspectos. Respeitado pela imprensa nacional, conquistou seu lugar como um dos mais importantes críticos e historiadores da literatura brasileira do século XIX.

Sílvio Romero, José Veríssimo e Araripe Júnior constituíram uma tríade crítica da época naturalista, marcada pelo evolucionismo e pela doutrina determinista de Traine.

Sílvio Romero faleceu no Rio de Janeiro, no dia 18 de junho de 1914.

Outras obras de Sílvio Romero

  • A Filosofia no Brasil: Ensaio Crítico (1878)
  • Introdução à História da Literatura Brasileira (1882)
  • O Naturalismo em Literatura (1882)
  • Contos Populares do Brasil (1883)
  • Ensaios de Crítica Parlamentar (1883)
  • Estudos Sobre a Poesia Popular no Brasil (1888)
  • Etnografia Brasileira (1888)
  • Doutrina Contra Doutrina – o Evolucionismo e o Positivismo no Brasil (1894)
  • Ensaios de Filosofia de Direito (1895)
  • Evolução do Lirismo Brasileiro (1905)
  • Geografia da Politicagem (1909)
  • O Brasil Na Primeira Década do Século XX (1912)
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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