Coelho Neto

Escritor e político brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Coelho Neto

Coelho Neto (1864-1934) foi um escritor, político e professor brasileiro. Foi considerado um dos maiores escritores brasileiros do começo do século XX. Membro fundador da cadeira n.º 2 da Academia Brasileira de Letras, escreveu mais de cem livros e aproximadamente 650 contos.

Henrique Maximiano Coelho Neto nasceu na Rua da Palma (hoje Coelho Neto), em Caxias, Maranhão no dia 20 de fevereiro de 1864. Era filho do português Antônio da Fonseca Coelho e da índia aculturada Ana Silvestre Coelho.

Em 1870, Coelho Neto mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Estudou no curso preparatório do Colégio Pedro II e ingressou na Faculdade de Medicina, mas abandonou o curso.

Em 1883, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, mas se envolveu um movimento de alunos contra um professor e para evitar represálias, transferiu-se para a Faculdade de Direito do Recife, onde concluiu o primeiro ano.

Em seguida, participou de movimentos abolicionistas e republicanos. No Rio de Janeiro, conheceu José do Patrocínio, que o introduziu na redação do jornal Gazeta da Tarde e no periódico A Cidade do Rio, época em que começa a publicar os seus contos.

Em 1890, casou-se com Maria Gabriela Brandão, filha do professor Alberto Olympio Brandão, e juntos tiveram catorze filhos. Nesse mesmo ano ocupou a Secretaria do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Carreira literária

Além de jornalista, Coelho Neto estreou na literatura, em 1891, com o livro de contos "Rapsódias". Em 1892, lecionou História da Arte na Escola Nacional de Belas Artes e Literatura no Colégio Pedro II.

Em 1896, Coelho Neto participou das primeiras reuniões com objetivo de criar a Academia Brasileira de Letras. Em seguida, tornou-se sócio fundador da cadeira de n.º 2 e foi presidente em 1926.

Em junho de 1899 viajou para São Luís onde foi recebido com expressivas homenagens. Em 1909 tornou-se deputado federal pelo Maranhão, sendo reeleito em 1917.

Em 1910, Coelho Neto foi nomeado para a cátedra de História do Teatro e Literatura Dramática na Escola de Arte Dramática. Nessa época, sua casa no Rio, na Rua do Rocio, tornou-se ponto de encontro de celebridades e artistas.

Características da Obra de Coelho Neto

Coelho neto é apreciado como romancista, mas escreveu também contos, crônicas, poesias, fábulas, lendas, teatro e obras didáticas e cívicas (publicadas posteriormente por seu filho Paulo Coelho Neto).

Dono de um rico e esplêndido vocabulário, Coelho Neto deixou-se dominar pela palavra. Sua inclusão entre os escritores pré-modernistas se deve à capacidade imaginadora, à mente intuitiva, que ora se aproxima dos naturalistas, ora se liga aos parnasianos-realistas, ora documenta fatos da República através de uma criação ficcionista vigorosa.

Coelho Neto e as críticas dos modernistas

Em 1928, Coelho Neto foi consagrado como “Príncipe dos Prosadores Brasileiros”, em uma votação realizada pela revista O Malho. Toda a versatilidade do escritor, aliada aos exageros da linguagem, criou para a literatura brasileira um intenso valor, porém, o escritor foi o escolhido como um dos principais alvos de ataque por parte dos modernistas.

Coelho Neto era um dos mais lidos e prestigiados escritores de seu tempo, porém, no final da década de 1920, os modernistas passaram a criticar a forma pomposa e rebuscada, cheias de artifícios retóricos em muitos de seus textos e que não seriam capazes de enfrentar os grandes dilemas da nacionalidade.

Como resultado, a obra de Coelho Neto passou a ser vista como o avesso do novo movimento e foi sendo relegada nas décadas seguintes.

De sua extensa obra literária, destacam-se os romances:

  • Capital Federal (1893)
  • Miragem (1895)
  • Inverno em Flor (1897)
  • O Morto (1898)
  • A Conquista (1899)
  • Tormenta (1901)
  • Turbilhão (1906)
  • O Rei Negro (1914)

Como contista destacam-se as obras:

  • Fruto Proibido (1895)
  • Jardim das Oliveiras (1908)
  • Vida Mundana (1909)
  • Banzo (1913)
  • Contos da Vida e da Morte (1927)

Poema de Coelho Neto:

                Ser Mãe 
Ser mãe é desdobrar fibra por fibra
o coração! Ser mãe é ter no alheio
lábio que suga, o pedestal do seio,
onde a vida, onde o amor, cantando vibra.

Ser mãe é ser um anjo que se libra
sobre um berço dormindo! É ser anseio,
é ser temeridade, é ser receio,
é ser força que os males equilibram!

Todo o bem que a mãe goza é bem do filho,
espelho em que se mira afortunada,
Luz que lhe põe nos olhos novo brilho!

Ser mãe é andar chorando num sorriso!
Ser mãe é ter um mundo e não ter nada!
Ser mãe é padecer num paraíso!

Coelho Neto faleceu no Rio de Janeiro, no dia 28 de novembro de 1934.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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