Graça Aranha
Biografia de Graça Aranha
Graça Aranha (1868-1931) foi um escritor e diplomata brasileiro. Seu romance "Canaã" abriu o Pré-Modernismo período literário compreendido entre 1902, data da publicação do romance, e a Semana de Arte Moderna de 1922.
O nacionalismo pré-modernista teve Graça Aranha como seu ponto de partida. Seu romance focalizou a imigração europeia (alemã) e procurou defender a viabilidade do Brasil como país independente.
José Pereira de Graça Aranha nasceu em São Luís, Maranhão, no dia 21 de junho de 1868. Era filho de família abastada e culta o que favoreceu e seu desenvolvimento cultural. Estudou na Faculdade de Direito do Recife, numa época agitada pelas ideias de Tobias Barreto.
Graça Aranha formou-se em Direito em 1886 e, mudou-se para o Rio de Janeiro para seguir a carreira de juiz. No mesmo ano da Proclamação da República, em 1889, Graça Aranha já era magistrado em Campos, no estado do Rio. Em 1890 foi nomeado juiz municipal em Porto do Cachoeiro, Espírito Santo.
A permanência em Cachoeiro forneceu-lhe material para escrever seu primeiro romance Canaã, que só foi publicado em 1902. Enquanto isso não acontecia, ele ia mostrando trechos da obra a seus amigos Joaquim Nabuco e Machado de Assis e colhendo opiniões.
Foi precocemente eleito membro fundador da Academia Brasileira de Letras, no ano de sua fundação (1897), sem ter publicado nenhum livro. Ocupou a cadeira n.º 38, cujo patrono foi Tobias Barreto.
Carreira diplomática
Entre 1900 e 1920, Graça Aranha desempenhou, junto ao Itamaraty, várias missões diplomáticas. Percorreu alguns países como representante do Brasil durante 20 anos de sua carreira diplomática. Esteve na Inglaterra, Itália, Suíça, Noruega, Dinamarca, França e Holanda.
Em 1920, regressou ao Brasil, engajando-se em correntes de pensamento que viria a revolucionar o país com a Semana de Arte Moderna.
Canaã
Em 1902, Graça Aranha lançou o romance Canaã, fruto das impressões colhidas em Porto Cachoeiro, no Espírito Santo, observando o contraste entre a população nativa e os imigrantes alemães.
Na obra, tudo gira em torno de dois imigrantes alemães Milkau e Lentz -, recém chegados ao interior do Espírito Santo (onde trabalhariam como colonos), emitem as suas teorias sobre o papel da imigração, sobre o atraso brasileiro e sobre o próprio sentido da vida.
Lentz acena com ideias colonialistas. O Brasil seria um país sem expressão pela presença dominante das raças mestiças. A tarefa do imigrante consistiria em manifestar a superioridade da raça ariana. Ao nível pessoal, há em Lentz uma nostalgia prussiana: ele crê em um universo dividido em guerreiros seres fortes, com vontade e eticamente puros e a massa, grupo amorfo e incapaz.
Milkau defende a integração do imigrante na realidade brasileira, seja do ponto de vista social, seja do ponto de vista racial (sonha com uma democracia étnica). A isso acrescenta uma filosofia individual baseada em um vago socialismo cristão, no qual imperam as ideias de amor, solidariedade e piedade.
Um mundo de paz e harmonia, eis o seu projeto, colocado visionariamente no futuro do Brasil, terra prometida, Canaã. Mesmo Lentz, no final da obra, acaba por se mostrar humano e generoso, o que implica uma adesão às teses de seu compatriota.
À semelhança dos "Sertões" de Euclides da Cunha, Canaã agitou os círculos letrados do país, quando de sua publicação. Tratava-se de um tipo de romance desconhecido no Brasil: o romance ensaio, ou o romance de tese.
Pré-Modernismo
O Pré-Modernismo abrangeu o período literário compreendido entre a publicação do romance Canaã, de Graça Aranha, em 1902, e a realização da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, em 1922.
Graça Aranha foi uma das personalidades que trabalhou muitas ideias do movimento modernista antes dele se concretizar.
Como época de transição que foi, no Pré-Modernismo coexistiram tendências conservadoras, com tendências renovadoras. O nacionalismo pré-modernista teve Graça Aranha como seu ponto de partida. Autores como Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro Lobato e Coelho Neto já representavam um momento de transição.
Participação na Semana de Arte Moderna
Em 1920, Graça Aranha regressou ao Brasil. Convencido de que a literatura brasileira precisava mudar, passou então a integrar o movimento que revolucionou o país A Semana de Arte Moderna. A rigor, foi o único intelectual da velha guarda que apoiou o movimento.
Foi Graça Aranha que indicou o caminho do dinheiro aos intelectuais que queriam fazer um evento para divulgar as artes e teorias modernistas (a ideia do evento partiu do pintor Di Cavalcanti).
Um dos patrocinadores do evento foi o cafeicultor paulista Paulo Prado, incentivador da arte. A ele e outros patrocinadores, coube pagar a semana de aluguel do Teatro Municipal, além de arcar com os custos de deslocamentos dos artistas e do transporte das obras de outros estados.
Graça Aranha, o chefe oficial da Semana de Arte Moderna de 1922, entrou no palco do Teatro Municipal com o discurso: A Emoção Estética na Arte Moderna, ilustrada por poemas declamados por Guilherme de Almeida e Ronaldo de Carvalho, com música executada por Ernani Braga no piano.
Graça Aranha criticou duramente a Academia Brasileira de Letras por seu conservadorismo, causando reações na plateia (vaias, protestos). Rompeu com a Academia Brasileira de Letras, em 1924, porque os acadêmicos não haviam aceito as tendências modernistas.
De espírito sempre muito combativo, aderiu, em 1930, à Revolução de Outubro, a qual colocou Getúlio Vargas no poder.
Graça Aranha faleceu no Rio de Janeiro, no dia 26 de janeiro de 1931.
Obras de Graça Aranha
- Canaã, romance, 1902
- Malazarte, teatro, 1911
- A Estética da Vida, ensaio, 1921
- O Espírito Moderno, ensaio, 1925
- Futurismo, manifesto, 1927,
- A Viagem Maravilhosa, romance, 1927
- O Meu Próprio Romance, memórias, 1931
- O Manifesto dos Mundos Sociais, 1935
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