Gottfried Leibniz

Filósofo e matemático
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Gottfried Leibniz

Gottfried Leibniz (1646-1716) foi um filósofo e matemático alemão. Estudioso do cálculo integral e do cálculo binário, que seria futuramente importante para o estabelecimento dos programas de computadores. Criador da teoria das Mônadas - unidades primárias do universo que compõem todos os corpos.

Gottfried Wilhelm Leibniz nasceu em Leipzig, Alemanha, no dia 1 de julho de 1646. Filho de um professor luterano, ficou órfão de pai cedo e foi criado pela mãe, que lhe transmitiu rígidos valores religiosos.

Formação

Leibniz entrou na escola Nicolau com apenas sete anos. Estudou latim e grego e adquiriu conhecimento de forma autodidata.

Aos 14 anos, entrou precocemente na Universidade de Leipzig e familiarizou-se com o melhor da filosofia e da ciência, da metafísica de Aristóteles à dos empiristas ingleses, do racionalismo de René Descartes, aos trabalhos de Campanella, Johannes Kepler e Galileu Galilei.

Graduou-se em filosofia com a tese “Meditação Sobre o Princípio da Individuação”, quando apresentou o conceito de “Mônadas” - unidades primárias do universo. Em 1663, recebeu o grau de mestre em filosofia. Em 1666, publicou sua tese “Dissertação Sobre a Arte Combinatória”. Em 1666 doutorou-se em direito na Universidade de Atdorf, Nuremberg.

Leibniz participou da Sociedade Alquímica de Nuremberg, quando conheceu o Barão Johann Christian von Boineburg. Dedicou-se a trabalhar com diplomacia, tendo como objetivo estabelecer a paz interna entre o Sacro Império Romano Germânico. Esboçou uma ideia que se baseava na junção entre o catolicismo e protestantismo para apaziguar os conflitos existentes na época.

Em Londres, participou da Royal Society e foi eleito membro, depois de exibir a sua invenção - uma máquina de calcular. Desenvolveu o teorema fundamental do cálculo, publicado em 1677 e devidamente aplicado na Europa, embora Isaac Newton já tivesse estudos não publicados sobre o assunto.

Em 1700 ajudou a fundar a Academia de Ciências de Berlim. Estudioso e conhecedor de várias ciências, entre elas história, teoria política, lógica, física e matemática, Leibniz foi acima de tudo um filósofo que buscou integrar as diferentes faculdades da razão.

Racionalismo de Leibniz

Seu racionalismo, muito difundido na Alemanha do século XVII, tornou-se a filosofia mais estudada e influente da época.

Com o nome de “Racionalismo de Leibniz-Wolff”, firmou-se sobretudo depois de Immanuel Kant. O sistema admitia, porém, elementos do irracional e o conceito de subconsciente.

A concepção do universo como um “plenum” contínuo baseia-se nos dois princípios fundamentais do racionalismo: “o princípio da razão suficiente e o princípio da perfeição.

O princípio da razão suficiente está relacionado com o princípio da contradição, aplica-se às essências possíveis, e explica por que só os possíveis não contraditórios existem de fato, já que todo possível se caracteriza por sua aspiração de existir.

O princípio da perfeição explica por que o atual mundo existe, é o melhor de todos os mundos possíveis e o mais perfeito. O filósofo Voltaire satirizou o otimismo de Leibniz na obra Cândido (1758).

Leibniz acreditava ser possível explicar racionalmente o mundo sem rejeitar as concepções cristãs sobre Deus e a criação do homem. Para superar o abismo cartesiano entre o corpo e o espírito, afirmou que toda a realidade material se compõe de “mônadas” – partículas metafísicas invisíveis, de natureza espiritual, regidas por uma harmonia preestabelecida e guiada por inteligência divina.

O sistema metafísico de Leibniz, que pretendia conciliar ciência, filosofia e teologia, foi publicado em três textos: “Discursos da Metafísica” (1686), “Monadologia e Princípios da Natureza Humana” (1714) e “Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano” (redigidos em 1714 e só publicados em 1765).

Calculo Infinitesimal

Nos estudos matemáticos que levaram Leibniz à descoberta do “cálculo infinitesimal”, como em outras áreas, seu método era a análise do infinito. Baseava-se no “princípio da continuidade, pelo qual algo só pode passar de um estado para outro mediante um número infinito de intermediários.”

Segundo ele, as ideias de continuidade e plenitude (impossibilidade do vazio) estão ligadas no mecanismo dinâmico, com destaque para as noções de força e de “conatus” – criada por Thomas Hobbes e entendida como movimento infinitamente pequeno.

A concepção do universo como um “plenum” contínuo baseia-se nos dois princípios fundamentais do racionalismo

Gottfried Leibniz faleceu em Hannover, Alemanha, no dia 14 de novembro de 1716. Morreu solitário, vítima de uma crise de gota, longe da aristocracia com a qual viveu boa parte da vida.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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