Alan Turing

Matemático inglês
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Alan Turing

Alan Turing (1912-1954) foi um matemático britânico, pioneiro da computação e considerado hoje o pai da ciência computacional e da inteligência artificial.

Turing liderou um grupo de matemáticos e criptógrafos que decifraram os códigos que os alemães utilizavam para enviar mensagens aos submarinos durante a Segunda Guerra Mundial.

Alan Mathison Turing, conhecido como Alan Turing, nasceu em Paddington, Londres, Inglaterra, no dia 23 de junho de 1912. Filho de Ethel Sara Stoney e de Julius Mathison, membro britânico do Serviço Civil Indiano.

Formação

Turing estudou na Hazlehurst Preparatory School. Com 14 anos ingressou na tradicional Sherbourne School e desde cedo mostrou sua privilegiada inteligência e o interesse pelas ciências e pela lógica. Com 15 anos já resolvia problemas matemáticos complexos sem ainda ter estudado cálculo.

Com 16 anos conheceu Christopher Morcom, um aluno da escola por quem sentiu atração, descobrindo-se homossexual. Os dois trabalharam juntos em experiências científicas, mas em fevereiro de 1930, Marcom morreu repentinamente.

Com 19 anos, Turing foi admitido no King’s College de Cambridge, onde se graduou em matemática, com honras, em 1934. No ano seguinte, frequentou o curso de Max Newman sobre os fundamentos da matemática.

Em 1936, Turing ingressou no curso de graduação da Universidade de Princeton, quando publicou diversos trabalhos sob a supervisão de Church. Em 1938 obteve seu PhD e retornou para a Inglaterra.

Invenção de Alan Turing

Um dos trabalhos de Turing foi “On Computable Numbers” (1936), com uma aplicação ao Entscheidungsproblem (um problema da lógica simbólica que consiste em achar um algoritmo genérico para determinar se um dado enunciado da lógica de primeira ordem pode ser provado).

Em seu artigo revolucionário que inaugurava os fundamentos da computação, Turing concluiu que seria possível criar uma máquina automatizada que materializasse fisicamente a lógica humana e solucionasse qualquer cálculo representado no formato de um algoritmo.

Surgiram aí as raízes do primeiro computador: um sistema que, sozinho, realizaria tarefas determinadas pelo programa com o qual ele está equipado. A agora chamada de “Máquina de Turing” se tornou um protótipo dos computadores modernos.

Carreira profissional

As ideias avançadas de Turing chamaram a atenção do Governmente Code and Cypher School (GC&CS), o centro britânico de criptoanálise, e em 1938, logo após seu retorno para a Inglaterra, Turing foi contratado para ajudá-los em seu trabalho de decifrar os códigos alemães da Enigma - a famosa máquina que os alemães utilizavam para enviar mensagens aos submarinos.

Aliada dos Estados Unidos, a Inglaterra vinha tentando quebrar esses códigos, mas acabaram considerando-os praticamente indecifráveis.

A Inglaterra dependia cada vez mais dos navios que transportavam suprimentos pelo Atlântico Norte, e os ataques dos submarinos alemães causavam grandes estragos nessas frotas.

Em 1938, com os conflitos bélicos já declarados na Europa, Turing seria a esperança do governo da Inglaterra para trabalhar na sigilosa seção de quebra de códigos. Foi designado para chefiar uma equipe denominada Hut 8.

Os matemáticos descobriram que não havia apenas um código da “Enigma” – a máquina que começou a ser desenvolvida na década de 1920 e foi melhorada nos anos seguintes – e sim uma série de dispositivos portáteis de criptografia que substituíam todas as letras de uma mensagem e a configuração que determinava as substituições era trocada a cada 24 horas.

Quando a guerra foi declarada em 1939, Turing imediatamente passou a trabalhar em tempo integral na Government Code and Cypher School em uma base secreta situada na cidade vizinha de Bletchley Park. 

Dessa maneira, Turing e seus comandados reuniram os conhecimentos já alcançados por outro matemático de Cambridge, Gordon Welchman, para criar uma nova e mais poderosa máquina eletromecânica.

Em 1941, batizada de “The Bombe”, a máquina se tornou uma ferramenta vital para decifrar as mensagens usadas pelos nazistas e assim ajudar e Inglaterra a se preparar contra os diversos ataques nazista durante a Segunda Guerra Mundial, dando assim aos aliados uma vantagem que permitiu derrotar mais depressa a Alemanha.

Em 1945, Turing foi condecorado com a “Ordem do Império Britânico” (OBE) por seus serviços prestados na guerra. Na época, seu verdadeiro papel durante o confronto não pôde ser revelado e permaneceu em segredo por mais de três décadas.

Depois da guerra, Turing assumiu uma cadeira na Universidade de Manchester e trabalhou no Laboratório Nacional de Física do Reino Unido, onde pesquisou e trabalhou no projeto para o programa de armazenamento de dados, o ACE.

Criou o Manchester 1, o primeiro computador com as diretrizes parecidas com as de hoje. Interessou-se também por química, quando passou um período trabalhando nos laboratórios da Bell, nos Estados Unidos.

Alan Turing foi homenageado com uma placa no memorial situado no espaço público de Sakville Park, na cidade de Manchester, Inglaterra.

Alan Turing

Morte

Em 1952, Alan Turing teve sua carreira abalada quando foi acusado de praticar “atos homossexuais” – um crime segundo as leis inglesas da época. Declarado culpado, poderia deixar de cumprir a pena caso aceitasse adotar um tratamento para “seu problema”: a castração química. O britânico recusou a prisão e se submeteu a injeções de estrogênio.

Com seu prestígio relegado, Turing foi impedido de continuar contribuindo com as atividades do governo e viu todos os seus privilégios de segurança concedidos após a Guerra serem cancelados.

Alan Turing foi encontrado morto em sua cama. A princípio, acreditou-se que teria sido suicídio pela ingestão de cianeto, mas estudiosos concluíram que o envenenamento não passou de um acidente causado pelo uso de elementos químicos em experimentos caseiros.

Alan Turing faleceu em Wilmslow, Cheshire, Inglaterra, no dia 7 de junho de 1954.

Uma campanha de perdão ao matemático começou na internet, exigindo um pedido póstumo por parte do governo britânico. Em 2009, o então primeiro-ministro inglês Gordon Brown, se desculpou em nome do governo e no dia 24 de dezembro de 2013, Turing foi perdoado postumamente da condenação por prática homossexual pela rainha Elizabeth II.

Filme

Em 2014 foi lançado o filme “O Jogo da imitação”, do diretor Morten Tyldum e estrelado por Benedict Cumberbatch. Segundo o roteirista, o intuito era ser uma versão que retratasse a história de Alan Turing de uma forma emocional e cinematográfica e não um relato preciso da história.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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