Alberto Caeiro

Heterônimo do poeta Fernando Pessoa
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Alberto Caeiro

Alberto Caeiro é um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa. O poeta foi vários poetas ao mesmo tempo, além de Alberto Caeiro, foi também Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernardo Soares.

Tendo sido “plural”, como se definiu Fernando Pessoa, criou personalidades próprias para os vários poetas que conviviam nele, Assim, para cada um deles criou uma biografia e um traço diferente de personalidade.

Alberto Caeiro da Silva nasceu em Lisboa no dia 16 de abril de 1889. Órfão de pai e de mãe, "só teve instrução primária" e viveu quase toda a vida no campo, sob a proteção de uma tia.

Características

Alberto Caeiro é um poeta voltado para a simplicidade e as coisas puras. Viveu em contato com a natureza, extraindo dela os valores ingênuos com os quais alimentava a alma. É um poeta bucólico, dá importância às sensações, registrando-as sem a mediação do pensamento.

Caeiro é um poeta das sensações puras, naturalista e cético, hostil às regras métricas e ao "vício de pensar": "O que penso eu do mundo?/ Sei lá o que penso eu do mundo!/ Se eu adoecesse pensaria nisso".

Alberto Caeiro é o lírico que restaura o mundo em ruínas. Para Caeiro, “tudo é como é”, tudo “é assim porque assim é”, o poeta reduz tudo à objetividade, sem qualquer necessidade de pensar. Morreu tuberculoso em 1915.

Poema de Alberto Caeiro

Fernando Pessoa inventou o poeta Alberto Caeiro quando escreveu o longo poema “O Guardador de Rebanhos” que mostra a forma simples e natural de sentir do poeta:

Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.(...)

Disse Fernando Pessoa: "Com a invenção de caeiro, surgiu uma afirmação paradoxal: Senti que havia nascido em mim o meu mestre." E logo depois nasceram os outros discípulos desse mestre: o classicista Ricardo Reis e o poeta moderno Álvaro de Campos.

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Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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