Tobias Barreto
Biografia de Tobias Barreto
Tobias Barreto (1839-1889) foi um filósofo, escritor e jurista brasileiro. Foi o líder do movimento intelectual, poético, crítico, filosófico e jurídico, conhecido como Escola do Recife, que agitou a Faculdade de Direito do Recife nas últimas décadas do século XIX. É o patrono da cadeira n.º 38 da Academia Brasileira de Letras.
Infância e Formação
Tobias Barreto de Meneses nasceu na Vila de Campos do Rio Real, hoje Tobias Barreto, no estado de Sergipe, no dia 7 de junho de 1839. Filho do escrivão Pedro Barreto de Menezes e de Emerenciana Barreto de Menezes iniciou os estudos em sua cidade natal.
Em 1851 mudou-se para a cidade de Estância, onde aprendeu latim com o padre Domingos Quirino. A partir de 1854 passou a dar aulas particulares de diversas matérias. Em 1857 foi nomeado para lecionar latim na vila de Itabaiana.
Em 1861, Tobias foi morar na Bahia e ingressou em um seminário, mas não se adaptou. Mudou-se para uma república de amigos em Salvador. Estudou filosofia e matérias preparatórias para o ingresso na universidade. Quando o dinheiro acabou, voltou para Vila de Campos.
Em 1864, Tobias mudou-se para a cidade do Recife e ingressou na Faculdade de Direito. O ambiente na cidade era muito intelectualizado e dominado pelos estudantes do curso jurídico. Entre os alunos estavam Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e Castro Alves, com quem trocou desafios poéticos.
Em 1865, Tobias Barreto se submeteu ao concurso para lecionar latim no Ginásio Pernambucano, porém ficou em segundo lugar. Em 1867 concorreu para a vaga de professor de filosofia no mesmo Ginásio, foi classificado, mas não foi o escolhido.
Tobias Barreto procurava esquecer sua origem humilde, mas era mestiço e se achava descriminado pela cor da pele. Tentou casar com Leocádia Cavalcanti, mas não foi aceito pela família aristocrática da moça. Apaixonou-se por Adelaide do Amaral, artista portuguesa e casada, para quem declamava versos cheios de amor.
A Faculdade do Recife viveu tempos gloriosos sob a influência de Tobias Barreto, que junto com outros alunos, liderou um movimento sociocultural denominado Escola do Recife.
Nessa época, Tobias Barreto colaborou com os jornais: O Acadêmico, A Luta, A Regeneração, Correio Pernambucano, Diário de Pernambuco e o Jornal do Recife.
Ainda estudante, em 1868, casou-se com a filha do dono de um engenho e proprietários de terras da cidade de Escada, na região açucareira do Recife, e juntos tiveram um filho.
Escola do Recife
A Escola do Recife foi uma corrente do pensamento social, filosófico, literária e jurídica que agitou a Faculdade de Direito do Recife nas últimas décadas do século XIX. Os principais representantes do movimento foram Tobias Barreto e Sílvio Romero.
Entre outras figuras importantes do movimento destacaram-se: Castro Alves, Joaquim Nabuco, Capistrano de Abreu, Martins Júnior e Graça Aranha.
O aspecto comum aos integrantes da Escola era o esforço em elaborar uma teoria da sociedade brasileira a partir da investigação das causas culturais, históricas e políticas do país, e a rejeição à importação de ideias tendências, e instituições incompatíveis com a realidade nacional.
Tobias Barreto foi um vanguardista para a época, tendo suas ideias ultrapassado o seu tempo, pois compreendia a ciência jurídica como o resultado da cultura social dos homens, e o Estado como o grande tutor do Direito.
A sua contribuição filosófica e científica foi de grande importância, uma vez que contestou as linhas gerais do pensamento jurídico dominante e tentou fazer um entrosamento entre a filosofia e o direito, propagando os estudos de Charles Darwin e o positivismo de Haeckel.
Tobias Barreto elaborou estudos sobre as instituições políticas brasileiras, como o Poder Moderador no Império. Estudou a escravidão e defendia o seu fim.
Advogado e Professor
Em 1869, depois de formado em Direito, Tobias Barreto morou no Recife, onde redigia o jornal O Americano. Em 1871 foi morar em Escada, onde se dedicou à advocacia
Foi eleito para a Assembleia Provincial de Escada, montou uma tipografia e editou diversos jornais na cidade. Dedicou vários anos a estudar alemão para poder ler as obras dos ensaístas Ernest Haeckel e Ludwin Buchner. Mais tarde publicou Estudos Alemães.
Em 1881, com 43 anos, retornou ao Recife e, em 1882, passou em um concurso para lecionar na Faculdade de Direito. Hoje a Faculdade é consagrada como "A Casa de Tobias".
O poeta Tobias Barreto
Escrevendo sempre para a imprensa, Tobias Barreto deixou apenas um livro de poesias de feitio romântico-condoreiro, Dias e Noites.
A Terceira Geração Romântica da qual se situa Tobias Barreto, se destacou pela preocupação com os problemas sociais do Brasil. A poesia deixou de ser apenas um lamento sentimental ou uma queixa amorosa, para ser também um grito de protesto político ou de reivindicação social. A campanha pela República e pelo fim da escravidão ganhou as ruas e o poeta procurou ser o porta voz do povo, como no poema A Escravidão.
A Escravidão
Se é Deus quem deixa o mundo
sob o peso que o oprime,
Se ele consente esse crime,
Que se chama a escravidão,
para fazer homens livres,
para arrancá-los do abismo,
Existe um patriotismo
Maior que a Religião.
Se não lhe importa o escravo
Que a seus pés queixas deponha,
Cobrindo assim de vergonha
A face dos anjos seus,
em delírio inefável,
praticando a caridade,
Nesta hora a mocidade
corrige o erro de Deus! ...
Tobias Barreto faleceu no Recife, Pernambuco, no dia 26 de junho de 1889.
Obras de Tobias Barreto
- O Gênio da Humanidade (1866)
- Ensaios e Estudos de Filosofia e Crítica (1875)
- Ensaio de Pré-História da Literatura Alemã (1879)
- Estudos Alemães (1880)
- Dias e Noite (1881)
- Menores e Loucos em Direito Criminal (1884)
- Discursos (1887)
- Questões Vigentes de Filosofia e Direito (1888)
- Polêmicas (1901)
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