Belchior

Belchior (1946-2017) foi um cantor e compositor muito importante para a história da música brasileira. Além de se dedicar à música, foi também poeta e artista plástico.

Um dos primeiros músicos nordestinos da MPB a fazer sucesso internacionalmente, seu auge foi na década de 70. Se destacou por suas letras profundas, tratando temas como solidão, amor, direitos humanos, política e a própria condição humana.

Faleceu em 2017, aos 70 anos.

Primeiros anos e início de carreira

Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, conhecido apenas como Belchior, nasceu em Sobral, no Ceará, em 26 de outubro de 1946.

Belchior veio de uma família onde a arte era valorizada, sua mãe cantava no coral da igreja e ele se inspirava desde a infância em artistas que tocavam no rádio, como Cauby Peixoto e Ângela Maria.

Bem novo já estudava piano na escola e se apresentava em feiras de música. Uma passagem curiosa de sua vida é o período em que esteve por três anos vivendo em uma comunidade de frades em Guaramiranga.

Se muda para Fortaleza na adolescência e lá conhece outros artistas. É lá que inicia sua carreira profissional na música. Mas antes iniciou a faculdade de medicina, curso que não concluiu, abandonando em 1971.

Se une a outros músicos como Fagner, Ednardo, Amelinha, Jorge Mello, Rodger Rogério e Teti. Posteriormente, o grupo ganhou o nome na mídia de "pessoal do Ceará".

No final dos anos 70 se apresentou em festivais musicais pelo nordeste, shows e programas de rádio.

Trajetória na música

Um momento marcante em sua trajetória foi quando se muda para o Rio de Janeiro, em 1971, onde vence o IV Festival Universitário da MPB com a composição Na hora do Almoço.

No ano seguinte vai para São Paulo e compõe músicas para curtas-metragens. Nesse mesmo ano a cantora Elis Regina, que já era reconhecida, grava a canção Mucuripe, composta juntamente com Fagner. A partir de então passa a ficar mais conhecido e se apresenta em diversos locais, como escolas, teatros, penitenciárias e fábricas.

Em 1974 lança seu primeiro álbum, intitulado A palo seco. Dois anos depois, em 1976, presenteia a público com aquela que seria sua obra-prima, o álbum Alucinação. É desse trabalho as famosas canções Velha roupa colorida e Como nossos pais, ambas gravadas também por Elis Regina.

Belchior teve uma carreira intensa, chegando a gravar mais 12 álbuns, totalizando 14 discos em 25 anos de carreira. 

Estilo e importância 

Conhecido por sua autenticidade, o músico criou um estilo único que combinava a MPB (música popular brasileira), o folk rock (com influências de artistas como Bob Dylan), a bossa nova, o baião e o samba.

Sua importância para a cultura brasileira se traduz em diversos aspectos.

Podemos dizer que ele contribuiu para a renovação da música característica da década de 70; suas letras eram profundamente reflexivas e evidenciavam uma sede de liberdade em plena ditadura militar; além disso se tornou uma grande influência para outros nomes da música que vieram posteriormente.

Vida Pessoal

Controvérsias e desaparecimento

A partir de 2008, o artista decidiu se retirar da vida pública. Ele nunca explicou o motivo, mas parou de se apresentar em shows e dar entrevistas. 

Enfrentou processos judiciários e teve os bens bloqueados. Assim, foi para o Rio Grande do Sul, onde viveu em hotéis e casas de fãs. Também morou no Uruguai com a companheira Edna Prometheu.

Em 2009 deu entrevista à Rede Globo, mas em 2012 desapareceu novamente. 

Morte

Faleceu em 2017 aos 70 anos em Santa Cruz do Sul (RS). O motivo da morte foi um aneurisma na veia aorta. Foi sepultado e enterrado em Fortaleza.

*Foto do card: Eliane Kobayakawa