Ludwig van Beethoven

Compositor alemão
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Ludwig van Beethoven

Ludwig van Beethoven (1770-1827) foi um compositor, regente e pianista alemão. A Nona Sinfonia, conhecida também como Sinfonia Coral, por incluir coro em seu quarto movimento, foi a obra que o consagrou em todo o mundo.

Quando estava com 27 anos, Beethoven começou a desenvolver os primeiros sintomas de surdez e aos 48 já estava inteiramente surdo.

Infância de Beethoven

Ludwig van Beethoven nasceu em Bonn, Alemanha, no dia 17 de dezembro de 1770. Neto e filho de músicos, seu pai decidiu conquistar, através do filho, o prestígio que fora incapaz de obter. Com apenas cinco anos de idade começou a estudar cravo, violino e viola e levava tremendas surras a cada pequena distração.

Com sete anos ingressou em uma escola pública, era tristonho e rebelde devido ao desentendimento com o pai, que era alcoólatra. Com oito anos participou de um recital na Academia de Sternengass e foi apresentado pelo pai como um gênio.

A partir de 1781, passou a ter aulas com Christian Gottlied Neefe, organista-mor da corte, que lhe mostrou novos horizontes tocando a música de compositores famosos como Haydn e Mozart. Nessa época começou a aprender piano, instrumento no qual se destacaria mais tarde.

Com apenas onze anos, foi nomeado organista-suplente da corte. Ao mesmo tempo se aperfeiçoava no violino com o mestre Rovantini.

Adolescência

Revelando-se notável virtuose em vários instrumentos, Beethoven tinha apenas 13 anos quando foi nomeado solista de cravo na corte de Bonn.

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Beethoven passou a receber a proteção do Príncipe-Eleitor Max Frannz, governante de um dos trezentos pequenos Estados que formavam o Império da Alemanha.

Nessa época, surgiu sua primeira obra divulgada: “Nove Variações para Piano Sobre uma Marcha de Ernest Christopb Dressler”. Em 1784 escreveu “Três Sonatinas para Piano”.

Em 1787 foi encaminhado para Viena para estudar com Mozart levando uma carta de apresentação do Príncipe. Ao tocar para o compositor ouviu: “É assombroso! Prestem atenção a este rapaz, pois ele ainda fará com que o mundo fale a seu respeito”.

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O primeiro encontro entre Beethoven e Mozart - Biblioteca Nacional Austríaca

Dois meses depois, a doença e morte de sua mãe o levou de volta a Bonn. Logo depois morreu sua irmã. Trabalhando como cravista da corte, ele sustentava a casa. Com 21 anos de idade, Beethoven já desfrutava de prestígio junto à nobreza de Bonn. As famílias mais influentes faziam questão da companhia do músico em suas festas.

Mudança para Viena

Mesmo com um temperamento imprevisível, Beethoven conquistou sólidas amizades. Em 1788, conheceu o conde Ferdinand Ernest von Waldstein, que logo o tomou sob sua proteção.

Graças aos esforços de Waldstein, em 1792, Beethoven deixou sua terra natal para nunca mais voltar. Levava na bagagem uma obra volumosa que permanecia em manuscritos, pois não havia editores em Bonn.

Quando chegou à capital da Áustria, fazia um ano que Mozart falecera. Passou a tomar aulas com Haydn, com quem não se entendeu. Passou a ter aulas com Johann Schenk, sem que Haydn soubesse. Após um ano rompeu com os dois.

Instalado no palácio de Karl Lichnowsky, Beethoven recebia uma pensão e o príncipe desejava que ele se dedicasse inteiramente à música. Toda sexta-feira era dia dos recitais.

Primeira apresentação pública

Só em 1795, com 25 anos, Beethoven pode fazer sua primeira apresentação pública. Na ocasião, executou um concerto para piano, quando foi delirantemente aplaudido. Logo em seguida, uma renomada editora publicou ao “Três Trios para Piano, Violino e violoncelo, Opus 1", dedicado ao príncipe Lichnowsky.

Em 1797, depois de publicar as “Três Sonatas para Piano, Opus 2”, conseguiu a edição de mais um trabalho, “Trio em Bi Bemol, para Violino, Viola e Violoncelo, Opus 3”.

Seu crescente prestígio atraía alunos e convites para recitais, que lhe proporcionavam uma certa folga financeira, o que lhe permitia vestir-se elegantemente e até ser sociável. Beethoven era forte, baixo, circunspecto e tinha o rosto marcado pela varíola. 

A Surdez de Beethoven

Quando tinha 27 anos, Beethoven começou a desenvolver os primeiros sintomas de surdez, porém ele escondeu o problema de praticamente todos. O violonista Karl Amenda foi a primeira pessoa a quem Beethoven confessou o que estava acontecendo. Numa carta escrita em 1798, dizia: “Tenho piorado de minha surdez, e me pergunto o que será dos meus ouvidos”.

Nessa época, apaixonou-se por sua aluna Therese von Brunswick, mas não foi correspondido. Atirou-se com fúria ao trabalho e compôs “Sonata em Dó Menor, para Piano, Opus 13 (1799)", que se tornou conhecida como “Patética”.

Na composição dessa obra prima musical Beethoven aplicara o profundo conhecimento que alcançara na infatigável pesquisa da técnica para piano, após ter abandonado o antiquado cravo.

Em 1801, Beethoven escreveu para o seu médico relatando que estava há alguns anos perdendo a audição. Essa perda progressiva do sentido, que mais usava, se arrastou durante praticamente três décadas, aos 48 já estava surdo.

Alguns pesquisadores suspeitam que a surdez do compositor teria sido consequência da varíola, do tifo ou de uma gripe quase constante que lhe acometeu durante anos.

Porém, esse foi o início do período mais brilhante da carreira de Beethoven, quando produziu as grandes sinfonias que lhe dariam imortalidade. O gênio tinha memória auditiva e era capaz de criar composições na sua cabeça transformando-as, posteriormente, em partitura.

Beethoven criou aproximadamente 200 obras, algumas delas se tornaram clássicos da música ocidental. As principais criações do compositor foram a Nona Sinfonia e a Quinta Sinfonia

Nona Sinfonia

Quando criou a Nona Sinfonia, entre 1822 e 1824, Beethoven já estava surdo. No dia 7 de maio de 1824 fez a primeira apresentação da “Sinfonia n.º 9”, Opus 125, famosa como “Coral”, por incluir coro em seu quarto movimento, sugerido pela Ode à Alegria de Schiller.

Ao fim da apresentação, uma tempestade de aplausos saudou o compositor, que completamente distraído olhava fixamente para a partitura e continuava de costas para a plateia, como era habitual. Foi Karoline Unger, contralto solista, que virou o compositor de modo a que ele pudesse ver a reação do público.

Beethoven estava muito à frente do seu tempo, pois até então as composições desse tipo contavam apenas com a presença de instrumentos.

Os quatro solistas, além do coro, participam na parte final da Nona Sinfonia inspirada nos versos de Ode à Alegria, escrita por Friedrich Schiller em 1785. A “Nona Sinfonia”, que foi a última das suas sinfonias, também é especialmente lembrada porque nela o compositor se aproxima do povo, provocando um sentimento de união e unidade.

O manuscrito original da Nona Sinfonia, praticamente integral, que contém mais de 200 páginas, faz parte do acervo do Departamento de Música da Biblioteca Estatal de Berlin, ao lado de outras obras-primas de Mozart e Bach. No manuscrito faltam apenas duas partes: uma delas (duas páginas) está em Bonn, na Casa de Beethoven, e outra parte (três páginas) se encontra na Biblioteca Nacional em Paris.

Ode à Alegria

A “Ode à Alegria”, também conhecida como “Hino à Alegria” (no original Ode An die Freude), se encontra na parte final da Nona Sinfonia de Beethoven e louva a humanidade, que passa a se encontrar novamente reunida e em estado de contentamento.

O desejo de celebrar a fraternidade e a igualdade entre os homens já acompanhava Beethoven há bastante tempo, desde que o compositor teve um maior contato com os valores pregados durante a Revolução Francesa.

A parte instrumental da Ode à Alegria - apenas a melodia criada por Beethoven a partir dos versos do poema An die Freude, do alemão Friedrich Schiller (1759-1805), se transformou em 1985 no hino oficial da União Europeia.  Com o passar do tempo, a composição se tornou um símbolo de paz e comunhão entre os povos. A criação possui um célebre verso que anuncia que “todos os homens se tornam irmãos”.

Quinta Sinfonia

Antes da Nona Sinfonia, Beethoven começou a trabalhar na sua "Quinta Sinfonia", em 1804, mas só se dedicou mesmo a ela em 1807, tendo concluído o projeto no ano seguinte.

A primeira vez que a Quinta Sinfonia foi tocada foi no dia 22 de dezembro de 1808, no Theater an der Wien, em Viena, tendo sido regida pelo próprio Beethoven, que também executou a "Sexta Sinfonia" entre outras peças suas. Naquela noite de inverno, o público assistiu, durante quatro horas, as composições exclusivamente produzidas por Beethoven e paticamente desconhecidas.

A Quinta Sinfonia era dedicada ao conde Razumovsky e ao príncipe Lobkowitz. Uma composição fora do seu tempo, a Sinfonia que era muito moderna para a ocasião em que foi apresentada, e se tornou no século XX a composição mais famosa do mundo ocidental. 

Últimos anos de Beethoven

Em 1815, a surdez de Beethoven se agravou muito e ele mantinha "cadernos de conversa" para o diálogo com os amigos.

Em 1824, envelhecido e doente, o compositor já não se empolgava com o êxito e a repercussão de sua música. Da Inglaterra, editores lhe encomendavam composições.

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Luís XVIII, rei da França, enviou-lhe uma medalha de ouro cunhada com o seu nome, como tributo pela beleza da “Missa Solene em Ré Maior, Opus 123”.

Morte

Um inverno severo castigava a Áustria no ano de 1827. Cansado pelos longos anos de atividade intensa, Beethoven foi atacado por uma pneumonia. Surgiram ainda complicações hepáticas e intestinais.

Ludwig van Beethoven morreu em Viena, Áustria, aos cinquenta e seis anos, no dia 26 de março de 1827.

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A causa da morte do compositor ainda é um mistério, as principais suspeitas recaem sobre a tese de um envenenamento (intoxicação por chumbo) e um desgaste natural do corpo pela cirrose.

Outras composições de Beethoven:

  • Três Sonatas para Piano, Opus 2 (1797)
  • Trio em Mi Bemol, para Violino, Viola e Violoncelo, Opus 3 (1797)
  • Serenata em Ré, para Violino, Viola e Violoncelo, Opus 8 (1798)
  • Três Sonatas para Piano e Violino, Opus 12 (1799)
  • Sonata em Dó Menor para Piano, Opus 13 (1799) (Sonata Patética)
  • Duas Sonatas para Piano, Opus 14
  • Septeto em Mi Bemol, Opus 20 (1800) (Dedicado à Imperatriz Maria Teresa da Áustria)
  • Sinfonia n.º 1 em Dó Maior, Opus 21 (1800)
  • Concerto n.º 3, em Dó Menor, para Piano e Orquestra, Opus 37 (1800) (Dedicado ao Rei Luís Fernando da Prússia)
  • Sonata Quase uma Fantasia, Opus 27 n.º 2 (Sonata ao Luar)
  • Sinfonia n.º 2 em Ré Maior, Opus 36
  • Sinfonia n.º 3 em Mi Bemol Maior, Opus 55 (1805) (Heroica) (Título original “Sinfonia Grande – Titolata Bonaparte” (Ao saber que Napoleão se fizera imperador dos franceses, trocou o título para “Sinfonia Heróica”)
  • Ópera Fidelio (1805)
  • Sonata em Fá Menor para Piano, Opus 57 (1808) (Appassionata) (Representou o rompimento dos últimos elos que o ligavam ao classicismo e a adoção da linguagem emotiva que caracterizou a época romântica)
  • Concerto n.º 5, para Piano e Orquestra, Opus 73 (1809) (Imperador)
  • Bagatela para piano (Für Elise) (1810)
  • Sinfonias n.º 7 e n.º 8 (1812)
  • Sonatas para Piano, Opus 106, 109, 110 e 111 (1822)
  • Missa Solene em Ré Maior, Opus 123 (1823)
  • Quartetos para Cordas, Opus 127, 130, 131, 132 e 135 (1825) (suas últimas composições)

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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