Benedita da Silva
Biografia de Benedita da Silva
Benedita Souza da Silva Sampaio (também conhecida como Bené) é uma política ativista do movimento negro e feminista que ocupou uma série de cargos públicos importantes. Fundadora do PT, Benedita foi a primeira senadora negra do país e a primeira vereadora negra da Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
A política nasceu no dia 26 de abril de 1942 no Rio de Janeiro.
A primeira mulher negra na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro
Vencedora da eleição de 1982, Benedita da Silva, lutando contra o racismo e as discriminações sociais e de gênero, conquistou dois marcos importantes com o slogan negra, mulher e favelada.
No princípio dos anos oitenta ela se tornou a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Câmara de Vereadores da sua cidade natal e virou a primeira vereadora eleita do PT.
A reeleição para um segundo mandato, que começou em 1986, foi uma legitimação do trabalho feito especialmente em defesa da mulher, da igualdade racial e social.
A primeira senadora negra do Brasil
Foi na eleição de outubro de 1994 que Benedita concorreu ao Senado pelo Estado do Rio de Janeiro. Nas urnas, obteve o primeiro lugar com 22,7% dos votos.
Durante o tempo que esteve no senado, Benedita defendeu especialmente os direitos humanos, dando especial atenção aos grupos sociais menos favorecidos economicamente.
Em agosto de 1996, a sua carreira passou por um marco importante: Benedita viu a sua proposta para regulamentar o trabalho dos empregados domésticos ser aprovado.
O projeto de Benedita garantiu que esses trabalhadores tivessem acesso, por exemplo, ao seguro-desemprego e ao FGTS. Também fixou o tempo de trabalho em 8 horas diárias e 44 semanais (com direito a pagamento de horas extras e adicionais noturnos, caso existissem). O seu desejo era que os trabalhadores domésticos tivessem os mesmos direitos constitucionais que os restantes trabalhadores.
A primeira mulher a ocupar o cargo de Governadora do Estado do Rio de Janeiro
Em 2002, Benedita, que até então era vice, governou o Estado do Rio de Janeiro depois de, em abril, o então governador Antony Garotinho renunciar ao cargo. Para assumir o posto político, Benedita precisou renunciar a sua cadeira no senado.
Ao ser empossada, a política se tornou a primeira mulher a governar o Estado do Rio de Janeiro.
Durante o período em que esteve a frente do cargo, aplicou a regra de que o primeiro escalão do governo estadual devia ser ocupado 20% por negros. Também implantou a lei de cotas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Anos mais tarde, voltou ao governo do Estado do Rio de Janeiro onde ocupou o cargo de Secretária de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos entre 2007 e 2010.
Benedita foi também Ministra durante o primeiro governo Lula
Benedita se tornou Ministra de Estado da Secretaria Especial da Assistência e Promoção Social entre 2003 e 2004, durante o primeiro mandato do presidente Lula.
Lula já era seu parceiro político de longa data, os dois estiveram juntos desde a fundação do PT.
Cinco vezes eleita deputada federal pelo Rio de Janeiro
Benedita da Silva se elegeu deputada federal por cinco mandatos na sua cidade natal, foram eles: 1987-1991, 1991-1995, 2011-2015, 2015-2019 e 2019-2023.
Na eleição de 1990, Benedita foi a candidata mais votada do PT fluminense tendo tido mais de 53 mil votos. Durante os seus mandatos procurou defender os direitos dos trabalhadores, fortalecer o SUS, promover a igualdade racial e de gênero especialmente ativa na defesa das minorias.
Tentou se eleger para a prefeitura do Rio de Janeiro em duas ocasiões
Em 1992, Benedita se candidatou ao cargo de prefeita do Rio de Janeiro e obteve 32,94% dos votos, tendo sido a candidata mais votada no primeiro turno. No segundo turno, perdeu para o deputado federal César Maia, que teve 51,89% dos votos contra 48,11%.
Em 2020, Benedita da Silva entrou na corrida para a prefeitura do Rio de Janeiro e concorreu com oponentes de peso como Marcelo Crivella (então prefeito que tentava a recandidatura) e Eduardo Paes (que foi prefeito da cidade durante dois mandatos no passado). Nessa ocasião, Benedita da Silva não foi para o segundo turno tendo ficado em quarto lugar com 11,27% dos votos.
Foi fundadora do PT
Benedita da Silva ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores em 1979.
Foi através do partido que se elegeu pela primeira vez em 1982 para o cargo de vereadora, Benedita foi, aliás, a primeira vereadora do PT eleita.
Ao longo de toda a carreira Benedita permaneceu no mesmo partido. Nos últimos anos tem se esforçado para renovar a base com novos militantes.
A origem humilde
O pai de Benedita, José Tobias de Sousa, era pedreiro, e a mãe, Maria da Conceição de Sousa, era lavadeira.
Benedita precisou começar a trabalhar ainda na infância tendo sido empregada doméstica, vendedora ambulante, operária fabril, servente de escola e, mais tarde, auxiliar de enfermagem e professora.
A atuação social dentro da própria comunidade
A política viveu no morro Chapéu Mangueira durante 57 anos, apesar de ter nascido na favela da praia do Leblon.
Foi na Associação de Favelas do Estado do Rio de Janeiro, que começou a dar aula como voluntária para adultos e jovens com o método Paulo Freire na Escolinha Comunitária da Favela Chapéu Mangueira.
No Chapéu Mangueira se tornou líder comunitária e se elegeu Presidente da Associação de Moradores do Morro do Chapéu Mangueira ainda nos anos 70.
Formação acadêmica
Fez os cursos de Serviço Social e Estudos Sociais na Faculdade de Serviço Social do Rio de Janeiro (1980-1984) e se formou aos 40 anos.
Livros publicados
Benedita é autora de cinco livros publicados durante a década de noventa. São eles:
- Violência, extermínio: para onde vão nossas crianças (1992)
- A questão racial e a nova sociedade (1994)
- A situação das crianças e dos adolescentes brasileiros (1995)
- Desafio e perspectivas para o desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro (1996)
- BeneDita (1997)
Vida familiar
O primeiro casamento de Benedita aconteceu quando a jovem tinha apenas 16 anos. Com Nílton Aldano, o marido, teve quatro filhos, dois faleceram ainda recém-nascidos. Em 1972 se tornou evangélica, membro da Assembleia de Deus.
Depois de ficar viúva em 1981, Benedita se casou com Aguinaldo Bezerra dos Santos, um líder comunitário do morro Chapéu Mangueira.
Com o falecimento de Aguinaldo em 1988, Benedita se casou pela terceira vez em 1993 com Antônio Pitanga, que foi vereador também pelo PT (1993-1999) e secretário estadual de Esportes e Lazer (1999).
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