Lucrécia Bórgia

Nobre italiana
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Lucrécia Bórgia

Lucrécia Bórgia, ou Borja (1480-1519) foi uma nobre italiana, o último membro influente da família dos Bórgia.  Apesar de mecenas, a história lhe atribuiu todo tipo de crimes e vícios, até o ponto de ter sido considerada o protótipo da maldade.

Lucrécia Bórgia nasceu em Subiaco, Itália, no dia 18 de abril de 1480. Foi a mais nova dos cinco filhos de Rodrigo de Borja e Doms e de sua amante Vannozza Catanei. Sua família era procedente de Borja, uma região espanhola situada na parte oriental da serra do Monayo, na atual província de Zaragoza, que desde o século XIII se estabeleceu em Valência.

Um de seus antepassados, o bispo Alonso de Borja e Doms, foi para Roma e se converteu em papa com o nome de Calixto III, desde então, passou a praticar o nepotismo que teve seu principal beneficiário o seu sobrinho Rodrigo, posteriormente pai de Lucrécia, que foi sagrado cardeal em 1456, com 25 anos de idade.

Com 27 anos, Rodrigo tornou-se bispo de Valência, o mais rico bispado da Espanha. Em 1458, com a morte do papa Calixto, Rodrigo de Borja se valeu da fortuna deixada pelo tio para em 1492 se tornar papa, com o nome de Alexandre VI.

Infância e juventude

Filha de uma das mais poderosas personalidades da Igreja, Lucrécia e seus irmãos foram retirados da companhia da mãe para que recebessem uma educação à altura de sua família. Foi confiada a uma prima do Cardeal Bórgia, Adriana de Mila.

Lucrécia aprendeu francês e espanhol, assistia representações teatrais em latim, ao ar livre, nos pátios dos grandes palácios romanos. Recebeu a formação de uma jovem princesa do renascimento italiano.

Em 1491, com 11 anos, Lucrécia foi prometida em casamento ao nobre de Valência, Cherubin de Centelles, mas por motivos desconhecidos, a promessa foi cancelada. Logo foi apresenta a outro pretendente, Dom Gasparo de Prócida, filho do conde de Aversa, da aristocracia espanhola de Nápoles.

Em 1493, após a elevação de Rodrigo Bórgia ao trono papal, tornou-se impossível o casamento. A mão de Lucrécia deveria ser dada em penhor de alianças políticas mais importantes.

Casamentos

Desde que se tornara papa, com o nome de Alexandre VI, seu pai se viu obrigado a apoiar a política dos Sforza. No dia 12 de junho de 1493 realizou-se no Vaticano o casamento de Lucrécia com Giovanni Sforza, porque precisava do apoio de Milão.

Em 1497, temendo a ligação do papa com os napolitanos, inimigos de sua família, Giovanni Sforza denunciou as relações incestuosas entre Alexandre VI e Lucrécia, e o casamento foi anulado, a pretexto de não consumação.

Em 1498, os Bórgia promoveram um novo casamento político para Lucrécia, com Alfonso de Aragão, duque de Bisceglie, de 17 anos, filho ilegítimo de Afonso II de Nápoles. Em 1499, a aliança do papa com o rei francês Luís XII esfriou as relações com Nápoles, e seu irmão César Bórgia organizou um atentado contra o duque de Bisceglie. 

O duque, um dos últimos descendentes da casa napolitana de Aragão, foi atacado em plena Praça de São Pedro. Em agosto de 1500, quando se recuperava dos ferimentos, foi estrangulado em seu quarto, no Vaticano. Após a morte do marido, Lucrécia retirou-se para Nepi, com seu filho Rodrigo de Aragão.

Foi nessa época, entre sua viuvez e seu posterior casamento, com apenas vinte anos, que a vida de Lucrécia deu causas para a lenda negra que se criou sobre ela. Durante esse período, se entregou a todos os excessos e orgias no cenário corrompido do Vaticano. Conta-se que deu a luz a um filho fruto de amores incestuosos com seu pai. Posteriormente, todos esses acontecimentos foram negados.

Duquesa de Ferrara

Em 1501, Lucrécia casou-se, pela terceira vez, com Alfonso d’Este, senhor de Ferrara, e tornou-se duquesa de Ferrara, iniciando uma nova fase de sua vida. Juntos tiveram sete filhos. Nesse período, um acontecimento de destaque foi o assassinato do poeta Ercole Strozzi, que o duque mandou matar, por ciúmes, em 1508. 

Embora, durante gerações, toda sorte de calúnias foram ditas sobre Lucrécia, e apesar de ter sido um instrumento nas mãos de seu pai e de seu irmão César Bórgia, que a usavam para fins políticos, depois do terceiro casamento, sua vida foi tranquila e devotada de obras de caridade.

Lucrécia Bórgia faleceu em Ferrara, Itália, no dia 24 de junho de 1519. Affonso d'Este só faleceu em 1534.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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