Maria Martins
Biografia de Maria Martins
Maria Martins (1894-1973) foi uma escultora brasileira que chocou o país com suas figuras sensuais e perturbadoras. Foi apelidada de surrealista dos trópicos e Frida Kahlo brasileira.
Maria de Lourdes Alves Martins nasceu em Campanha, Minas Gerais, no dia 7 de agosto de 1894. Seu pai, Cosmo, foi senador, Ministro da Justiça da Velha República e Membro da Academia Brasileira de Letras. Sua mãe, Fernandina de Faria Alves era pianista.
Maria Martins foi aluna do Colégio Sion em Petrópolis, Rio de Janeiro, onde aprendeu francês. Estudou também música e pintura.
Em 1915, casou-se com o historiador Otávio Tarquino de Souza, autor de obras sobre a fundação do Brasil Império e biógrafo de Dom Pedro I. O casal teve duas filhas, mas apenas uma delas sobreviveu. A relação do casal terminou em 1925.
Carreira no exterior
Em 1926, Maria Martins perdeu o pai, iniciou-se na escultura e casou-se com o diplomata Carlos Martins Pereira e Souza a quem acompanhou em seus deslocamentos profissionais. No governo de Getúlio Vargas, o diplomata foi nomeado embaixador em Compenhague e depois em Tóquio, onde Maria se apaixonou pela cerâmica japonesa.
Em 1936, morando na Bélgica, Maria Martins aperfeiçoou-se na escultura estudando com o escultor belga Oscar Jespers.
Entre 1939 e 1948 o casal viveu em Washington, onde Maria decidiu se dedicar totalmente à escultura. Das 7 da manhã às seis da tarde, se instalava em seu ateliê no sótão da embaixada brasileira.
Maria Martins fez trabalhos de grandes dimensões em madeira, além de prosseguir com a cerâmica. Suas primeiras exposições foram realizadas em instituições públicas na Filadélfia e em Nova Iorque em 1940.
Em 1941, Maria Martins fez sua primeira exposição individual, intitulada Maria, na Corcoran Gallery of Art, em Washington. Na mostra, apresenta esculturas figurativas realistas com temas retirados da cultura brasileira ou temas religiosos usando diversos materiais, como gesso, madeira, terracota e bronze.
Em 1942, Maria alugou um estúdio na Park Avenue em Nova Iorque. Expôs na Valentine Gallery na qual apresentou formas oníricas de inspiração surrealista em bronze. Sua obra São Francisco foi adquirida pelo Museum of Art e Yara foi adquirida pelo Philadelphia Museum of Art.
No ano seguinte, a Valentine Gallery fez outra exposição da artista intitulada Maria: News Sculptures, com oito figuras da Amazônia e acompanhada por um livro escrito pela escultora também chamado Amazônia. Entre elas destaca-se Uirapuru:
Nessa época, a artista conheceu André Breton e Rufino Tamayo, e se tornou parte do círculo de artistas refugiados em Nova Iorque, durante os anos de guerra, que se encontravam no apartamento de Peggy Guggenheim, entre eles estavam Marcel Duchamp, Marc Chagall e Piet Mondrian
Entre 1944, Maria deu início a uma série de peças chamada O Impossível, entre elas, destaca-se Amor Proibido, uma figura masculina e outra feminina que lançam tentáculos de suas cabeças em busca de conexão.
A relação de Maria com Duchamp se intensificou e ela se tornou modelo de diversas obra, entre elas, Étant Donnés. Duas obras de Maria são incluídas na Exposition Internationale du Surréalisme, na Galerie Maeght, em Paris, em 1947.
A inspiração vinda das lendas amazônicas evoluiu para uma mitologia própria e composições imponentes, como However, uma figura feminina de bronze, de quase 3 metros de altura.
Em 1948, Carlos Martins foi nomeado embaixador em Paris. Maria alugou um ateliê na Villa dAlesia, que se torna local de encontro de intelectuais e artistas. Sua primeira exposição individual em Paris foi acompanhada da publicação do livro Les Statues Magiques de Marie, com ensaios de André Breton e Michel Tapié. Na França, Maria teve mais duas filhas.
Retorno ao Brasil
Em 1949, Carlos Martins se aposentou e o casal retornou para o Brasil. No ano seguinte, Maria preparou sua primeira grande exposição no país, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, com 36 esculturas.
Ainda à sombra do modernismo caipira, os críticos e artistas locais viraram o nariz para a filha pródiga que chocou com suas obras obscenas. Mais tarde, renderam-se a ela, especialmente pelo papel de mediadora que exerceu entre os artistas europeus e os museus brasileiros.
Sua última individual foi realizada em 1956, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), instituição que ajudou a fundar.
Em 1959, ela concluiu a grande escultura O Rito do Ritmo, que foi instalada em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília. Outras de suas obras estão instaladas nos jardins do Palácio do Itamaraty.
Em 1960 começou a escrever uma coluna para o jornal Correio da Manhã, chamada Poeiras da Vida, quando entrevistava figuras notáveis da sociedade. Em 1964 ficou viúva. Em 1970 foi convidada para fazer uma escultura para a Catedral de Brasília, mas não chegou a concluir a obra
Características da obra de Maria Martins
Inicialmente Maria Martins esculpiu lendas amazônicas e criou seres inspirados nos cipós tão comuns em florestas tropicais, até evoluir para uma mitologia particular de híbridos, com elementos da natureza mesclados a corpos humanos, quando talhava de forma explícita a sexualidade feminina, com seios aparentes ou serpentes lhe atando o corpo.
Ao de desprender das características, Maria mergulhou em si mesma, incorporando às obras um caráter autobiográfico, atingindo sua melhor fase e a série O Impossível. Foi só no século XXI que Maria alcançou seu lugar de destaque no Brasil. Maria Martins faleceu no Rio de Janeiro, no dia 27 de março de 1973.
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