Ribeiro Couto

Escritor brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Ribeiro Couto

Ribeiro Couto (1898-1963) foi um escritor, jornalista, promotor e diplomata brasileiro. Escreveu poesias, contos, crônicas, ensaios e romances. É autor da obra "Cabocla", que foi adaptada para a televisão.

Rui Esteves Ribeiro de Almeida Couto, conhecido como Ribeira Couto, nasceu em Santos, São Paulo, no dia 12 de março de 1898. Cursou a Escola de Comércio José Bonifácio.

Em 1912 estreou no jornalismo ao ingressar no jornal A Tribuna. Em 1915 mudou-se para a capital para estudar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.

Ao mesmo tempo que cursava Direito, escrevia para o Jornal do Comércio e depois para o Correio Paulistano.

Em 1918 após vencer o concurso literário da revista “A Cigarra” com o poema “Anhangabaú”, mudou-se para o Rio de Janeiro onde concluiu o curso de Direito na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais.

Colaborou com os periódicos “Gazeta de Notícias” e “A Época”. Nesse período iniciou uma amizade com o poeta Manuel Bandeira.

Carreira literária e diplomática

Em 1921, Ribeiro Couto publicou seu primeiro livro de poemas “O Jardim das Confidências”, com a capa ilustrada por Di Cavalcanti.

Em 1922 tomou parte da Semana de Arte Moderna e em seguida foi para Campos do Jordão para se tratar de uma tuberculose.

Ainda em 1922, publicou seus dois primeiros livros de contos: “A Casa do Gato Cinzento” e “O Crime do Estudante Batista”.

Depois de dois anos em Campos do Jordão, foi para São Bento do Sapucaí, onde trabalhou como Delegado de Polícia. Em seguida, foi para São José do Barreiro, onde assumiu o posto de Promotor Público.

Em 1925, ainda doente, Ribeiro Couto foi para Pouso Alto, Minas Gerais, em busca de um clima favorável ao seu tratamento, onde permanece até 1928 exercendo o cargo de Promotor. De volta ao Rio de Janeiro colaborou como redator do Jornal do Brasil.

Em 1928, Ribeiro Couto viajou para Marselha, França, onde assume o cargo de vice-cônsul honorário. Em 1931 foi transferido para Paris como adido junto ao consulado geral.

No dia 28 de março de 1934, Ribeiro Couto foi eleito para a Cadeira n.º 26 da Academia Brasileira de Letras.

Cumprindo suas funções diplomáticas, Ribeiro Couto residiu em vários países, entre eles, Holanda, Portugal e Suíça. Em 1952 foi nomeado embaixador do Brasil na Iugoslávia.

Na época em que Ribeiro Couto trabalhou em Haia, Holanda, manteve contato com o tradutor húngaro Paulo Rónai. A constante troca de cartas entre ambos ajudou Rónai na tradução de textos brasileiros para o magyar, língua oficial da Hungria, o que proporcionou a vinda do tradutor húngaro para o Brasil. No Brasil, ele se casou com a arquiteta Nora Tausz, uma judia, com quem teve duas filhas.

Durante o período em que estava na Europa, Ribeiro Couto procurou divulgar a literatura brasileira. Em 1958 recebeu, em Paris, o Prêmio Internacional de Poesia, outorgado a estrangeiros, com a obra “Le Jour est Long”.

Nessa época, colaborou com o Jornal do Brasil, O Globo e A Província de Pernambuco, com temas sobre literatura e acontecimentos locais.

Cabocla

A obra “Cabocla”, publicado em 1931, é o romance mais famoso do escritor, que posteriormente foi adaptado duas vezes, para a televisão.

No livro, o jovem Jerônimo parte para a Fazenda do Córrego Fundo, em Vila da Mata, no Espírito Santo, propriedade de seus primos, para iniciar o tratamento de uma lesão pulmonar.

O jovem boêmio da cidade grande vai contrariado para o campo, mas logo se apaixona pela vida simples e pela cabocla Zuca, a filha única de Zé da Estação. O amor dos dois é o ponto central do romance.

A poesia “A Chuva”, a seguir, faz parte do livro “O Jardim das Confidências” publicado em 1921.

A Chuva

"A chuva fina molha a paisagem lá fora.
O dia está cinzento e longo... Um longo dia!
Tem-se a vaga impressão de que o dia demora...
E a chuva fina continua, fina e fria,
Continua a cair pela tarde, lá fora.

Da saleta fechada em que estamos os dois,
Vê-se, pela vidraça, a paisagem cinzenta:
A chuva fina continua, fina e lenta...
E nós dois em silêncio, um silêncio que aumenta
Se um de nós vai falar e recua depois...

Dentro de nós existe uma tarde mais fria...

Ah! Para que falar? Como é suave, brando,
O tormento de adivinhar – quem o faria?
As palavras que estão dentro de nós chorando...
Somos como os rosais que, sob a chuva fria,
Estão lá fora no jardim se desfolhando.

Chove dentro de nós... Chove melancolia..."

Ribeiro Couto faleceu em Paris, França, no dia 30 de maio de 1963.

Outras obras de Ribeiro Couto

  • Poemetos de Ternura e Melancolia (1924)
  • Um Homem na Multidão (1926)
  • Baianinha e Outras Mulheres (1927)
  • Canções de Amor (1930)
  • Noroeste e Outros Poemas do Brasil (1932)
  • Prima Belinha (1940)
  • Largo da Matriz (1940)
  • Cancioneiro do Ausente (1943)
  • Entre Mar e Rio (1952)
  • Longe (1961).
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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