Ricardo Brennand

Empresário brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Ricardo Brennand

Ricardo Brennand (1927-2020) foi um empresário brasileiro. Colecionador de arte, fundou o Instituto Ricardo Brennand, um complexo cultural localizado no Recife, que reúne uma pinacoteca, um museu, uma biblioteca, um jardim de esculturas, além de um auditório, um restaurante e a Capela Nossa Senhora das Graças.

O acervo da pinacoteca possui a maior coleção particular de pinturas de Frans Post no mundo. O museu abriga um dos maiores acervos de armas brancas do mundo, com mais de 3 mil peças, entre elas 27 armaduras medievais completas.

Ricardo Coimbra de Almeida Brennand nasceu na região da Usina Santo Inácio, no Cabo de Santo Agostinho, município do litoral Sul de Pernambuco, no dia 27 de maio de 1927. Era filho de Antônio Luiz de Almeida Brennand, descendente de Edward Brennand, que veio para o Brasil, em 1820, proveniente de Manchester, na Inglaterra, e de Dulce Coimbra de Almeida Brennand.

Ricardo passou os primeiros anos de vida na região da Usina Santo Inácio, propriedade dos “Irmãos Brennand”, Antônio (seu pai) e Ricardo (pai de Francisco Brennand). A área tinha uma capela dedicada ao santo espanhol Inácio de Loyola.

Em 1931 sua família mudou-se para o Engenho São João, no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife. Entre 1937 e 1942 estudou no Colégio Marista. Em 1943 ingressou no Colégio Oswaldo Cruz e conheceu Graça Monteiro, sua futura esposa.

Ricardo recebeu aulas particulares de inglês e alemão. Com 18 anos concluiu sua formação básica, serviu ao Exército e ingressou no curso de Engenharia na Universidade Federal de Pernambuco.

Em 1949, depois de formado, Ricardo começou a trabalhar na Usina Santo Inácio, na produção de açúcar e álcool. No dia 28 de maio do mesmo ano, casou-se com Graça Maria Dourado Monteiro. No ano seguinte nasceu o primeiro filho, Ricardo Coimbra de Almeida Brennand Filho.

Ricardo e Graça tiveram mais sete filhos: Antônio Luiz de Almeida Brennand Neto (1951-1998), Catarina Maria Elizabeth Monteiro Brennand (1952), os gêmeos José Jaime e Maria de Lourdes Monteiro Brennand (1954), Renata Monteiro Brennand (1955), Patrícia Monteiro Brennand (1958) e Paula Monteiro Brennand (1960).

Trajetória empresarial

Por muitas décadas, Ricardo comandou a gestão dos negócios ao lado do primo Cornélio. Francisco, outro primo, seguiu o caminho das artes construindo a famosa Oficina de Cerâmica Brennand, na região do antigo engenho São João.

A diversificação dos empreendimentos começou aos poucos, e nos anos 90 já estavam no ramo de produção de cerâmica, aço, cimento e vidro.

Em 1999, Ricardo e Cornélio venderam a fábrica de cimento ao grupo português Cimpor. Foi nessa época que Ricardo começou a planejar o "Instituto Ricardo Brennand". Em 2002, os primos Ricardo e Cornélio divergiram no rumo dos empreendimentos e passaram a atuar em negócios distintos.

Ricardo estreou no mercado de energia, criando o grupo "Brennand Energia". Iniciou com a construção de pequenas centrais hidrelétricas, mas depois passou a construir também parques eólicos.

Em 2009, Ricardo voltou a investir na indústria de cimento. Os primos voltaram a realizar um novo empreendimento com a construção do condomínio "Reserva do Paiva", localizado em uma vasta extensão de terras da família, no litoral da cidade do Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco.

Instituto Ricardo Brennand

Em 1952, Ricardo Brennand viajou com Graça para a Inglaterra, onde começou a adquirir as primeiras peças para sua coleção de armas, iniciada com um canivete que ganhou de seu pai ainda na adolescência.

Em 1999 começou a implantar o Instituto Ricardo Brennand, um espaço cultural sem fins lucrativos, localizado nas terras do antigo Engenho São João, na Várzea, que inicialmente reunia uma Pinacoteca, um Museu e uma Biblioteca.

No dia 14 de setembro de 2002 foi inaugurada a Pinacoteca com a exposição “Albert Eckhout volta ao Brasil: 1644-2002” com 24 telas pertencentes ao Museu Nacional de Copenhagen, da Dinamarca. O evento de gala contou com a presença do príncipe herdeiro da Dinamarca, Frederik.

Em 2003, o Instituto inaugurou a Exposição “Frans Post e o Brasil Holandês”, que contou com a presença da então rainha da Holanda, Beatriz, do príncipe Guilherme Alexandre e da princesa Máxima Zorrequieta. As obras fazem parte do acervo da Pinacoteca.

O Instituto Ricardo Brennand é hoje reconhecido mundialmente. O complexo de edifícios, inspirados no estilo Tudor, reúne a Pinacoteca, o Museu Castelo de São Jorge, uma Biblioteca, um auditório, uma Galeria (para exposições temporárias e eventos), um restaurante e uma Capela.

Ricardo Brennand
Instituto Ricardo Brennand

O museu Castelo São Jorge abriga um amplo acervo de história e arte, como mapas, moedas, tapeçarias, e uma das mais importantes coleções particulares de armas brancas, com mais de 5 mil peças de diversas procedências, como espadas, adagas, armaduras medievais completas, canhões, relógios etc.

A Galeria, inaugurada em 2011, destina-se a exposições itinerantes e eventos sociais. No seu interior, além de esculturas em mármore representando as quatro estações (cópia das existentes nos jardins do Palácio de Versalhes), encontra-se uma réplica em dimensões originais da escultura O Pensador, de Auguste Rodin, autenticada pela Casa Rodin de Paris.

Ricardo Brennand
Instituto Ricardo Brennand - Galeria

A Capela Nossa Senhora das Graças foi inaugurada em 2014 e dispões de 600 metros quadrados, 21 metros de altura, podendo receber até 300 pessoas sentadas. O local é o preferido para casamentos da alta sociedade recifense.

Ricardo Brennand
Capela Nossa Senhora das Graças

Além das edificações, o Instituto é cercado por um Parque de Esculturas com uma área de 18.000 hectares, formado por lagos artificiais e esculturas em grande escala, entre elas uma cópia autorizada de David, de Michelangelo e A Dama e o Cavalo, de Fernando Botero.

Ricardo Brennand
Parque de Esculturas

Com exposições permanentes e temporárias, o Instituto Ricardo Brennand possibilita uma parceria com as escolas públicas e privadas de Pernambuco, promovendo programas educativos, sobretudo a História do Brasil Holandês. O Instituto foi eleito o melhor museu da América do Sul pelo site de viagens TripAdvisor.

Títulos

Ricardo Brennand recebeu inúmeros títulos entre eles:

  • Medalha do Mérito Cidade do Recife, 26 de dezembro de 1968,
  • Honra ao Mérito Industrial – Programa do Trabalhador – Recife, 1980,
  • Diploma do Fórum de Líder Empresarial Gazeta Mercantil, Belo Horizonte, 2002,
  • Menção Honrosa Especial Associação Brasileira de Críticos de Arte, São Paulo, 2003,
  • Medalha XII Salão de Arte e Antiguidade, São Paulo, 2005,
  • Ordem Van Orange – Nassau, Paris, 2005,
  • Medalha de Honra da Inconfidência, Belo Horizonte, 2011,
  • Diploma José Ermínio de Morais, Brasília, Senado Federal, 2012,
  • Medalha Leão do Norte Mérito Cultural Gilberto Freire, Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco, 2019.

Projetos sociais

Ricardo Brennand também se dedicou a vários projetos sociais. Em 2001, com Graça Monteiro, criou a creche Nossa Senhora do Rosário, na Várzea, para atendimento de crianças carentes de 4 meses a 7 anos de idade.

Em 2005, junto com um grupo de empresários pernambucanos, fundou o Instituto de Fígado $ Transplantes de Pernambuco (IFP), instituição sem fins lucrativos destinada ao atendimento dos pacientes do SUS.

Ricardo Brennand era também um incentivador e colaborador do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) e do Hospital de Câncer de Pernambuco.

Morte

Ricardo Brennand faleceu no Real Hospital Português do Recife, no dia 25 de abril de 2020, aos 92 anos, em decorrência da COVID-19. Graça Brennand faleceu no dia 10 de novembro de 2023.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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