Henrik Ibsen

Henrik Ibsen (1828-1906) foi dramaturgo norueguês. Um dos criadores do teatro realista moderno. Criou o "Teatro de ideias".

Henrik Ibsen nasceu na cidade portuária de Skien, Noruega, no dia 20 de março de 1828. Filho de comerciante abastado que faliu quando Henrik era menino, cresceu na pobreza. Foi aprendiz de farmacêutico e estudou sozinho para entrar na Universidade.

Carreira de dramaturgo

Em 1850, sob o pseudônimo de Brynjolf Bjarme, lançou sua primeira peça, Catilina, um drama cheio de rebeldia, inspirada nas revoluções europeias de 1848 e nos escritos do filósofo romano Cícero.

Henrik Ibsen foi também poeta e diretor teatral. Dirigiu o Teatro de Bergen, segunda cidade mais importante do país. Em 1857 assumiu a direção do Teatro Norueguês em Kristiania (atual Oslo), com o objetivo de combater a influência cultural dinamarquesa na Noruega. Em 1858 casou-se com Suzammah Thoresen.

Durante esses anos escreveu várias peças de enredo histórico, romântica e nacionalistas. Não conseguiu impor-se em face das peças semelhantes e mais bem sucedidas do seu rival Bjornson.

Em 1862 causou escândalo com a comédia, em versos, Comédia do Amor, quando zomba as convenções da vida familiar e defende a tese de que um casamento por motivo de dinheiro pode ser mais feliz do que um amor pseudo- romântico.

Com A Matéria de Que se Fazem Reis (1863), traduzida também como "Os Pretendentes da Coroa", um enredo ambientado na história medieval da Noruega, tratando à maneira de Shakespeare, inseriu penetrante estudo psicológico, todo moderno, dos personagens principais.

O grande sucesso da obra e mais uma bolsa estatal permitiram-lhe viajar para a Itália, época em que escreve três peças de crítica áspera ao Romantismo e aos pseudo-ideais da vida escandinava de então.

Fase anti-romântica

Brand (1866) é a mais dramática de sua obras, nela Ibsen apresenta a bancarrota moral e o fim de um homem que quis impor aos outros e a si próprio uma moral intransigente e absoluta.

Peer Gynt (1867), é a maior das três peças, e que sobreviveu até hoje nos palcos. A obra é uma crítica ao homem moderno: conta, na forma de tragicomédia, a trajetória de um aventureiro que abandona seus princípios morais em nome da fama. É um dos poucos grandes poemas dramáticos do século XIX.

A terceira peça A Aliança da Mocidade (1869), é uma sátira aos costumes políticos e eleitorais da Noruega de então, mas revela o domínio perfeito da técnica dramaturga que Ibsen tinha adquirido. A peça causou indignação na Noruega, levando Ibsen retardar a sua volta à Pátria.

Fase realista

Henrik Ibsen fixou residência em Munique, onde escreveu a tragédia histórico-filosófica Imperador e Galileu (1873). Nessa época, vivia isolado e se dedicava à leitura diária e minuciosa dos jornais, o que lhe fornecia os enredos das peças de sua fase realista.

Sua primeira peça realista foi As Colunas da Sociedade (1877), inspirada nas notícias sobre um comerciante rico e de alto prestígio que tirou secretamente lucros do seguro fraudulento de navios em péssimas condições, destinados a naufragar. Nela, o rico e prestigiado cônsul Bernick é desmascarado como criminoso por uma mulher de coragem.

Em 1879, escreveu Uma Casa de Bonecas, que narra a história de Nara, uma mulher que abandona o marido e os filhos para conquistar sua independência pessoal. Foi a primeira peça de Ibsen que conseguiu sucesso internacional, mas também causou escândalo a atitude de Nora que teria agido contra seus deveres de esposa e mãe.

Em resposta às críticas sobre a peça, Ibsen escrevei Espectros (1881), que foi recebida com horror, porque apareceu pela primeira vez um sifilítico condenado a afundar-se na loucura, vítima da hereditariedade de um pai devasso. O autor foi comparado a Émile Zola.

O personagem principal da peça não é o infeliz Osvald, e sim sua mãe Helene Alving, responsável pela tragédia porque não quis abandonar o marido por medo das convenções sociais. A peça foi proibida pela censura de diversos países e Ibsen denunciado como inimigo da sociedade e das leis morais.

Em seguida, escreveu a amarga comédia Um Inimigo do Povo (1882), em que um médico é perseguido por todos, por ter revelado o envenenamento industrial das fontes lucrativas de uma estação de águas.

Porém, o céptico Ibsen não estava certo do valor absoluto de sua própria moral. Na peça O Pato Selvagem (1884) ele entrega o papel do crítico moralista ao charlatanesco Hjalmar Ekdal e termina admitindo o valor vital de certas mentiras.

O Pato Selvagem, que ao lado de Espectro, é considerada a melhor peça de Ibsen, assinala o fim de sua fase realista.

Fase simbolista

Nas peças Rosmersholm (1886) e A Senhora do Mar (1888) aparecem elementos simbólicos, que reforçam o efeito teatral da temática moderna das últimas obras: em Hedda Gabler (1890), a destruição do lar por uma mulher histérica, em Arquiteto Solness (1892), muitas vezes erradamente traduzido como "Construtor Sollness", a necessidade do recuo dos velhos perante à nova geração.

Ibsen foi considerado o maior mestre da peça bem feita à maneira francesa, de irresistível efeito cênico. Mas atrás dos móveis modernos sempre existia, no seu palco, cantos escuros em que se escondiam “espectros” de onde saiam surpresas, muitas vezes desagradáveis.

Em vida, Ibsen foi chamado de “Shakespeare Burguês”, apelido que encerra sua grandeza e suas limitações. Em 1891, Ibsen voltou para sua terra natal.

Henrik Johan Ibsen faleceu em Kristiania, hoje Oslo, Noruega, no dia 23 de maio de 1906.