Jonathan Swift

Escritor irlandês
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Jonathan Swift

Jonathan Swift (1667-1745) foi um escritor, poeta, crítico literário e prosador satírico irlandês. É o autor de As Viagens de Gulliver – obra prima da literatura do século XVII, que mistura viagem, aventura e ficção científica.

Jonathan Swift nasceu em Dublin, Irlanda, no dia 30 de novembro de 1667. Filho de pais protestantes anglo-irlandeses, ficou órfão de pai poucos meses antes de nascer.

Sua mãe foi para a Inglaterra deixando o filho aos cuidados de seu tio Godwin, de cuja incompreensão guardou lembranças amargas. Com seis anos começou seus estudos no Kilkenny Grammar School.

Entre 1682 e 1686 Jonathan foi aluno do Trinity College de Dublin, onde foi mau aluno, mas conseguiu se formar, “por favor especial”, em 1686.

Em 1688, com a morte de seu tio, transferiu-se para Leicester, passando a morar com sua mãe. Em 1689 tornou-se secretário do escritor e diplomata Sir William Temple, em Moor Park, Surrey.

Em Moor Park conheceu Esther Johnson, uma menina de oito anos a quem ele chamava carinhosamente de “Stella”, uma paixão recolhida, e a quem dedicava belos poemas. Segundo diziam, a jovem era filha de Temple com uma ama da casa.

Foi também nessa época que começou a sofrer da doença de Mémière, um distúrbio no ouvido interno que provoca tonturas e náuseas.

Formação

Em 1692, Jonathan Swift graduou-se na Universidade de Oxford. Em 1693 concluiu o doutorado em Teologia na mesma Universidade. Em 1695 foi ordenado sacerdote na Igreja da Irlanda, o ramo irlandês da Igreja Anglicana.

Nesse mesmo ano, Swift voltou para Moor Park e retomou o cargo de secretário de Sir Temple. Com a morte de Temple em 1699, passou por dificuldades financeiras.

Voltou para a Irlanda e tornou-se capelão e secretário do Conde de Berkeley. Em 1700 foi nomeado vigário de Laracor.

Em 1701 participou ativamente da vida política da Inglaterra, de início a favor dos whigs (liberais), mas tarde, se desentende com os liberais e aliou-se aos tories (conservadores), que defendeu no The Examiner Tory, onde trabalhou como editor.

Em 1713 tornou-se deão da catedral de St. Patrik, em Dublin, “um honroso exílio” dizia ele.

Carreira literária

Em 1696 Jonathan Swift começou a escrever o que seria sua grande obra “O Conto do Tonel”, uma sátira em prosa na qual critica os extremos religiosos do catolicismo e do Calvinismo.

Em 1697 escreveu “A Batalha dos Livros”, uma sátira em prosa para defender uma obra de Temple que foi muito criticada. Com a defesa ironiza os conservadores e os liberais.

Em 1701 publicou seu primeiro panfleto político quando tomou partido pelos liberais, e sentiu-se atraído pelo mundo da política.

Admirado e odiado por seus panfletos satíricos, Jonathan Swift conseguiu apoio de editores e publicou “A Batalha dos Livros” e o “Conto de Tonel” em 1704.

Entre 1705 e 1714 fez várias viagens a Londres. Em 1710 conheceu sua segunda grande paixão amorosa, Esther van Homrigh, a Vanessa do poema "Cadenus and Vanessa". 

Entre 1710 e 1713 escreveu uma série de cartas para Esther, que foram publicadas como “O Diário de Stella”.

Swift permaneceu sempre indeciso entre as duas mulheres que morreram na época da publicação de suas obras principais: Vanessa em 1723, e Stella em 1728.

As Viagens de Gulliver

Em 1720 Jonathan Swit começou a trabalhar em sua obra-prima “As Viagens de Gulliver”, uma sátira que mistura literatura de viagem, aventuras e ficção científica.

Publicada em 1726 tornou-se um dos clássicos da literatura universal. Da sátira aos Whigs, recriados nos anões de Lilliput, à inventiva mordaz contra a humanidade em geral, Swift recompõe o mundo de acordo com sua crítica e ácida fantasia.

O grotesco é explorado sob todos os ângulos: na pequenez desprezível dos liliputianos, na ampliação escatológica da miséria física dos gigantes de Brobdingnag, nas diatribes ferozes contra os juristas e contra a arte militar e na idiotice dos intelectuais de Laputa.

Uma Modesta Proposta

Em 1729 publicou anonimamente “Uma Modesta Proposta" - para impedir que as crianças pobres se tornem um peso para seus pais e o país.

Trata-se de uma sátira trágica, de um humor devastador que propunha que as crianças pobres da Irlanda servissem para abastecer como comida o mercado inglês.

Jonathan Swift também se dedicou à poesia, porém pouco chegou à altura da sua qualidade como satírico. Escreveu: “Obras Poéticas de Swift” (1736) e “Versos Sobre a Morte de Doutor Swift, Por Ele Mesmo” (1939).

Características da obra de Swift

Testemunha orgulhosa e ressentida da sociedade inglesa de seu tempo, Swift edificou sua obra literária com muita inteligência e as mais agressivas pedras de indignação. Sensibilidade incomum e várias vezes ferida, submeteu-se, no entanto, a uma implacável vigilância da razão objetiva, da lucidez cortante, de extremo realismo, e a serviço de ua consciência moral severamente honesta. è assim que se torna hostilizado e hostilizador, vítima e carrasco, talvez o maior prosador da língua inglesa e talvez o maior satírico da literatura universal.

Doença e Morte

Defensor do povo irlandês em vários e violentos escritos, em seus últimos anos se viu acometido de sérios distúrbios mentais, agravado em 1742 em uma espécie de apatia mórbida e generalizada. Com um quadro de demência foi considerado mentalmente incapaz. Em 1742 sofreu um derrame que o deixou paralítico.

Jonathan Swift faleceu em Dublin, Irlanda, no dia 19 de outubro de 1745. Foi sepultado na Catedral de St. Patrick.

Frase de Jonathan Swift

  • Nada é constante neste mundo senão a inconstância.
  • Quando um verdadeiro gênio se mostra ao mundo, reconhece-se logo da seguinte maneira: todos os idiotas se juntam e conspiram contra ele.
  • A discussão, da forma como habitualmente é gerida, é o pior desporto da conversa, tal como nos livros é geralmente o pior tipo de leitura.
  • O método estoico de enfrentar as necessidades suprimindo os desejos equivale a cortar os pés para não precisar de sapatos.
  • São poucos os que vivem o presente; a maioria aguarda para viver mais tarde.
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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