Álvaro Lins

Crítico Literário
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Álvaro Lins

Álvaro Lins (1912-1970) foi crítico literário, jornalista, professor, escritor, editor, advogado e diplomata brasileiro. Em 1954 foi eleito para a cadeira n.º 17 da Academia Brasileira de Letras.

Álvaro Lins nasceu em Caruaru, Pernambuco, no dia 14 de dezembro de 1912. Era filho de Pedro Alexandrino Lins e de Francisca de Barros Lins.

Álvaro fez o curso primário em Caruaru e em seguida mudou-se para o Recife onde fez o curso secundário no Colégio Salesiano e no Ginásio Padre Félix.

Formação

Ingressou na Faculdade de Direito do Recife e, ainda estudante, começou a lecionar História da Civilização no Ginásio Padre Felix e no Colégio Nóbrega.

Em 1930, Álvaro Lins já fazia política como presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade. Se destacava por seus conhecimentos e por suas posições ideológicas, inicialmente optou pela direita, filiando-se à Ação Integralista Brasileira.

Em 1932, na abertura do ano letivo, pronunciou a conferência "A Universidade como Escola dos Homens Públicos", que despertou interesse nos círculos intelectuais da capital pernambucana.

Em 1933 passou a colaborar no Diário de Pernambuco, aliando o magistério ao jornalismo e preparando-se para uma forte atuação política. Em 1935, concluiu o curso de Direito.

Atividade política

Ainda em 1935, convite do interventor, e depois governador, Carlos de Lima Cavalcanti, Álvaro assumiu a secretaria de estado do governo de Pernambuco.

Em 1936, seu nome fazia parte da chapa do Partido Social Democrático (PSD) de Pernambuco, fundado por Carlos de Lima Cavalcanti, para disputar uma cadeira à Câmara dos Deputados, pretensão abortada pelo Estado Novo, que fechou o Congresso e suspendeu as eleições de 1937.

Literatura

Em 1939, publicou seu primeiro livro de análise da obra de Eça de Queiroz: "História Literária de Eça de Queirós", que lhe valeu a perda do cargo de professor do Colégio Nóbrega.

Em 1940 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi crítico literário do suplemento do Correio da Manhã. Nessa época, iniciou a edição do seu jornal de Crítica que se estendeu por sete volumes.

Nesta fase já mostrava uma mudança em seu pensamento de escritor, das posições direitistas integralistas para posições mais abertas às conquistas sociais.

Destacou-se pelo combate ao Estado Novo e em favor da redemocratização do país, no momento em que o Brasil mostrava posições contraditórias, combatendo o nazifascismo na Europa, ao mesmo tempo em que coibia as liberdades democráticas no país.

Em 1945 participou do Congresso Brasileiro de Escritores. Foi consultor da Divisão Cultural do Itamarati, quando João Neves da Fontoura foi ministro, presidindo a Associação Brasileira de Escritores, fundada no mesmo ano.

Em 1952, lecionou a disciplina Estudos Brasileiros, na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Lisboa, onde permaneceu até 1953.

Embaixador em Portugal

Em 1954, o Brasil enfrentou uma crise política desencadeada pelo suicídio de Getúlio Vargas. Travou-se uma grande luta no parlamento e na imprensa sobre o direito de Juscelino Kubitschek assumir a presidência da República, para que fora eleito sem maioria absoluta.

Nesse mesmo ano reassume as atividades jornalísticas e a cátedra de Literatura do Colégio Pedro II, caro que exercera como professor interino durante dez anos. Em 1955, foi eleito por unanimidade para a cadeira n.º 17 da Academia Brasileira de Letras.

Álvaro Lins

Com a posse de Juscelino, Álvaro Lins foi nomeado chefe da casa civil do novo governo, mantendo-se no cargo até o fim de 1956, quando foi indicado como embaixador do Brasil em Portugal.

Em 1959, concedeu asilo político ao general Humberto Delgado, ex-candidato à presidência da República portuguesa e Juscelino não deu ao seu embaixador o apoio que ele esperava receber.

Contrariado, Álvaro rompeu com Juscelino e o acusou de ser cúmplice de ditaduras como as de Portugal, Paraguai e República Dominicana.

Professor

Em 1960, de volta ao Brasil, Álvaro Lins retomou sua cátedra de Literatura do Colégio Pedro II. Nesse mesmo ano, publicou "Missão em Portugal", onde historiou todos os episódios de acordo com sua visão.

Em 1963 participou da Campanha pela Paz Mundial ao chefiar a missão brasileira no Congresso Mundial pela Paz, em Moscou.

Entre 1964 a 1970, Álvaro Lins continuou suas atividades de professor no Colégio Pedro II, até falecer.

Álvaro Lins faleceu no Rio de Janeiro, no dia 4 de junho de 1970.

Obras de Álvaro Lins

  • História Literária de Eça de Queirós, 1939
  • Alguns Aspectos da Decadência do Império, 1939
  • Poesia e Personalidade de Antero de Quenta, 1942
  • Palestra sobre José Veríssimo, 1943
  • Notas de Um Diário de Crítica, 1943
  • Rio Branco, 1945
  • No Mundo do Romance Policial, 1947
  • Roteiro Literário do Brasil e de Portugal, 1956
  • Discurso Sobre Camões e Portugal, 1956
  • A Técnica do Romance de Marcel Proust, 1956
  • Missão em Portugal, 1960
  • A Glória de César e o Punhal de Brutus, 1962
  • Os Mortos de Sobrecasaca, 1963
  • Literatura e Vida Literária, 1963
  • O Relógio e o Quadrante, 1964
  • Poesia Moderna no Brasil, 1967
  • O Romance Brasileiro, 1967
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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