Aurélio Buarque de Holanda

Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989) foi um escritor, lexicógrafo e professor brasileiro. É o autor do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, que se tornou conhecido como “O Aurélio”. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras ocupando a cadeira nº 30.

Aurélio Buarque de Holanda Ferreira nasceu em Passo de Camaragibe, Alagoas em 3 de maio de 1910. Era filho do comerciante Manuel Hermelindo Ferreira e de Maria Buarque Cavalcanti Ferreira. Era primo em segundo grau de Chico Buarque de Holanda, pois sua mãe era prima de Sérgio Buarque de Holanda, pai de Chico.

Formação e carreira de professor

Aurélio passou sua infância em Porto das Pedras e estudou as primeiras letras em Maceió. Foi aluno do Liceu Alagoano. Aos 14 anos começou a dar aulas particulares de português. Com 15 anos foi convidado para lecionar português no curso primário do Ginásio Primeiro de Março.

Em 1930, Aurélio fez parte de um grupo de intelectuais que exerciam forte influência no Nordeste brasileiro, entre eles: Valdemar Cavalcanti, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Raul do Rego Lima e Raquel de Queiroz.

Em 1932 ingressou na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se em 1936, porém não exerceu a profissão. Entre 1936 e 1937 lecionou Português, Literatura e Francês no Colégio Estadual de Alagoas. Entre 1937 e 1938 dirigiu a Biblioteca Municipal de Maceió.

Ainda no ano de 1938, Aurélio mudou-se para o Rio de Janeiro, onde lecionou Português e Literatura no Colégio Anglo-Americano, no Colégio Pedro II, na Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e no curso de preparação à carreira diplomática do Instituto Rio Branco.

Contratado pelo Ministério das Relações Exteriores, assumiu a cadeira de Estudos Brasileiros na Universidade Autônoma do México, de junho de 1954 a dezembro de 1955.

Carreira literária

Aurélio Buarque de Holanda publicou diversos contos e crônicas na imprensa do Rio de Janeiro. Traduziu obras de Baudelaire e de Oscar Wilde. Entre 1939 e 1943 foi secretário da Revista do Brasil.

Em 1941 iniciou seu trabalho de lexicógrafo quando foi convidado pra colaborar na elaboração do Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa. No ano seguinte, publicou o livro de contos “Dois Mundos” (1942) que foi premiado dois anos depois pela Academia Brasileira de Letras.

Em 1943 trabalhou no "Dicionário Enciclopédico do Instituto Nacional do Livro". Em 1945, Aurélio tomou parte do I Congresso Brasileiro de Escritores realizado em São Paulo. Nesse mesmo ano, publicou o ensaio “Linguagem e Estilo de Eça de Queirós, e juntamente com Paulo Rónai, lançou o primeiro dos cinco volume da Coleção “Mar de História” uma antologia de contos da literatura universal.

Entre 1947 e 1960 produziu textos para a seção “O Conto da Semana” do suplemento literário do Diário de Notícias. Em 1950 começou a escrever para a revista “Seleções” de Reader’s Digest, na seção “Enriqueça o Seu Vocabulário”. Todos esses artigos foram reunidos e publicados em livro, com o mesmo título, em 1958.

Depois de muitos anos de trabalho, Aurélio publicou seu próprio dicionário “Novo Dicionário da Língua Portuguesa (1975), que ficou conhecido como “Dicionário Aurélio” ou simplesmente “Aurélio”. Em 1977 lançou o “Minidicionário da Língua Portuguesa”. Em 1989 lançou o “Dicionário Infantil da Língua Portuguesa, com ilustrações de Ziraldo.

Aurélio Buarque foi membro da Associação Brasileira de Escritores na seção do Rio de Janeiro (de 1944 a 1949), foi membro da Academia Brasileira de Filologia do Pen Clube do Brasil, da Comissão Nacional do Folclore, da Academia Alagoana de Letra, do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e da Hispanic Society of América.

Aurélio foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 4 de maio de 1961, ocupando a cadeira n.º 30, na sucessão de Antônio Austregésilo Rodrigues Lima.

Em 1963, Aurélio representou a Academia no Simpósio de Língua, História, Folclore e Arte do Povo Romeno, em Bucareste. Pronunciou diversas conferências sobre assuntos literários e linguísticos no México, Estados Unidos, Guatemala e Venezuela.

Aurélio foi casado com Maria Baird Ferreira desde 1945, com quem teve dois filhos, Aurélio e Marisa Luísa, e cinco netos.

Aurélio Buarque de Holanda faleceu no Rio de Janeiro, no dia 28 de fevereiro de 1989. Em 2015 foi homenageado com uma estátua de bronze colocada na orla de Ponta Verde, em Maceió. Em 2022 foi homenageado com um monumento no trevo da entrada de sua cidade natal.

Obras de Aurélio Buarque de Holanda

• Dois Mundos (1942)
• Linguagem e Estilo de Eça de Queirós (1945)
• Mar de Histórias (antologia de contos da literatura universal, com a colaboração de Paulo Rónai. V volumes)
• Contos Gauchescos e Lendas do Sul (1949)
• O Romance Brasileiro de 1752 a 1930 (1952)
• Roteiro Literário do Brasil e de Portugal (antologia literária da língua portuguesa, com a colaboração de Álvaro Lins, 1956)
• Território Lírico (ensaios ,1958)
• Enriqueça o Seu Vocabulário (filologia, 1958)
• Vocabulário Ortográfico Brasileiro (1969)
• O Chapéu de Meu Pai (edição revisada de Dois Mundos, 1974)
• Novo Dicionário da Língua Portuguesa (1975)
• Minidicionário da Língua Portuguesa (1977)