Hipátia
Biografia de Hipátia
Hipátia de Alexandria (também conhecida como Hipácia ou Hypatia) foi considerada a primeira mulher matemática do mundo. Foi uma das mentes mais brilhantes da Antiguidade. Foi linchada e morta acusada de bruxaria.
Hipácia nasceu em Alexandria, no Egito, durante o século IV (estima-se que entre 370 ou 355), em uma família de prestígio de Alexandria, que era o centro cultural do mundo ocidental.
O fato de ser filha do matemático e astrônomo Téon, que a teria iniciado nos estudos, tornou-se parceira do pai e, talvez, até autora de alguns trabalhos atribuídos a ele.
O percurso acadêmico de Hipátia
Na adolescência, Hipátia foi para Atenas para concluir sua formação na Academia Neoplatônica, onde ganhou certa notoriedade ao unir a matemática do algebrista Diofanto ao neoplatonismo de Plotino.
Por volta dos 30 anos, Hipátia já era diretora da Academia de Alexandria. Seguiu os passos do pai e o superou no aprofundamento de seus estudos. Deu aulas de matemática, astronomia e filosofia.
Os ensinamentos de Hipátia incluíam como projetar um astrolábio, que permitia a alguém descobrir a latitude de sua posição na Terra observando as estrelas, um instrumento que seria crucial na era das Grandes Navegações.
Hipátia ganhou fama como pensadora da Escola de Alexandria. Muitos de seus alunos, como Sinésio de Cirene, futuro bispo de Ptolemaida, eram cristãos. Hipátia era pagã, o que não era um empecilho entre eles e a professora.
Porém, Cirilo, o bispo de Alexandria encarava a filósofa. Sobrinho de Teófilo, arcebispo que comandou a destruição da Biblioteca de Alexandria, sucedeu o tio após sua morte, em 412.
Logo depois, se estabeleceu uma disputa entre o religioso e Orestes - o prefeito cristão de Alexandria pelo controle da cidade. O auge das intrigas se deu em 413, após o assassinato de um grupo de cristãos por extremistas judeus, o que serviu de pretexto para Cirilo expulsar todos os judeus de Alexandria.
Convencido de que boa parte da força do prefeito estava na amiga Hipátia, Cirilo fez com que seus seguidores espalhassem boatos de que a filósofa era uma bruxa no comando de magia negra para dominar Orestes.
As histórias de bruxaria não passavam de boato, pois Hipátia não utilizava métodos mágicos para entender a natureza do mundo. Não há registros de que ela oferecia sacrifício aos deuses, nem que utilizasse objetos de culto. A influência de Cirilo foi suficiente para que a mentira se espalhasse.
A morte de Hipátia: um assassinato cruel
Hipátia foi acusada de que seus feitiços satânicos estavam impedindo que Orestes, seu ex-aluno, amigo e prefeito de Alexandria, se entendesse com o bispo da cidade, Cirilo. Além disso, ela era uma figura que se mantinha firme em suas convicções, muito mais filosóficas que religiosas.
Conta-se que em março de 414, Hipátia teria sido arrancada de sua carruagem e despida à força, acusada de bruxaria, então descarnada viva por monges cristãos enfurecidos, munidos de conchas de ostras.
Esquartejada, pedaços de seu corpo foram queimados em uma pira, como em um ritual de purificação. Especula-se que o brutal assassinato tenha ocorrido no ano de 415.
Nada se sabe sobre Orestes após a morte de Hipátia. É provável que ele tenha fugido, deixando a cidade sob o poder de Cirilo, que fechou templos e proibiu a prática de qualquer religião ou seita além do cristianismo. Ele esteve à frente da igreja local por mais de 20 anos e foi canonizado como São Cirilo de Alexandria.
O legado de Hipátia
A pensadora produziu uma série de trabalhos sobre aritmética, especialmente inspirada na figura de Diofanto de Alexandria, e medicina.
Ao lado do pai, Téon, escreveu comentários acerca dos Elementos de Euclides, treze obras que falam sobre a geometria do mestre grego.
Muitas informações sobre Hipátia foram perdidas porque a Biblioteca de Alexandria, que abrigava uma série de documentos, foi destruída.
As cartas que seu aluno Sinésio enviou a Hipátia e outros de seus discípulos são os principais registros sobre a filósofa.
Hipátia se tornou um símbolo de um ponto de cisão histórica, a passagem da Idade Clássica e um cristianismo perseguido e acanhado para a Idade Média, quando a Igreja passou a ter imenso poder político como monopolizaria a atividade intelectual.
Filme Alexandria, inspirado em Hipátia
O filme espanhol Alexandria (no original Ágora), dirigido por Alejandro Amenábar e lançado em 2009, foi inspirado no percurso de Hipátia.
Confira o trailer:
A produção foi laureada com Prêmios Goya em sete categorias distintas: Melhor Roteiro Original, Melhor Direção Artística, Melhores Efeitos Especiais, Melhor Figurino, Melhor Fotografia, Melhor Direção de Produção e Melhor Maquiagem e Cabelo.
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