Hannah Arendt

Filósofa alemã
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Hannah Arendt

Hannah Arendt (1906-1975) foi uma cientista política e filósofa alemã. De ascendência judaica, vítima do racismo antissemita, tornou-se um dos grandes nomes do pensamento político contemporâneo por seus estudos sobre os regimes totalitários.

A liberdade, o abandono das tradições culturais e a administração tecnocrática da sociedade foram alguns de seus temas principais.

Hannah Arendt nasceu no subúrbio de Linden, em Hannover, Alemanha, no dia 14 de outubro de 1906. De ascendência judaica, "Johannah Arendt" mudou-se com a família para a Prússia quando tinha três anos de idade.

Hannah Arendt, foi uma menina precoce. Tinha sete anos quando o pai morreu, mesmo assim procurou consolar a mãe: “Pense – isso acontece com muitas mulheres”, disse ela para espanto da viúva. Com 14 anos leu a obra de Immanuel Kant, Crítica da Razão Pura.

Formação

Em 1924, Hannah ingressou na Universidade de Marburg onde foi aluna de Martin Heidegger, com quem iniciou um complicado relacionamento amoroso, uma vez que seu professor era casado.

Em 1926 decidiu trocar de universidade, indo estudar na Universidade Albert Ludwig em Freiburg. Em 1928 se doutorou em Filosofia na Universidade de Heidelberg com a tese “O Conceito de Amor em Santo Agostinho”.

Em 1929, Arendt ganhou uma bolsa de estudos e se mudou para Berlim, onde reencontrou Günther Anders (pseudônimo de Günther Stern), que conhecera em Malburg e que se tornou seu primeiro marido.

Em 1933, quando Heidegger aderiu ao nazismo e se tornou o primeiro reitor nacional-socialista da Universidade de Freiburg, Arendt se afastou da filosofia para lutar pela resistência antinazista.

Nesse mesmo ano, foi presa pela Gestapo, e depois de passar oito dias na prisão resolveu deixar seu país natal.

Hannah Arendt passou por Praga e Genebra, até chegar a Paris, onde permaneceu durante seis anos trabalhando com assistente social atendendo a crianças judias expatriadas.

Estudou com Karl Jaspers que a orientou na sua tese de doutorado e foi um dos seus amigos eternos, pois só se separaram com a morte dele, em 1969. Em 1940, casou-se com o professor de história da arte, o filósofo Heinrich Bluecher.

Hannah Arendet
Hannah Arendt e Heinrich Bluecher

A ocupação da França pelos nazistas a obrigou a novo exílio. Depois de uma estada em Portugal, conseguiu chegar aos Estados Unidos onde fixou residência.

Em Nova Iorque foi diretora de pesquisas da Conferência sobre as Relações Judaicas, mas teve que esperar vários anos para retornar ao trabalho universitário.

Obras

Em 1951, Hannah naturalizou-se americana. Nesse mesmo ano, publicou “Origem do Totalitarismo”, obra que a tornou conhecida e respeitada nos meios intelectuais.

Na obra, dividida em “Antissemitismo”, “Imperialismo” e “Totalitarismo”, ela procura analisar de que modo se forjou na Europa uma verdadeira máquina de destruição, capaz de levar ao horror do holocausto.

Em 1961 publicou “Entre o Passado e o Futuro” quando afirmou que a palavra e a ação, para se converterem em política, requerem a existência de um espaço que permita o aparecimento da liberdade.

Obra polêmica

Em 1963, publicou “Eichmann em Jerusalém”, que trata do julgamento do oficial Adolf Eichmann, sequestrado na Argentina pelo serviço secreto israelense e julgado em Israel por seu papel na condução do genocídio judaico durante a II Guerra Mundial.

Na obra, Hannah apresenta a controversa ideia da “banalidade do mal”: Eichmann não seria exatamente um antissemita raivoso, mas apenas um funcionário medíocre que, nos limites estreitos de sua função organizou com diligência a indústria da morte do holocausto.

As conclusões de Hannah que retratou o nazista não como a encarnação da maldade, mas como um mero burocrata, preocupado em subir na carreira e inconsciente da dimensão psicopata de seus atos causou polêmicas e ela acabou sendo isolada até pelos amigos.

Últimos anos

Em 1963, Hannah Arendt passou a lecionar na Universidade de Chicago, onde permanece até 1967. Nesse mesmo ano, mudou-se para Nova Iorque, quando foi contratada pela New School for Social Research e lá permaneceu até 1975.

Sua última obra – “A Vida do Espírito”, só foi publicada após sua morte, por sua amiga a escritora americana Mary McCarthy, com quem Hannah se correspondeu durante vários anos. Segundo Mary, Hannah não gostava de ser chamada de filósofa.

Hannah Arendt faleceu em Nova Iorque, Estados Unidos, no dia 4 de dezembro de 1975.

Frases de Hannah Arendt

  • "A escola não é de modo algum o mundo, nem deve ser tomada como tal; é antes a instituição que se interpõe entre o mundo e o domínio privado do lar."
  • "Em nome de interesses pessoais, muitos abdicam do pensamento crítico, engolem abusos e sorriem para quem desprezam. Abdicar de pensar também é crime."
  • "Uma existência vivida inteiramente em público, na presença de outros, torna-se, como diríamos, superficial.
  • "Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história."

Filme

O filme “Hannah Arendt”, de 2012, foi dirigido por Margarethe von Trolta, e a filósofa foi interpretada por Barbara Sukowa.

O filme retrata exatamente o período em que Hannah se ofereceu para escrever artigos sobre o julgamento de Eichmann, o oficial nazista, para a revista The New Yorker. É uma síntese sobre as controvérsias polêmicas que causaram os escritos de Hannah.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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