Maurício de Nassau

Militar de origem alemã
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Maurício de Nassau

Maurício de Nassau (1604-1679) foi um conde, militar e administrador holandês. Governou as províncias holandesas no Brasil, e instalou a capital do Brasil holandês na cidade do Recife, na capitania de Pernambuco.

Johan Maurits van Nassau- Siegen, conhecido como Maurício de Nassau, nasceu no castelo de Dilenburg, na Alemanha, no dia 17 de junho de 1604.

Filho do segundo casamento de Jan de Middelste, conde de Nassau-Siergen, com Margaretha, princesa de Holstein-Sonderburg, donos de possessões, tanto na Holanda como na Alemanha. Passou sua infância em Siegen, Alemanha, onde teve suas primeiras lições de letras e armas.

Maurício de Nassau estudou em Herborn, Basiléia, e Genebra. Com 14 anos ingressou no serviço militar, comum a boa parte da nobreza europeia. Com 16 anos, lutou no exército dos Países-Baixos, na Guerra dos Trinta Anos, contra os espanhóis. Em 1626 foi promovido a capitão. Em 1632, iniciou a construção de seu palácio em Haia.

Os Holandeses em Pernambuco

Em 1630 a Capitania de Pernambuco foi invadida pelos holandeses. É importante observar que as duas invasões holandesas no Brasil se deram durante o período em que Portugal e o Brasil estavam sob o domínio espanhol.

A primeira invasão holandesa se deu na Bahia, sede do governo geral, onde os holandeses foram derrotados (1624-1625) e a segunda em Pernambuco, que durou 24 anos (1630-1654).

Em 1636, a Companhia das Índias Ocidentais, criada para a exploração mercantil das colônias espanholas da América, principalmente do Brasil, com os seus ricos engenhos de açúcar, contratou o conde Maurício de Nassau para governar o Brasil-holandês.

Nassau embarcou para o Brasil no dia 6 de dezembro de 1636, para administrar a “Nova Holanda” em terras brasileiras.

Chegada de Maurício de Nassau ao Brasil

No dia 23 de janeiro de 1637, Nassau desembarcou no porto do Recife. Com ele vieram artistas e intelectuais como o pintor Franz Post e o humanista Elias-Heckman, o astrônomo Marcgraff, o naturalista Piso, e mais 350 soldados.

Com 32 anos, o príncipe alemão chegou para conquistar a colônia que os holandeses esperavam construir nos trópicos.

Organizado militarmente, Nassau expulsou os hispano-portugueses para além do Rio São Francisco. Construiu na margem do rio, em Penedo, um forte que recebeu seu nome. Conquistou as áreas de planície inundadas anualmente pelo rio, para a criação do gado.

Diante da necessidade de escravos para trabalhar os canaviais pernambucanos, e sabendo que o tráfico negro era rendoso, Nassau conquistou o forte da Mina no Golfo de Guiné, a Ilha de São Tomé e a cidade de Luanda na África.

Em 1638 organizou uma grande expedição contra a Bahia, mas amargou sua primeira derrota. Com o apoio de grupos indígenas locais, conseguiu estender o domínio holandês para o Ceará e o Maranhão.

Em 1640, Portugal já livre do domínio espanhol, consegue restaurar a dinastia portuguesa e se tornou aliado da Holanda para enfrentar a Espanha. Em 1642, Nassau já governava de Sergipe até o Maranhão.

Na cidade do Recife, os calvinistas, membros do governo, os católicos e os comerciantes judeus, com sua sinagoga instalada na Rua dos Judeus (hoje Rua do Bom Jesus), a primeira no Brasil, conviviam com certa liberdade.

A Companhia das Índias Ocidentais, com os seus monopólios e numerosos comerciantes, sobretudo judeus, importavam produtos da Europa e negros da África para serem vendidos aos senhores de engenho, e exportava o açúcar, fumo, algodão, couro etc.

Cidade Maurícia

A obra que traria maior fama para Maurício de Nassau foi a construção da Cidade Maurícia, para ser a capital do Brasil holandês.

Em 1642, Nassau concluiu a construção do "Palácio de Friburgo ou das Torres" (atual Praça da República), com extenso jardim zoo-botânico, e o Palácio da Boa Vista sua residência de verão. Construiu fortes de proteção, entre eles, o de Cinco Pontas.

mauricio de nassau
Palácio de Friburgo ou das Torres

Nassau mandou fazer um projeto de cidade semelhante à Amsterdã, cortada por canais, drenou pântanos, construiu diques, convocou a primeira Assembleia Legislativa da América do Sul, criou o primeiro serviço de extinção de incêndio da América, instalou o primeiro Observatório Astronômico do Hemisfério Sul.

Em seu governo, Nassau construiu a primeira ponte do Brasil, no local da atual ponte Maurício de Massau. O Recife tornou-se uma das cidades mais importantes da costa atlântica da América, no século XVII.

A Volta de Nassau para a Holanda

A Companhia das Índias Ocidentais, preocupada com a queda em suas receitas, vinha pressionando Nassau pelos seus gastos e pela não cobrança das dívidas dos senhores de engenho. Seus pedidos de colonos, soldados e mantimentos não eram mais atendidos. Em 1643, Nassau pediu demissão irrevogável.

No dia 11 de maio de 1644, depois de quase oito anos, Nassau partiu do Recife para a Paraíba, e no dia 22 embarcou para Holanda, levando para seu palácio em Haia os objetos e pinturas que decoravam o palácio da Friburgo.

Logo que retornou aos Países Baixos, o príncipe Maurício de Nassau foi promovido a general de cavalaria, sendo nomeado comandante da guarnição de Wezel.

Encarregou Gaspar Barleus para redigir a história de seu governo no Brasil, obra publicada em 1647.  Participou das últimas campanhas militares contra a Espanha. Em 1674 foi nomeado governador de Utrecht.

Maurício de Nassau faleceu em Cleves, Alemanha, no dia 20 de dezembro de 1679.

A Expulsão dos Holandeses do Brasil

Depois da saída do conde Maurício de Nassau do Brasil, a Companhia das Índias Ocidentais passou a fazer forte pressão sobre os senhores de engenho sob a ameaça de confisco das propriedades.

A revolta contra os holandeses, que havia sido iniciada em 1642, no Maranhão, ganhou verdadeiro caráter revolucionário em Pernambuco em 1645, liderada pelo paraibano André Vidal de Negreiros, pelo rico português e senhor de engenho João Fernandes Vieira, por Henrique Dias e pelo índio Poti (mais tarde, Filipe Camarão).

Essa luta ficou conhecida como a "Insurreição Pernambucana". 

Depois de memoráveis batalhas: a do Monte das Tabocas (1645) e a Batalha dos Guararapes (1648 e 1649), veio finalmente a rendição dos holandeses na Campina do Taborda em 1654.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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