João Fernandes Vieira

João Fernandes Vieira (1610-1681) foi um dos heróis da Insurreição Pernambucana – rebelião que expulsou os holandeses da capitania de Pernambuco (1645 - 1654).

Por sua bravura, recebeu os títulos de Capitão-Mor do Pinhal, Comendador da Ordem de Cristo e membro do Conselho de Guerra. Foi nomeado governador do Maranhão e de Angola.

João Fernandes Vieira nasceu na cidade de Funchal, capital da Ilha da Madeira, Portugal, ponto de passagem dos navegadores europeus que atravessavam o Atlântico.

Chegada à capitania de Pernambuco

Recolhendo informações sobre as terras descobertas por Portugal, Fernandes Vieira resolveu embarcar para Pernambuco, a capitania que mais prosperara com seus engenhos e a produção do açúcar. Chegando à região, realizou diversos serviços de baixa qualificação.

Invasão holandesa

Em 14 de fevereiro de 1630, a capitania de Pernambuco foi invadida pelos holandeses, época em que Portugal e o Brasil estavam sob o domínio espanhol.

Sob o comando de Matias de Albuquerque, Fernandes Vieira participou das lutas contra o invasor. Em 1635 foi aprisionado e na prisão aproximou-se de Jacob Stachower, passando a negociar com os holandeses.

A resistência portuguesa havia fugido para a vizinha Alagoas, e em seguida se instalara na Bahia, abandonando praticamente a Capitania de Pernambuco. Em 1636 Matias de Albuquerque voltou para a Espanha onde foi preso e acusado do fracasso na luta contra os holandeses.

Concluída a conquista em 1636, iniciou-se no ano seguinte o período da administração holandesa. A Companhia das Índias Ocidentais, criada para a exploração mercantil das colônias espanholas da América, principalmente no Brasil, contratou o conde Maurício de Nassau como governante.

Nassau chegou em janeiro de 1637 e depois de instalado no Recife - a capital da colônia, deu início à construção da Cidade Maurícia, para ser a capital do Brasil holandês. Durante oito anos construiu palácios, canais e pontes, transformando a cidade em uma das mais importantes da costa atlântica da América, no século XVII.

Em liberdade, João Fernandes Vieira passou a negociar com as principais atividades da colônia: como o comércio do açúcar, com a extração do pau-brasil e com a captura e prisão de escravos fugidos.

A extração do pau-brasil tornou-se fácil, pois grande parte dos índios abandonaram a costa e se refugiaram no interior da capitania. O comércio do açúcar, era a principal atividade da capitania, uma vez que a produção dos engenhos era comercializada com a Europa. A captura dos escravos fujões e a venda para os senhores de engenho, era também uma excelente fonte de renda.

No período em que o domínio holandês parecia consolidado e Maurício de Nassau procurava desenvolver uma política conciliadora, João Fernandes Vieira mantinha bom relacionamento com a Companhia das Índias Ocidentais e com o próprio Maurício de Nassau.

Participou da administração de vários engenhos e adquiriu vários deles, tornando-se proprietário de vasta extensão de terras. Nessa época, era grande o número de brasileiros e portugueses que mantinham boas relações com os invasores, havendo até casamentos entre eles.

Em 1640, a restauração da independência portuguesa e a coroação do rei Dom João IV, causou grande impacto nas relações com os invasores, uma vez que Portugal e Holanda assinaram uma trégua de dez anos e se tornaram aliados na luta contra a Espanha. Nassau aproveitou a trégua e ocupou o Maranhão e também Angola.

Insurreição Pernambucana

Porém, a reação dos pernambucanos contra os holandeses, crescia por toda a parte. Em 1642, Portugal procurou reaver suas terras conquistadas pela Holanda. O Governador Geral do Brasil começou a preparar suas tropas, entre eles os grandes líderes locais: André Vidal de Negreiros, Henrique Dias e Filipe Camarão, que fizeram contato com Fernandes Vieira.

No dia 24 de dezembro de 1643, João Fernandes Vieira, que já acumulava grande fortuna, casou-se com Maria Cezar de Andrade, filha de Francisco Berenguer de Andrade, rico proprietário de terras, natural da Ilha da Madeira em Portugal.

Fernandes Vieira, junto com o paraibano Vidal de Negreiros, foram elevados a categoria de Mestre de Campo. No dia 13 de junho de 1645 teve início as lutas que terminaram com a expulsão dos holandeses em 1654 – a Insurreição Pernambucana.

As primeiras vitórias ocorreram nas batalhas do Monte das Tabocas e do engenho de Casa Forte – esse um ponto estratégico, por sua localização e pelo fato de ser propriedade de Ana Paes, grande colaboradora de Maurício de Nassau.

As lutas foram realizadas sem ajuda do governo português, que temia perder o apoio da Holanda na Europa. Depois das vitórias, Portugal resolveu enviar, no dia 16 de abril de 1648, o General Francisco Barreto de Meneses, para assumir o comando do exército.

Aos poucos, os luso-brasileiros foram recuperando o controle dos engenhos e das povoações. Os holandeses, com grandes problemas na Europa pela luta com a Inglaterra no controle dos mares, não mandavam os reforços necessários para a defesa.

Maurício de Nassau, que já não recebia o apoio solicitado, resolveu pedir demissão e em 23 de maio de 1644 retornou para Europa.

Os revoltosos fizeram o cerco à cidade do Recife, onde estava concentrada a maior parte dos holandeses, que fugiram para os montes Guararapes, onde foram travadas duas batalhas. A primeira no dia 19 de abril de 1648 e a segunda em 1649, quando os invasores foram derrotados.

Enquanto os luso-brasileiros dominavam vários portos do litoral e recebiam munições e mantimentos, que eram pagos com açúcar, os holandeses estavam cercados, sem mantimentos e sem esperança de ajuda. No interior, muitos holandeses que haviam se estabelecido como proprietários de terra, resolveram permanecer na região.

João Fernandes Vieira, determinou que os devedores da Companhia das Índias Ocidentais, que fizeram grandes empréstimos, seriam perdoados das dívidas se participassem das lutas em defesa da Capitania.

Foram mais de nove anos de combates. Terminada a luta, em 1654, Pernambuco estava livre do domínio holandês. Por sua bravura, Fernandes Vieira recebeu o Título de Capitão-Mor do Pinhal, comendador da Ordem de Cristo e membro do Conselho de Guerra. Foi também nomeado governador do Maranhão e de Angola, reconquistados por Portugal.

João Fernandes Vieira faleceu em Olinda, no dia 3 de agosto de 1681.