Marechal Rondon

Militar brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Marechal Rondon

Marechal Rondon (1865-1958) foi militar e sertanista brasileiro. Foi o idealizador do Parque Nacional do Xingu e Diretor do Serviço de Proteção ao Índio. Integrou a Comissão Construtora de Linhas Telegráficas, atravessou o sertão desconhecido, na maior parte, habitado por índios bororos, terenas e guaicurus. Abriu estradas, expandiu o telégrafo e ajudou a demarcar as terras indígenas.

Infância e Formação

Cândido Mariano da Silva (Marechal Rondon) nasceu em Mimoso, hoje Santo Antônio de Leverger, Mato Grosso, no dia 5 de maio de 1865. Era filho de Cândido Mariano e de Claudina Lucas Evangelista, neta de índios Bororos.

Antes do seu nascimento, o pai sentindo-se doente, pediu ao irmão Manuel Rodrigues da Silva Rondon, Capitão da Guarda Nacional, que levasse o filho para Cuiabá a fim de salvá-lo da ignorância.

Seu pai morreu sem conhecer o filho, que anos depois perdeu também a mãe. Em 1873, o avô materno não queria se separar do neto, mas por insistência do tio, Cândido foi levado para Cuiabá.

O jovem estudou na Escola Mestre Cruz e, no ano seguinte na escola pública Professor João B. de Albuquerque. Em 1879, entrou para o Liceu Cuiabano e em 1881, formou-se professor.

Carreira Militar

Em 1881, Cândido pediu ao tio para estudar na Escola Militar no Rio de Janeiro. Com autorização do Ministério da Guerra, acrescentou o sobrenome Rondon, em homenagem ao tio que lhe criou.

Em 1884, Rondon já estava habilitado para fazer o curso superior. Em 1888, foi promovido a alferes-aluno, nesse mesmo ano o governo imperial criou a Escola Superior de Guerra, para onde foi transferido Rondon.

Instalação de Linhas Telegráficas

Rondon era aluno e também admirador de Benjamim Constant, professor de matemática da escola. Junto com outros alunos fez sua opção política pela República, que em 1889 foi proclamada.

Após a Proclamação da República, Rondon foi nomeado ajudante do Major Gomes para a Comissão Construtora de Linhas Telegráficas, com o objetivo de estender as comunicações entre o Rio e Cuiabá, passando por Uberaba e Goiás.

Em março de 1890, ele foi para Cuiabá, onde foi graduado ao posto de capitão-engenheiro e bacharel em matemática e ciências físicas e naturais. Foi indicado por Benjamin Constant para professor substituto da Escola Militar.

Rondon passou a chefiar o grupo que fazia o levantamento topográfico para a determinação das estradas e posterior instalação de postes da linha telegráfica. Junto com vinte soldados, avançaram pelo sertão desconhecido, na sua maior parte habitado por tribos bororos, algumas já pacificadas.

Em junho, a expedição chegou a Registro do Araguaia, onde instalou a primeira estação telegráfica. Seguiu avançando pelo sertão, mas a sobrevivência era difícil, a malária fazia vítimas.

Em abril de 1891, foram inauguradas as novas estações telegráficas. Sob a chefia de Rondon, em maio a comissão dava por findo seus trabalhos: 1 574 km de linhas telegráficas instaladas.

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Voltando ao Rio, Rondon assumiu a docência na Escola Militar, mas por pouco tempo. Foi nomeado chefe do Distrito Telegráfico de Mato Grosso. Pediu exoneração do cargo de professor.

No dia 1 de fevereiro de 1892, casa-se com Francisca Xavier e, no dia 6 de março partiu para Cuiabá com a esposa, para assumir o cargo.

Contato com novas tribos indígenas

Em 1899, Rondon chefiou uma comissão destinada a estender as linhas telegráficas de Cuiabá a Corumbá e para as fronteiras com a Bolívia e o Paraguai. Contou com a ajuda dos índios bororos, que abriam as picadas e erguiam os postes.

Em retribuição, Rondon mandou proceder ao levantamento de terras pertencentes aos índios da região de Ipegue e Cachoeirinha e obteve do governo de Mato Grosso o reconhecimento de propriedade. Nesse percurso, Rondon descobriu e nomeou rios, montanhas, vales e lagos, mapeando a região.

Em 1906, foi encarregado pelo presidente Afonso Pena, de ligar Cuiabá ao território do Acre, recentemente incorporado ao país, fechando o circuito telegráfico nacional.

Nessa expedição, travou contato com os índios “nhambiquaras”, conhecidos como antropófagos. Nesse difícil trabalho, sua tropa era instruída para obedecer a seu lema:

“Morrer, se preciso for, matar nunca.”

Pouco a pouco Rondon vencia um duplo desafio: a penetração em um território desconhecido e a pacificação dos índios.

No dia 2 de março de 1910, no governo de Nilo Peçanha, Rondon foi convidado para assumir a chefia do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) a ser criado.

Expedição Rondon-Roosevelt

Em 1913, já coronel, Rondon foi designado para acompanhar a expedição que o antigo presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, pretendia fazer pelo sertão brasileiro, acompanhado de seu filho Kermit, de secretários e cientistas.

A viagem tinha o objetivo de recolher material para o museu de História Natural de Nova Iorque, e os brasileiros aproveitaram para fixar com maior precisão certos detalhes geográficos.

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A expedição que teve início no rio Apa, em Mato Grosso e se estendeu até Belém do Pará, recolheu numerosos exemplares da fauna brasileira e definiu o traçado do antigo rio da Dúvida, rebatizado de rio Roosevet. A expedição terminou em 1914.

Comissão Rondon

A partir de 1915, Rondon dividia seu tempo entre viagens de inspeção pelos territórios que havia desbravado, contatos com tribos indígenas, a direção do SPI e a realização de conferências sobre os problemas indígenas.

Até 1917, a Comissão Rondon havia construído 2.270km de linhas telegráficas, instalado 28 estações que deram origem a outros povoados, havia realizado o levantamento geográfico de cinquenta mil km lineares de terras e de águas, determinado duzentas coordenadas geográficas e incluído 12 rios no mapa do Brasil e corrigido o curso de outros.

Em 1919, já general de brigada, é nomeado diretor de Engenharia do Exército, e autoriza a construção de quarteis. Em 1927, depois de concluir a ligação telegráfica da Amazônia com o Rio de Janeiro, Rondon trabalhou na inspeção das fronteiras, por ordem ministerial.

Reformado no posto de general-de-divisão, Rondon foi nomeado, em 1934, para a comissão mista da Liga das Nações, para dirimir o conflito entre o Peru e a Colômbia pela posse da região de Letícia.

Parque Nacional do Xingu

Em 1939, Rondon tornou-se o primeiro presidente do Conselho Nacional de Proteção aos Índios. Nesse mesmo ano, recebeu do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o título de “Civilizador dos sertões”.

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Em 1952, vê aprovado seu projeto de criação do "Parque Nacional do Xingu". Em 1955, Rondon recebeu na Câmara dos Deputados as insígnias de Marechal. Em 1956, em sua homenagem, o território de Guaporé passou a denominar-se Rondônia.

Marechal Rondon foi casado com Francisca Xavier, desde 1892, e com ela teve seis filhas e um único filho homem.

Marechal Rondon faleceu no Rio de Janeiro, no dia 19 de janeiro de 1958.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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