Abreu e Lima (General)

Militar brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Abreu e Lima (General)

Abreu e Lima (General) (1794-1869) foi um militar, escritor e jornalista brasileiro. Apelidado de “General das Massas”, lutou na Venezuela, Colômbia, Equador e Bolívia pela independência do domínio espanhol.

Por incrível contradição, em 1832, o general libertário ligou-se ao Partido Restaurador e passou a lutar para o retorno do imperador Dom Pedro I, depois que ele abdicou do trono do Brasil.

José Inácio de Abreu e Lima, conhecido como Abreu e Lima, nasceu no Recife, Pernambuco, no dia 6 de abril de 1794. Era filho de José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, o Padre Roma. Sempre teve problemas com a sua legitimidade, mesmo reconhecida pelo papa, por ter ele e os seus irmãos nascidos no período em que seu pai fora secularizado.

Seu pai formou-se em Teologia na Universidade de Coimbra, Portugal, e ordenou-se sacerdote em Roma. Após retornar para o Recife, só deixou a vida religiosa em 1807, passando a atuar como advogado.

Abreu e Lima estudou Humanidades em Olinda até 1811 quando se transferiu, no ano seguinte, para o Rio de Janeiro, ingressando na Academia Real Militar. Em 1816 recebeu a patente de Capitão de Artilharia, com apenas 22 anos. De volta a Pernambuco, acusado de insubordinação e desordem, foi preso e remetido para a Bahia, onde foi recolhido, por ordem do Conde dos Arcos, à fortaleza de São Pedro.

Abreu e Lima encontrava-se na prisão quando ocorreu a Revolução Pernambucana de 1817, um movimento separatista que defendia a independência do Brasil. Padre Roma, um dos rebeldes, foi preso e levado para a fortaleza de São Pedro, sendo fuzilado na frente do filho.

General do Exército Libertador

Em outubro de 1817, Abreu e Lima conseguiu fugir da prisão auxiliado por integrantes da maçonaria. Foi para os Estados Unidos, mas não tendo boa acolhida, resolveu seguir para a Venezuela, a fim de se alistar no exército do líder político Simón Bolívar, que tentava libertar sua pátria do domínio espanhol.

Durante mais de dez anos lutou na América Espanhola. Cruzou a Amazônia, escalou altíssimas cordilheiras, arriscou a vida em diversas batalhas e participou da independência de seis países: Venezuela, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Panamá.

Recebeu do exército boliviano diversas promoções, desde o posto de capitão de artilharia até general, chegando a chefe do estado-maior do Exército Libertador. Conviveu com os heróis da independência, entre eles o próprio Simón Bolívar.

Partido Restaurador

Em 1830, Abreu e Lima retornou aos Estados Unidos. Após a abdicação de Dom Pedro I, foi para a Europa e em Portugal se aproximou do imperador. Retornou ao Brasil em 1832 e fixou residência no Rio de Janeiro.

Apesar de ter sido um general libertário (apelidado de General das Massas), ligou-se ao Partido Restaurador, e passou a lutar para o retorno do Imperador ao Brasil. Após a conspiração ser descoberta, foi preso e mandado para a Ilha de Fernando de Noronha. Logo depois, em 1834, Dom Pedro faleceu em Queluz, era o fim do Partido Restaurador.

Libertado, Abreu e Lima voltou ao Estado de Pernambuco. Em 1836, entrou em atrito com o regente Diogo Antônio Feijó e passou a defender que a regência fosse entregue à princesa D. Januária, irmã de D. Pedro II. Participou da campanha pela antecipação da maioridade que, vitoriosa em 1840, afastou da Regência o pernambucano Pedro de Araújo Lima.

Escritor e Jornalista

Em 1840, o General Abreu e Lima dedicou-se à atividade de escritor e jornalista. Dirigiu o Diário Novo, jornal do partido Liberal, e colaborou com o jornal A Barca de São Pedro. Travavam-se grandes polêmicas entre os liberais (apelidados de praieiros) e os conservadores.

Em 1848, teve início a "Revolução Praieira", chefiada por seu irmão João Roma. O General Abreu e Lima não participou da luta, mas ficou na imprensa incentivando-a e combatendo o governo de Vieira Tosta e de Herculano Ferreira Pena. Vencida a revolução, o General Abreu e Lima foi preso e enviado para Fernando de Noronha, em 1849, sendo acusado de crime de rebelião.

Além de sua ação militar e revolucionária, o General Abreu e Lima deixou uma vasta obra, abordando assuntos de história, política e religião, como os textos: “As Bíblias Falsificadas ou Duas Respostas ao Senhor Cônego Joaquim Pinto de Campos” (1867) e “O Deus dos Judeus e o Deus dos Cristãos” (1867)

As obras causaram revolta no bispo de Olinda, D. Francisco Cardoso Ayres, que lhe negou um lugar para o sepultamento no cemitério, que se achava sobre o controle da Igreja, sendo sepultado no pequeno cemitério dos ingleses, no bairro de Santo Amaro, no Recife.

Abreu e Lima, o General das Massas, faleceu na cidade do Recife, em consequência de uma tuberculose, no dia 8 de março de 1869.

Em homenagem ao General Abreu e Lima, em 1982, foi elevada à categoria de município a cidade de Abreu e Lima, situada no litoral norte de Pernambuco. Em 2001, foi inaugurada, parcialmente, a refinaria Abreu e Lima, localizada no Complexo Industrial Portuário de Suape, no litoral Sul de Pernambuco

Outras Obras de Abreu e Lima

  • Bosquejo Histórico, Político e Literário do Brasil (1835)
  • Compêndio de História do Brasil (1843)
  • História Universal Desde os Tempos mais Remotos até os Nossos Dias, em dois volumes de 1846 e 1847.
  • Resposta ao Cônego Januário da Cunha Barbosa (1844)
  • O Socialismo (1855) (considerado o primeiro livro sobre o tema publicado no Brasil).
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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