Abreu e Lima (General)

Militar brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Abreu e Lima (General)

Abreu e Lima (General) (1794-1869) foi um militar, político, escritor e jornalista brasileiro. Apelidado de “General das Massas”, lutou na Venezuela, Colômbia, Equador e Bolívia pela independência do domínio espanhol.

José Inácio de Abreu e Lima, conhecido como Abreu e Lima, nasceu no Recife, Pernambuco, no dia 6 de abril de 1794. Era filho de José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, o Padre Roma, sempre teve problemas com a sua legitimidade que foi reconhecida pelo papa por ter ele e os seus irmãos nascidos no período em que seu pai fora secularizado.

Abreu e Lima estudou Humanidades em Olinda até 1811, quando se transferiu, no ano seguinte, para o Rio de Janeiro, ingressando na Academia Real Militar. Em 1816 recebeu a patente de Capitão de Artilharia, com apenas 22 anos. De volta a Pernambuco, acusado de insubordinação e desordem, foi preso e remetido para a Bahia, onde foi recolhido por ordem do Conde dos Arcos à fortaleza de São Pedro.

General do Exército Libertador

Em 1817, ainda preso, viu seu pai também ser preso e fuzilado, por ordem do Conde dos Arcos, acusado de fazer parte da "Revolução Pernambucana de 1817", que lutava pela independência do Brasil. Em outubro desse mesmo ano conseguiu fugir da prisão auxiliado por integrantes da maçonaria. Foi para os Estados Unidos, mas não tendo boa acolhida, resolveu seguir para a Venezuela, a fim de se alistar no exército do líder político Simón Bolívar, que tentava libertar sua pátria do domínio espanhol.

Durante mais de dez anos lutou na América Espanhola – Venezuela, Bolívia, Colômbia e Equador, recebendo do exército boliviano diversas promoções, desde o posto de capitão de artilharia até general, chegando a chefe do estado-maior do Exército libertador. Conviveu com os heróis da independência, entre eles o próprio Simóon Bolívar.

Partido Restaurador

Em 1830, Abreu e Lima retornou aos Estados Unidos. Após a abdicação de Dom Pedro I, foi para a Europa e em Portugal se aproximou do imperador. Retornou ao Brasil em 1832 e fixou residência no Rio de Janeiro. Apesar de ter sido um general libertário (apelidado de general das massas), ligou-se ao Partido Restaurador, e passou a lutar para o retorno do Imperador ao Brasil. Após a conspiração ser descoberta, foi preso e mandado para a Ilha de Fernando de Noronha. Logo depois Dom Pedro faleceu em Queluz, Portugal, em 1834, era o fim do Partido da Restauração.

Libertado, Abreu e Lima voltou ao Estado de Pernambuco. Em 1836, entrou em atrito com o regente Diogo Antônio Feijó e passou a defender que a regência fosse entregue à princesa D. Januária, irmã de D. Pedro II. Participou da campanha pela antecipação da maioridade que, vitoriosa em 1840, afastou da Regência o pernambucano Pedro de Araújo Lima.

Escritor e Jornalista

Em 1840, o General Abreu e Lima dedicou-se a atividade de escritor e jornalista. Dirigiu o Diário Novo, jornal do partido Liberal, e colaborou com o jornal A Barca de São Pedro. Travavam-se grandes polêmicas entre os liberais (apelidados de praieiros) e os conservadores. Em 1848, teve início a "Revolução Praieira", chefiada por seu irmão João Roma. O General Abreu e Lima não participou da luta, mas ficou na imprensa incentivando-a e combatendo o governo de Vieira Tosta e de Herculano Ferreira Pena. Vencida a revolução, o General Abreu e Lima foi preso e enviado para Fernando de Noronha, em 1849.

Além de sua ação militar e política o General Abreu e Lima deixou uma vasta obra, abordando assuntos de história, política e religião, como os textos “As Bíblias Falsificadas ou Duas Respostas ao Senhor Cônego Joaquim Pinto de Campos” (1867) e “O Deus dos Judeus e o Deus dos Cristãos” (1867) que causaram revolta no bispo de Olinda, D. Francisco Cardoso Ayres, que lhe negou um lugar para o sepultamento no cemitério, que se achava sobre o controle da Igreja, sendo sepultado no pequeno cemitério dos ingleses, no bairro de Santo Amaro, no Recife.

Abreu e Lima, o General das Massas, faleceu na cidade do Recife, em Pernambuco, no dia 8 de março de 1869.

Outras Obras de Abreu e Lima

  • Bosquejo Histórico, Político e Literário do Brasil (1835)
  • Compêndio de História do Brasil (1843)
  • História Universal Desde os Tempos mais Remotos até os Nossos Dias, em dois volumes de 1846 e 1847.
  • Resposta ao Cônego Januário da Cunha Barbosa (1844)
  • O Socialismo (1855) (considerado o primeiro livro sobre o tema publicado no Brasil).

Em homenagem ao General Abreu e Lima, em 1982, foi elevada a categoria de município a cidade de Abreu e Lima, situada no litoral norte de Pernambuco. Em 2001, foi inaugurada parcialmente a refinaria Abreu e Lima, localizada no Complexo Industrial Portuário de Suape, no litoral Sul de Pernambuco.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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