Lampião

Cangaçeiro brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Lampião

Lampião (1897-1938) foi o mais famoso cangaceiro brasileiro, chamado de "Rei do Cangaço", andava em bando cometendo crimes motivados por vingança, revolta e disputa de terra, espalhando o medo por onde passava.

Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião, nasceu em Vila Bela, atual cidade de Serra Talhada, no Sertão de Pernambuco, no dia 7 de julho de 1897, em uma família de lavradores e criadores.

Era o terceiro filho de uma família de sete irmãos, sabia ler e escrever. Ajudava na pequena fazenda do pai cuidando dos animais.

O cangaço

O cangaço, um tipo de luta armada frequente no Nordeste, atraiu Lampião em 1915, depois que sua família foi acusada de ter roubado alguns animais da fazenda de seus vizinhos, a família Saturnino, ligada à oligarquia dominante.

Depois de certo tempo, os irmãos Ferreira mataram alguns gados do vizinho e foram perseguidos pela polícia. Na fuga, sua mãe não resistiu e, pouco depois, seu pai acabou sendo morto pela polícia.

Decidido a se vingar, Lampião encarregou um dos irmãos de cuidar dos irmãos menores e, com os dois mais velhos, passou a percorrer os estados nordestinos, fazendo justiça com as próprias mãos.

O primeiro ataque foi em 1922, em Alagoas, na casa da baronesa da cidade de Água Branca, quando levou todo o dinheiro que encontrou.

O bando de Lampião

Com um bando formado, os justiceiros invadiam as fazendas, saqueavam os comerciantes e distribuíam com os mais pobres uma parte do que recolhia.

Por causa da organização e da disciplina que impunha a seus “cabras” raramente Lampião sofria alguma derrota.

Cinco estados faziam parte de suas andanças. Por onde passava, torturava e matava, deixando um rastro de destruição e crueldade, porém era visto como um instrumento de justiça social.

No dia 1 de agosto de 1923, o bando sofreu sua primeira emboscada no município de Nazaré do Pico, em Pernambuco.

O combate se deu na praça, com a ajuda dos civis nazarenos. Era o início da Força de Nazaré, a mais importante perseguidora de Lampião.

Em 1926, estando em Juazeiro, no Ceará, Lampião foi chamado para combater na Coluna Prestes, quando recebe a patente de capitão. Nessa época visitou o Padre Cícero.

Dois anos depois, Lampião atravessou o Rio São Francisco em direção á Sergipe e Bahia, quando teve o primeiro combate com as forças baianas.

Lampião e Maria Bonita

Em 1929, em suas andanças pela região, chegou ao povoado de Malhado da Caiçara quando conheceu Maria Gomes de Oliveira, que tinha 19 anos e morava com os pais, depois que se separou do marido.

Logo, Maria entrou para o cangaço e tornou-se a famosa companheira de Lampião. Com o nome de “Maria Bonita” tornou-se a primeira mulher a ingressar no cangaço. Em 1932, nasceu Maria Expedita de Oliveira Ferreira Nunes, a filha do casal.

lampião e maria bonita
Lampião e Maria Bonita

Lampião criou roupas para si e para o bando, caprichava nos detalhes, usava medalhas, muitos anéis, correntes de ouro, chapéu de couro, alforjes bordados e punhais de prata.

Sua primeira fotografia é datada de 1926. Seu apelido, dizem que surgiu da cor do cano de seu rifle, que ficava em brasa depois de vários tiros, parecendo um lampião.

Durante os anos de cangaço, Lampião zombou das polícias, do governo e das pessoas influentes. Escapava fácil das emboscadas, dos tiroteios e das armadilhas.

Conseguia despistar os policiais, que ele chamava de macacos, usando várias estratégias. Uma delas era mandar o bando calçar as alpercatas ao contrário para deixar o rastro em direção oposta.

Morte

Na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota de Angico, no povoado de Poço Redondo, em Sergipe, Lampião e seu bando, foram surpreendidos com rajadas de metralhadoras.

Minutos depois, Lampião Maria Bonita e mais 9 cangaceiros estavam mortos. O ataque comandado pelo tenente João Bezerra, conseguiu o que a polícia do Nordeste perseguia havia muito tempo.

As cabeças do bando foram decapitadas, mumificadas e expostas em Santana do Ipanema, Alagoas. Depois foram levadas para o Museu Nina Rodrigues, na Bahia, até serem enterradas, em 1968.

Lampião morreu na Grota de Angico, em Poço Redondo, Sergipe, no dia 28 de julho de 1938.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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