Candido Portinari

Pintor brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Candido Portinari

Candido Portinari (1903-1962) foi um pintor brasileiro, um dos principais nomes do Modernismo. Suas obras alcançaram fama internacional, entre elas, o painel Guerra e Paz, da sede da ONU em Nova Iorque, e a série Retirantes, do acervo do Museu de Arte de São Paulo (MASP).

Preocupado com os problemas sociais e com as denúncias das desigualdades, Portinari fez do horror da miséria os principais temas de suas obras, que constitui um valioso panorama da realidade brasileira.

Candido Torquato Portinari nasceu em Brodósqui, no interior de São Paulo, no dia 30 de dezembro de 1903. Filho dos imigrantes italianos Giovan Battista Portinari e Domenica di Bassano era o segundo filho entre 12 irmãos. Aos seis anos já começou a desenhar. Não concluiu o curso primário e aos 14 anos colaborou com a restauração da Igreja de Brodósqui.

Com 15 anos, Portinari foi para o Rio de Janeiro e se instalou na casa de parentes. Ingressou no Liceu de Artes e Ofícios, mas a cidade grande não lhe fascinou e resolveu retornar para sua terra natal.

Com 18 anos retornou para o Rio e ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, quando foi orientado por Lucílio de Albuquerque e Rodolfo Amoedo e logo se destacou pintando retratos.

Em 1921 mudou-se de vez para o Rio e conseguiu vender a tela - Baile na Roça, que havia pintado assim que chegara à cidade. Em 1922 expôs no Salão da Escola de Belas Artes. Em 1923, o “Retrato de Paulo Mazuchelli” ganhou três prêmios do Salão, entre os quais um valor em dinheiro.

Portinari
Baile na Roça (1921)

Portinari recebeu do diretor da escola o direito de escolher seus professores. Em 1928 retratou o poeta Olegário Mariano e ganhou o Prêmio Viagem para o Exterior.

Com o prêmio, Candido Portinari viajou para Europa e visitou a Itália, a Inglaterra e a Espanha, indo se estabelecer em Paris, na Rue du Dragon, entre os museus de Luxemburgo e Louvre. Em Paris, o pintor desprendeu-se dos laços acadêmicos e travou contato com as realizações da vanguarda artística europeia.

Em 1930, Portinari casou-se com a uruguaia Maria Martinelli. Durante dois anos em que esteve em Paris, produziu apenas três naturezas-mortas, entre elas:

Portinari
Natureza-morta (1930)
Cândido Portinari
Natureza Morta (1930)

Em 1931 voltou ao Rio de Janeiro e em seis meses pintou quarenta telas, quando definiu seu estilo baseado no abandono das linhas clássicas e na deformação das figuras. Nesse mesmo ano, foi convidado por seu antigo colega da Escola de Belas Artes e atual diretor da Academia, o arquiteto Lúcio Costa, para participar do Salão. 

Em 1932, Portinari realizou uma exposição individual no Palace Hotel, no Rio. A partir de então, se concentrou na temática social e na busca de exprimir a terra brasileira. A tela O Café (1934) define essa fase.

Portinari
O Café (1934)

Em 1935 a obra foi premiada na Exposição Internacional de Arte Moderna, promovida nos Estados Unidos pela Fundação Carnegie. Portinari tornou-se o primeiro pintor modernista premiado no exterior.

O realismo de Portinari começou a tender para o monumental, os motivos da exaltação do trabalho braçal e da exaltação homem-terra ganharam primazia em suas obras. Ainda em 1935, foi convidado a lecionar pintura mural no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal. Entre seus alunos estava Burle Marx, o futuro paisagista de renome.

Em 1936 pintou afrescos do Monumento Rodoviário, na estrada Rio-São Paulo. Entre 1936 e 1945, pintou 9 painéis para o novo prédio do Ministério de Educação e Cultura, com temas dos ciclos econômicos de Brasil, entre eles: Algodão, Carnaúba, Borracha, Cana de Açúcar, Cacau,  Pau-Brasil e Fumo.

Portinari
Algodão

Em 1939, Portinari criou 3 painéis para o pavilhão brasileiro na Feira Mundial de Nova Iorque. Nesse ano, nasceu seu filho João Candido. Em 1942 pintou os afrescos da Biblioteca do Congresso, em Washington.

Em 1944 foi convidado pelo arquiteto Oscar Niemeyer para decorar a capela da Pampulha em Belo Horizonte. Pintou o “São Francisco” e as 14 cenas da “Via Sacra”. A guerra levou a obra de Portinari à vigorosa fase expressionista. Em consequência das objeções estéticas das obras, com imagens contorcidas, durante anos a Igreja recusou a consagração do templo. 

Cândido Portinari
Via Crucis (1944)

Também dessa fase é a série Retirantes (1946), com seus personagens esquálidos, mutilados e maltrapilhos, que foi exposta em Paris e teve uma das tela adquirida pelo Museu de Arte Moderna.

Portinari
Família de Retirantes (1944)
Cândido Portinari
Menino Morto (1944)

Em 1945, Portinari pintou a tela Mulher Junto ao Pilão, quando de novo aparece o tema do trabalho humilde e da pobreza, traduzindo o afeto que o pintor sentia pelo povo simples.

Cândido Portinari
Mulher Junto ao Pilão (1945)

Em 1940, Portinari pintou o grande painel, Tiradentes, para o Colégio Cataguases em Minas Gerais. Em 1952, pintou o painel A Chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, para a matriz do Banco da Bahia, em Salvador..

Nesse mesmo ano, começou o estudo para a elaboração dos dois grandes painéis Guerra e Paz para a sede da ONU em Nova Iorque, que só foram concluídos em 1956.

Candido Portinari
Guerra e Paz

Nos últimos anos da década de 50, o Modernismo brasileiro deu um passo além do expressionismo, mas Portinari permanece fiel ao seu estilo, uma vez que o abstracionismo pusera em crise todo o seu mundo estético.

Em 1960 nasceu sua neta Denise, que passou a ser tema de seus últimos trabalhos – uma série de retratos que denotam a influência cubista.

Cândido Portinari
Denise a Cavalo (1958)

Candido Portinari faleceu no Rio de Janeiro, no dia 6 de fevereiro de 1962, vítima de intoxicação das tintas que utilizava.

Gostou desse breve percurso pela biografia de Candido Portinari? Prove também o artigo: Descubra as biografias dos maiores pintores brasileiros.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
Veja também as biografias de:
  • Romero Britto (1963) é um pintor e escultor brasileiro. Radicado em Miami, no...
  • Di Cavalcanti (1897-1976) foi um pintor brasileiro. Apesar da influência cubi...
  • Vicente do Rego Monteiro (1899-1970) foi um pintor brasileiro. Seus quadros f...
  • Pedro Américo (1843-1905) foi um pintor brasileiro. A tela O Grito do Ipirang...
  • Cícero Dias (1907-2003) foi um pintor, desenhista e ilustrador brasileiro, gra...
  • Ismael Nery (1900-1934)foi um pintor brasileiro, considerado um dos precursor...
  • Victor Meirelles (1832-1903) foi um pintor e professor do Brasil Império, um...
  • Iberê Camargo (1914-1994) foi um pintor, gravador, desenhista, escritor e pro...
  • Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) foi um pintor, desenhista, ilustrador e...
  • Lula Cardoso Ayres (1910-1987) foi um pintor brasileiro. Realizou exposições...