Caravaggio

Caravaggio (1571-1610) foi um pintor italiano, o mais revolucionário artista do Barroco, reconhecido pela grande expressividade de suas obras e pelo espetacular contraste entre luz e sombra.

A pintura de Caravaggio, uma das mais originais da história da arte, exibiu um realismo cru, desprezando a beleza ideal para encher suas telas religiosas de tipos populares encontrados nas ruas de Roma.

Michelangelo Merisi, conhecido como Caravaggio, nasceu na pequena vila de Caravaggio, (que mais tarde incorporou ao seu nome), na Itália, no dia 28 de setembro de 1571. Filho de Fermo Merisi, um mestre de obras, ficou órfão de pai com onze anos de idade. Com 13 anos foi para Milão, onde trabalhou como aprendiz do pintor Simone Petrazano, discípulo maneirista do pintor Ticiano.

Em 1592, Caravaggio foi para Roma, onde trabalhou no ateliê de Giuseppe Cesari e logo se destacou não só por sua originalidade, mas também por sua vida irregular em que se sucediam brigas e episódios que revelavam seu caráter tempestuoso.

Primeiras Obras

Nas primeiras pinturas de Caravaggio, em que o artista combina a figura humana com as tavernas e com a natureza morta, já é evidente o emprego estético do jogo de luzes e sombras criando volume e profundidade. É dessa época: O Rapaz com Cesto de Frutas e Os Trapaceiros:

Obra-prima

Uma das obras-primas de Caravaggio é a Medusa, uma pintura a óleo sobre tela montada sobre madeira, que retrata o rosto da Medusa - personagem da mitologia grega, com serpentes na cabeça. Supõe-se que o modelo foi o próprio Caravaggio, que teria pintado sua careta refletida em um espelho.

Na impressionante obra Judite e Holofernes, feito por volta de 1598, a passagem bíblica ganha tom de filme de terror: a espada da donzela faz jorrar sangue do pescoço do guerreiro com detalhismo gráfico, enquanto uma idosa espia com os olhos arregalados:

Outra obra de Caravaggio inspirada na mitologia grega foi a tela Narciso, que apesar de questionada a sua autoria, foi finalmente conferida a Caravaggio:

Barroco Italiano

A pintura barroca desenvolve-se rapidamente na Itália e o maior representante do estilo foi Caravaggio, o mestre do realismo e do contraste de luz e sombra que explorava uma dramaticidade profunda. O pintor reunia na cena principal, em primeiro plano, personagens sob um foco de luz que os destacavam de um fundo muito escuro - estilo que ganhou o nome de “tenebrismo”, a fim de dar efeitos escultóricos do modelado.

Sob temáticas religiosas e dominadas por uma intensa ação dramática, Caravggio realizou diversas obras-primas do Barroco, encomendadas pelas igrejas, entre elas: Vocação de São Mateus, Martírio de São Mateus e São Mateus e o Anjo, para os retábulos da igreja de San Luigi de Francesi, em Roma, e A Crucificação de São Pedro e a Conversão de São Paulo (cegado pela luz de Cristo, o santo cai no chão), para a igreja de Santa Maria del Popolo, em Roma.

Últimas Obras

Caravaggio desfrutou a fama, mas alguns trabalhos eram considerados indecorosos pela Igreja Católica. Feita sob uma encomenda, a obra “A Morte da Virgem” foi recusada por contrariar o dogma da ascensão de Maria, que foi retratada com um vestido vermelho e parte das pernas de fora.

Sempre envolvido em intrigas, em 1606, Caravaggio matou um adversário durante um jogo e se viu obrigado a fugir de Roma e passou seus últimos anos em fuga, percorrendo várias cidades, até chegar à ilha de Malta, onde pintou a “Decapitação de São João Batista”, na catedral de La Valleta.

Morte

Caravaggio levou uma vida repleta de brigas violentas, duelos e prisões, e teve que fugir de Malta para escapar de uma condenação certa. Na viagem de volta a Roma, em sua passagem por Nápoles, envolveu-se em outra briga.

Caravaggio faleceu na praia de Porto Ercole, na Toscana, Itália, no dia 18 de julho de 1610, depois de ter se envolvido em uma briga. Só no século XX sua obra ocupou um lugar central na história da arte.

Curiosidades:

• Frequentador do submundo de Roma, Caravaggio buscava modelos entre músicos, vendedores de rua, ciganas e prostitutas.
• O artista espantou os fieis ao representar São Tomé enfiando o dedo de legista em uma ferida de Jesus ressuscitado, na tela “São Tomé, o Incrédulo” (1599).
• No dia 18 de julho de 2010, nas comemorações de 400 anos da morte de Caravaggio, além de uma exposição colossal em Roma, um evento bizarro em Porto Ercole, exibia a ossada do artista, identificada entre 200 esqueletos enterrados na igreja local.
• O gênio do claro e escuro morreu com 38 anos e julgava-se que sua obra não passava de 50 pinturas, mas foram encontradas em Milão 100 desenhos do artista, pintados na adolescência, que foram procurados por mais de um século.