Iberê Camargo
Biografia de Iberê Camargo
Iberê Camargo (1914-1994) foi um pintor, gravador, desenhista e professor brasileiro. Ficou conhecido pela pintura de carretéis, pelos ciclistas e pelas figuras amorfas que ele dava o nome de idiotas.
Iberê Bassani de Camargo nasceu em Restinga Seca, Rio Grande do Sul, no dia 18 de novembro de 1914. Era filho de Adelino Alves de Camargo, ferroviário, e de Doralice Bassani. Com 13 anos foi morar com sua avó em Santa Maria da Boca do Monte.
Formação
Com 14 anos, Iberê ingressou no curso de pintura e desenho na Escola de Artes e Ofícios da Companhia dos Funcionários da Viação Férrea.
Com 17 anos conseguiu seu primeiro emprego, na função de desenhista, no 1º Batalhão Ferroviário da cidade de Jaguari.
Entre 1936 e 1939 morou em Porto Alegre, onde estudou no Curso Técnico de Arquitetura do Instituto de Belas Artes de Porto Alegre (IBA).
Durante o curso no IBA, Iberê conheceu a estudante Maria Coussirat com quem se casou em 1939.
Em 1942, Iberê realizou uma exposição individual no Palácio Piratini, sede do governo do Rio Grande do Sul. São dessa época as pinturas de pessoas e as paisagens.

Nesse mesmo ano recebeu uma bolsa de estudos, concedida pelo governo, e mudou-se para o Rio de Janeiro.
No Rio de Janeiro, Iberê ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, mas não satisfeito com a proposta acadêmica da instituição desistiu do curso.
Por indicação do pintor Portinari, Iberê ingressou no curso livre de desenho de Alberto da Veiga Guignard. A partir de então, passou a produzir cada vez mais. É dessa época o autorretrato.

Em 1947, Iberê recebeu o prêmio de viagem ao exterior e, em 1948 foi para a Europa. Estudou em Roma e em Paris.
Em 1950, voltou ao Brasil e, em 1952 tornou-se membro da Comissão Nacional de Artes Plásticas. No ano seguinte fundou o curso de gravura do Instituto Municipal de Belas Artes do Rio de Janeiro, hoje Escola de Artes Visuais do Parque Lage.
Em 1954, Iberê participou, junto com Djanira da Motta e Silva e Milton Dacosta, da organização do Salão Preto e Branco e, em 1955 participou do Salão Miniatura, ambos realizados em protesto para a redução dos impostos cobrados na compra de boas tintas importadas.
Em 1956, Iberê estava sofrendo com uma hérnia de disco e se isolou em seu ateliê carioca. Nessa período, surgiu em sua arte a obsessão por pintar os carretéis, lembrança de quando brincava com eles na infância.

Em seguida, os carretéis e cubos passaram a preencher as telas com uma convulsão de cores e pinceladas grossas.
Entre os anos de 1960 e 1965, Iberê promoveu um curso livre de pintura no Teatro São Pedro, em Porto Alegre.
Em 1966 pintou um painel de 49 metros quadrados, oferecido pelo Brasil à Organização Mundial de Saúde, em Genebra, na Suíça.
Em 1970, Iberê Camargo começou a lecionar na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Prisão
Em dezembro de 1980, com 66 anos, o pintor saiu de casa, no Rio de Janeiro, com sua secretária para comprar cartão de natal. Tendo porte de arma, se envolveu em um incidente que mancharia sua biografia.
Com seu temperamento irritado, teria se desentendido com um engenheiro que o teria agredido, matando o indivíduo com dois tiros. Depois de um mês na cadeia e da absolvição por legítima defesa, ele voltou para o Rio Grande do Sul.
No fim da vida, a pintura de Iberê Camargo deu outra guinada, quando ele passou a retratar, segundo ele, "patéticos ciclistas que transitam do nada a lugar nenhum".

Na década de 90, Iberê produziu algumas obras que ele denominou "fantasmagóricas idiotas".
Ao longo de sua carreira, Iberê produziu mais de sete mil obras, entre pinturas, desenhos, gravuras e guaches. Publicou Tratado Sobre Gravura em Metal (1964), o livro técnico A Gravura (1992) e o livro de contos No Andar do Tempo: 9 Contos e um Esboço Autobiográfico (1988).
É em Porto Alegre, em um prédio projetado pelo arquiteto português Álvaro Siza, que hoje funciona a Fundação Iberê Camargo:
No prédio da Fundação, estão reunidos uma vasta produção artística e os diversos documentos que completam sua obra e registram sua trajetória, que o artista e sua esposa Maria Coussirat Camargo, tiveram o cuidado de preservar.
Iberê Camargo faleceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no dia 8 de agosto de 1994, em decorrência de um câncer de pulmão.
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