Camilo Pessanha

Poeta português
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Camilo Pessanha

Camilo Pessanha (1867-1926) foi um poeta português, o melhor representante do Simbolismo de Portugal. Sua poesia é marcadamente pessimista, sendo notória sua rejeição pelo mundo material.

Infância e Formação

Camilo de Almeida Pessanha, conhecido como Camilo Pessanha, nasceu em Coimbra, Portugal, no dia 7 de setembro de 1867. Filho de Antônio de Almeida Pessanha, um estudante do terceiro ano de Direito, e de Maria do Espírito Santo Duarte Nunes Pereira, uma criada de sua casa.

Camilo Pessanha completou seu curso primário em Lamego, e em seguida estudou no Liceu Central de Mondego. Em 1884, ingressou na Universidade de Coimbra.

Durante o período acadêmico, levava uma vida boêmia, o que refletia em sua saúde. Publicava seus poemas em revista e jornais, entre eles, “A Crítica”, de Coimbra e o “Novo Tempo”, de Mangualde. Nas férias, tentava se restabelecer, na casa da família, na Quinta de Marmelos, em Mirandela.

Em 1891, concluiu o curso de Direito. No ano seguinte foi nomeado Procurador Régio de Mirandela. Dois anos depois vai para Óbidos, onde advoga até 1894. Após passar em concurso, segue para Macau, colônia portuguesa, na China, para lecionar Filosofia, no recém-criado Liceu de Macau.

Carreira Literária

Camilo Pessanha escrevia seus poemas desde os 18 anos, mas não guardava os originais, sabia-os de cor e recitava para os amigos. Alguns de seus poemas foram publicados nas revistas “Ave Azul” e “Centauro”.  

Em 1920, graças a seu primo João de Castro Osório, que copiou seus poemas e sonetos, e preparou o livro que Camilo deu o nome de “Clépsidra”, onde reuniu as características essenciais do Simbolismo português.

A Poesia Simbolista

Camilo Pessanha é considerado o melhor representante do Simbolismo português. Inadaptado à realidade, carrega na alma a dor de existir, enquadrando-se perfeitamente nos padrões da nova escola.

Na elaboração de seus poemas, Camilo Pessanha joga com as palavras, rompe com as tradicionais estruturas, para criar uma arte meticulosa no tratamento musical e vocativo do verso:

Soneto

Chorai arcadas
Do violoncelo!
Convulsionadas,
pontes aladas
De pesadelo...

De que esvoaçam,
brancos, os arcos.
Por baixo passam,
Se despedaçam,
No rio, os barcos.

Fundas, soluçam
Caudais de choro...
Que ruínas, (ouçam)!
Se se debruçam,
Que sorvedouro! (...)

A cor, a música e a pintura local constituem imagens vivas em sua poesia. Impressões sensoriais sugerem uma atmosfera abstrata, que assume proporções simbólicas no momento da criação artística, como no verso:

Peixinhos da mais alva porcelana,
Conchinhas tenuemente cor de rosa,
Na fria transparência luminosa
Repousam fundos, sob a água plana.

A união de seus pais, ele um aristocrata, e ela na condição de criada, refletiu em algumas de suas obras, entre elas, a novela “Segundo Amante”. Para sua irmã, escreveu o poema “Madalena”.

O amor de Camilo Pessanha pela civilização chinesa resultou na incorporação de notas orientais em sua poesia. Postumamente, foi publicado “China” (1944), uma coletânea de ensaios sobre a civilização e a literatura chinesa.

Camilo Pessanha faleceu em Macau, na China, no dia 1 de março de 1926.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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