Paulinho da Viola

Cantor e compositor brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Paulinho da Viola

Paulinho da Viola (1942) é um cantor, compositor e violonista brasileiro, um dos mais importantes representantes do samba e da Música Popular Brasileira.

Paulinho da Viola, nome artístico de Paulo César Batista de Faria, nasceu no bairro do Botafogo, Rio de Janeiro, no dia 12 de novembro de 1942. Era filho de Benedito César Ramos de Faria e de Paulina Batista dos Santos, uma família de classe média em que tudo era pretexto para uma festa.

Seu pai, violonista, era integrante da primeira formação do grupo de choro "Época de Ouro". Desde pequeno, Paulinho conviveu com grandes nomes do choro, como Pixinguinha e Jacob do Bandolim.

Infância e juventude

Enquanto estudava no colégio Joaquim Nabuco, Paulinho tratava de aprender a tocar violão por conta própria. Depois teve como professor Zé Maria, amigo de seu pai.

Ainda jovem, observando o pai tocando, decidiu que iria tocar o mesmo instrumento, mas seu pai não gostou da ideia e dizia que o filho teria que ser doutor (mais tarde ele contou essa história no samba Catorze anos).

Paulinho passava os fins de semana na casa de uma tia, em Vila Valqueire onde participava das primeiras noitadas de samba e boemia.

Com um grupo de amigos formou o bloco “Foliões da Amália Franco”, que depois se transformou em um pequeno conjunto.

Em 1959 conheceu o violonista Chico Soares, apelidado de Canhoto da Paraíba, e ficou impressionado ao vê-lo tocando com a mão esquerda sem precisar inverter as cordas.

Primeiras composições

Naquela época, entrou pela primeira vez em uma escola de samba, a União de Jacarepaguá, quando passou a ter contato com grandes sambistas e compôs seu primeiro samba para a escola, “Pode Ser Ilusão” (1962), que nunca chegou a ser gravado.

Em 1963 foi convidado por Oscar Bigode, diretor da bateria da Portela e primo de Paulinho, para mudar de escola.

O primeiro encontro de Paulinho com a ala de compositores da Portela se deu no Bar do Nozinho, quando mostrou a música “Recado”, um samba do qual só havia feito a primeira parte.

Naquele momento, junto com Casquinha, fez a segunda parte, e Paulinho estava aprovado como compositor e ganhara seu primeiro parceiro.

Começou a se enturmar na Portela, mas continuou seus estudos e concluiu o curso de técnico em contabilidade. Trabalhava em um banco e quando saia do trabalho ia para as noitadas de samba.

Depois de conhecer o poeta Hermínio Bello de Carvalho e colocar música em seus versos ele foi levado para participar dos shows no bar Zicartola, de Cartola e Zica, local que virou um reduto do samba e do chorinho.

Em 1964 passou a se dedicar exclusivamente à música. Em 1965 participou do musical “Rosa de Ouro”, que foi apresentado no Rio, em São Paulo e na Bahia, que resultou na gravação do disco, “Roda de Samba”.

Em 1965, a Musidisc pediu a Zé Kéti que levasse alguns sambistas ao estúdio para gravarem uma fita com sambas que serviriam de sugestão para outros intérpretes da gravadora.

Ze Kéti levou Paulinho, Élton Medeiros, Anescar, Jair do Cavaquinho e Zé Cruz. A gravação ficou tão boa que foi lançada no LP “Roda de Samba 2”.

A música de abertura foi “Recado”, feita por Paulinho em parceria com Casquinha. Ao mesmo tempo, nascia o conjunto “A Voz do Morro”, tirado do título do samba de Zé Kéti.

Nessa época, ele passou a adotar o nome “Paulinho da Viola”, sugerido por Zé Kéti e pelo jornalista Sérgio Cabral. Começava a ser conhecido não só como compositor, mas também como cantor.

Em 1966, além de ter gravado o terceiro disco com o grupo “A Voz do Morro”, participou da primeira vez de um festival da Record, com a música “Canção Para Maria”, em parceria com Capinam, que ficou em terceiro lugar.

Em 1968, Paulinho lançou seu primeiro disco solo, “Paulinho da Viola”. Com composições suas e outras com parceiros, e mais três de Cartola.

Em 1969, Paulinho lançou a música “Sinal Fechado”, no V Festival de Música Popular Brasileira na TV Record de São Paulo, alcançando o primeiro lugar.

Foi um Rio Que Passou em Minha Vida

Em 1970, Paulinho gravou seu segundo disco, que lançou a música “Foi Um Rio Que Passou em Minha Vida”, sucesso do carnaval da Portela, que se tornou um clássico de seu repertório.

Lançada no terreiro da escola, a música de Paulinho  conseguiu a preferência geral e durante os ensaios, apesar de ter uma letra bem comprida foi cantada por todos os presente.

Se um dia

Meu coração for consultado
para saber se andou errado
Será difícil negar...
Meu coração tem mania de amor
Amor não é fácil de achar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou
Só um amor pode apagar!
Ficou, ficou...

Nervos de Aço

Em 1973, Paulinho  lançou o LP “Nervos de Aço”. A faixa título, de autoria de Lupicínio Rodrigues se tornou uma das melhores interpretações do cantor:

Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
Ter loucura por uma mulher
E depois encontrar esse amor, meu senhor
Nos braços de um outro qualquer...

Em 1974, Paulinho tentou preservar o choro, com o show “Sarau”, apresentado no Teatro da Lagoa, em homenagem a Jacob do Bandolim.

Em 1975, a música composta e cantada por Paulinho foi tema da novela de mesmo nome lançada pela Globo. A música foi selecionada entre três composições e saiu vitoriosa.

Pecado Capital

Dinheiro na mão é vendaval
É vendaval
Na vida de um sonhador
De um sonhador
Quanta gente aí se engana
E cai da cama
Com toda a ilusão que sonhou
E a grandeza se desfaz
Quando a solidão é mais
Alguém já falou...

 Em 2003, Paulinho lançou o documentário “Meu Tempo é Hoje”, que conta a rotina do artista e mostra os encontros musicais com a Velha Guarda da Portela, Marina Lima, Élton Medeiros, Zeca Pagodinho e Marisa Monte. Em 2017, Paulinho da Viola recebeu Marisa Monte para um show nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Família

Em 1965, Paulinho namorou Alcinéia Pereira e com ela teve sua primeira filha, Eliana Faria, que seguiu a carreira de cantora.

Em 1968, na festa de bodas de prata de seus pais, Paulinho conheceu Isa Dantas, a filha de Raymundo Souza Dantas, ex-embaixador do Brasil em Gana. Em maio do mesmo ano já estavam casados. Do relacionamento com Isa nasceram duas filhas, Iris e Julieta.

Em 1978, Paulinho casou-se com Lila Rabelo e com ela teve quatro filhos, Beatriz, Cecília, João e Pedro. Beatriz e João seguiram a mesma carreira do pai.

Entre outros sucessos de Paulinho da Viola destacam-se:

  • Sei Lá, Mangueira
  • Catorze Anos
  • Coisas do Mundo, Minha Nega
  • Sinal Fechado
  • Dança da Solidão
  • Jurar Com Lágrimas
  • Guardei Minha Viola
  • Argumento
  • Amor à Natureza
  • Perdoa
  • Sentimento Perdido
  • Coração Leviano
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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