Dalton Trevisan

Escritor brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Dalton Trevisan

Dalton Trevisan (1925) é um escritor brasileiro. Recebeu o Prêmio Camões de 2012, pelo conjunto da obra. É considerado o maior contista brasileiro contemporâneo. A publicação do seu livro "O Vampiro de Curitiba" (1965) lhe valeu o apelido por causa de seu temperamento recluso.

Dalton Jérson Trevisan nasceu em Curitiba, Paraná, no dia 14 de junho de 1925. Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Paraná. Exerceu a advocacia durante sete anos, mas abandonou a atividade para trabalhar na fábrica de cerâmicas da família.

Carreira literária

Dalton Trevisan estreou na literatura com a novela “Sonata ao Luar” (1945). Entre 1946 e 1948, liderou em Curitiba o grupo literário que publicava a revista “Joaquim”.

Em 1946, Dalton publicou na revista seu segundo livro de ficção, "Sete Anos de Pastor" (1946), posteriormente, seus primeiros livros foram renegados pelo próprio autor.

A revista Joaquim tornou-se porta voz de vários escritores, críticos e poetas. Reunia ensaios de Antônio Cândido e Mário de Andrade e poemas de Carlos Drummond de Andrade.

A revista trazia traduções de Marcel Proust, Kafka, Sartre, entre outros. Era ilustrada por Di Cavalcanti e Heitor dos Prazeres.

Ao longo de alguns anos produziu textos sem publicá-los. Em 1950 passou seis meses na Europa.

A partir de 1954, publicava seus contos em forma de folhetos, à moda da literatura de cordel, nos quais registrava o cotidiano notadamente situado na metrópole curitibana. Publicou Guia Histórico de Curitiba, Crônicas da Província de Curitiba, O Dia de Marcos e Os Domingos ou Ao Armazém do Lucas.

Dalton Trevisan ganhou repercussão nacional a partir de 1959, com a publicação de Novelas Nada Exemplares, que reuniu sua de produção literária. Recebeu pela obra, o Prêmio Jabuti de Câmara Brasileira do Livro. Recluso, mandou um representante para recebê-lo.

Mestre incomparável da narrativa brasileira, e inspirado nos habitantes da cidade, criou personagens e situações de significado universal, em que as tramas psicológicas e os costumes são recriados por meio de uma linguagem concisa e popular, que valoriza os incidentes do cotidiano sofrido e angustiante.

Em seguida publicou Cemitério dos Elefantes (1964) e O Vampiro de Curitiba (1965). Por seu temperamento recluso e avesso a entrevistas, recebeu o apelido de "Vampiro de Curitiba". 

Publicou também A Morte na Praça (1965) e Desastres do Amor (1968). Isolado dos meios intelectuais, nesse mesmo ano recebeu mais uma vez o Prêmio Jabuti, no I Concurso Nacional de Contos, promovido pelo Estado do Paraná.

Seu livro, A Guerra Conjugal, publicada em 1969, posteriormente foi transformada em um premiado filme, dirigido por Joaquim Pedro de Andrade.

Chorinho Brejeiro

Em 1981, Trevisan publicou Chorinho Brejeiro, no qual reúne treze contos em uma longa sessão de “chorões a trabalhar o som da melancolia e da raiva, da solidão e da desforra, da lembrança e das expectativas. Mas tudo envolvido pela brejeirice anunciada.

“Seu João”, “Dona Maria”, o “Sargento” ou “Rosinha” são nomes que se repetem ao longo dos contos. Uma história comum, não delatada pela sutileza do autor, reúne-os na aventura cotidiana.

O conjunto parece um longo romance de onde foi retirado tudo que é supérfluo. Reúne diálogos decisivos, em que o amor, sentimento que não dá trégua, surge como sedução, abandono, traição, dissimulação e promessa.

Onírico, realista, coloquial, retórico, Trevisan constrói uma narrativa na qual a velhice e a morte envolvem os temas, fechando o ciclo exato da vida: a juventude e a esperança quase sempre dolorosa, a idade madura e a velhice.

Prêmios

Dedicado exclusivamente ao conto, só teve um romance publicado A Polaquinha (1985). Em 1994 publicou Ah, é? Obra-prima do estilo minimalista.

Em 1996 recebeu o Prêmio Ministério da Cultura de Literatura, pelo conjunto de sua obra.

Em 2003 dividiu com Bernardo de Carvalho o I Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira, com o livro Pico na Veia.

Dalton Trevisan foi o vencedor da 24.ª edição do Prêmio Camões de 2012. Anunciado no dia 21 de maio. Foi eleito por unanimidade pelo júri, pelo conjunto da obra. O Prêmio Camões é uma das maiores honrarias para autores da língua portuguesa. É uma parceria entre os governos do Brasil e de Portugal, e a cada ano acontece em um dos dois países.

Nesse mesmo ano, recebeu também o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra.

Outras Obras de Dalton Trevisan

  • Mistérios de Curitiba (1968)
  • A Guerra Conjugal (1969)
  • O Rei da Terra (1972)
  • O Pássaro de Cinco Asas (1974)
  • A Faca no Coração (1975)
  • Abismo de Rosas (1976)
  • A Trombeta do Anjo Vingador (1977)
  • Crimes de Paixão (1978)
  • Primeiro Livro de Contos (1979)
  • Vinte Contos Menores (1979)
  • Virgem Louca, Loucos Beijos (1979)
  • Lincha Tarado (1980)
  • Essas Malditas Mulheres (1982)
  • Meu Querido Assassino (1983)
  • Contos Eróticos (1984)
  • Noites de Amor em Granada (1988)
  • Pão e Sangue (1988)
  • Em Busca de Curitiba Perdida (1992)
  • Dinorá – Novos Mistérios (1994)
  • 234 (1997)
  • Quem Tem Medo de Vampiro? (1998)
  • O Grande Deflorador (2002)
  • Capitu Sou Eu (2003)
  • Cantinhos Galantes (2003)
  • Arara Bêbada (2004)
  • Macho Não Ganha Flor (2006)
  • O Maníaco do Olho Verde (2008)
  • Violetas e Pavões (2009)
  • Desgracida (2010)
  • O Anão e a Nifesta (2011)
  • A Mão e a Pena (2014)
  • O Beijo na Nuca (2014)
  • Antologia Pessoal (2023)
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
Veja também as biografias de: