Dandara dos Palmares
Biografia de Dandara dos Palmares
Dandara dos Palmares foi uma brava lutadora quilombola na época do Brasil colonial. Ao fugir dos engenhos, os escravos organizavam-se em quilombos, redutos onde podiam restaurar seus costumes africanos violentados pela escravidão.
Esposa de Zumbi dos Palmares, Dandara viveu no Quilombo dos Palmares, no Sul da então Capitania de Pernambuco, na Serra da Barriga (atual território do estado de Alagoas) no século XVII, e deu grande contribuição na resistência contra a opressão sofrida pelos escravos.
A data e local de seu nascimento são um mistério. Não há registros que determinem sua história. Entretanto, supõe-se que viveu em Palmares desde menina e ajudou na construção social da comunidade do mais conhecido local de resistência negra brasileira, que durou por volta de um século.
Contexto Histórico
Na segunda metade do século XVI, a Capitania de Pernambuco possuía mais de 60 engenhos de açúcar, porém as dificuldades de utilizar o índio como força de trabalho, foram resolvidas com o tráfico de escravos africanos, que começaram a chegar ao Brasil a partir de 1532.
A economia da colônia dependia quase exclusivamente do trabalho realizado pelos escravos africanos, que eram mantidos sob severa vigilância e duramente castigados ao menor sinal de rebeldia.

Os escravos fugiam constantemente dos engenhos, sozinhos ou em grupos, e formavam quilombos: aldeias formadas por negros fugitivos, que ali podiam viver em liberdade e de acordo com sua cultura.
Em 1600 algumas dezenas de escravos fugitivos já estavam instalados na serra da Barriga, onde se formou o Quilombo dos Palmares, o maior deles, chegando a ter 20 mil habitantes.
Dandara, Zumbi e o Quilombo dos Palmares
Conta-se que no começo do século XVII, chegou ao quilombo a escrava fugitiva Aqualtune, que havia sido princesa na África. Aqualtune fez família no quilombo e teve dois filhos: Ganga Zumba e Gana Zona que se tornaram chefes dos mais importantes mucambos do quilombo.
Aquatume também tivera filhas e uma delas deu-lhe um neto, nascido quando o quilombo esperava um ataque dos holandeses que eram senhores de Pernambuco. Para sensibilizar o deus da guerra, deu ao filho o nome de Zumbi.
A primeira expedição holandesa chegou em Palmares em 1644, que conseguiu matar por volta de 6 mil negros, porém muitos haviam fugido. Em 1645 uma nova expedição holandesa atacou o quilombo, fato bem documentado no Diário da Viagem do Capitão Jan Blaer. Segundo o diário, o Novo Palmares era constituído de 220 casas e no meio delas erguia-se uma grande casa de conselho.
Continuou relatando: Queimamos o Palmares com todas as casas existentes em roda, bem como os objetos nelas contidos, que eram cabaças, balaios e potes fabricados ali mesmo. A verdade é que a maior parte da população havia fugido.
Nessa época, Zumbi dos Palmares, o grande líder do quilombo, já estava unido a jovem Dandara e com ela teve três filhos, Motumbo, Harmódio e Aristogíton. Dandara exercia as funções domésticas e rotineiras, mas também se tornou hábil na arte da capoeira, aprendeu a manusear armas e foi uma grande estrategista na defesa de seu povo e lugar.
Palmares é conhecido por ter sido o maior e mais duradouro agrupamento de pessoas escravizadas que conseguiam fugir do cativeiro, além de acolher também outras populações marginalizadas, como brancos pobres e indígenas.
A agricultura por lá era baseada no cultivo de mandioca, milho, cana-de-açúcar, feijão, batata-doce e banana. Os palmarinos, como eram chamados, também faziam transações comerciais de artefatos em cerâmica e madeira com as vilas vizinhas.
Mesmo localizado em uma área de difícil acesso e com a vigilância constante dos moradores, a comunidade passou a sofrer novos e frequentes ataques em: 1671, 1673, 1674 e 1675.
O rompimento de Zumbi com Ganga-Zumba
Em 1678, o governador de Pernambuco, Pedro de Almeida mandou um alferes para propor a paz com o quilombo. Foram oferecidas condições vantajosas aos antigos escravos: teriam suas próprias roças em áreas delimitadas, o principal chefe negro ficaria como mestre de campo, e os nascidos em Palmares serviriam como soldados quando necessário.
Pressionado, Ganga-Zumba assinou um acordo com a Coroa Portuguesa que definia a libertação de palmarinos capturados e a dos que nascessem no quilombo, além de permitir o comércio, mas que em troca obrigava a entrega de novos fugitivos que procurassem a comunidade.
Zumbi e Dandara não aceitaram o acordo pois buscavam a libertação completa do povo negro. Assim, romperam com Ganga-Zumba e assumiram a liderança de Palmares. Muitos habitantes foram favoráveis a eles e o antigo líder acabou sendo envenenado. A luta estava recomeçando.
Em 1691, o bandeirante Domingos Jorge Velho foi chamado para liderar uma grande e definitiva campanha militar contra Palmares. Foram três anos de luta, até que em 1694 se deu a investida final, quando os principais guerreiros, vendo-se perdidos lançaram-se de um alto rochedo, preferindo o suicídio ao cativeiro.
Morte de Dandara e de Zumbi
Dandara prezava muito por sua liberdade, ao ser capturada pelo governo, em fevereiro de 1694, tomou a difícil e corajosa decisão de se jogar de um penhasco, junto com inúmeros guerreiros. Ela preferiu acabar com sua vida do que ser escravizada.
Uma carta do governador de Pernambuco de 18 de fevereiro de 1696, narrando o acontecimento, diz, referindo-se aos negros, que errando o caminho grande parte deles caiu de uma rocha tão alta que se fizeram em pedaços. É possível que, conhecendo bem a região não tivessem errado o caminho e sim preferido a morte à escravidão.
Zumbi conseguiu fugir, mas foi traído em 20 de novembro de 1695, e preso por André Furtado de Mendonça, cabo da tropa de Domingos Velho, que imediatamente o degolou.
Em homenagem a Zumbi no dia 20 de novembro é comemorado o Dia da Consciência Negra.
Filme: Quilombo é um filme de coprodução brasileira e francesa de 1984, dirigido por Cacá Diegues. Dandara foi interpretada pela atriz Zezé Motta.
Em 2007 foi implantado O Parque Memorial Quilombo dos Palmares em um platô (área plana) do alto da Serra da Barriga, Alagoas.
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