Cacá Diegues

Cineasta brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Cacá Diegues

Cacá Diegues (1940) é um cineasta brasileiro. Fez parte da geração de jovens cineastas que entre as décadas de 50 e 60 iniciaram o movimento conhecido como Cinema Novo.

É autor de diversos títulos entre longas-metragens, curtas e documentários como os clássicos A Grande Cidade (1966), Xica da Silva (1976), Bye Bye Brasil (1980) e Deus é Brasileiro (2003).

Carlos José Fontes Diegues, conhecido por Cacá Diegues, nasceu em Maceió, Alagoas, no dia 19 de maio de 1940. Filho do antropólogo Manuel Diegues Júnior (Manelito) e de Zairinha com seis anos mudou-se com a família para o Rio de Janeiro.

Desde criança, Cacá já era fã de cinema. Foi aluno do Colégio Santo Inácio e em seguida ingressou no curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Na universidade, presidiu o Diretório Estudantil.

Carreira de cineasta

Ainda estudante, Cacá Diegues fundou um cineclube junto com os também futuros cineastas David Neves e Arnaldo Jabor. Dirigiu o jornal O Metropolitano, órgão oficial da União Metropolitana de Estudantes. Integrou o Centro Popular de Cultura, ligado à União Nacional dos Estudantes.

No início dos anos 60, Cacá se juntou aos jovens cineastas Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Walter Lima Jr, entre outros, e iniciaram o movimento que ficou conhecido como “Cinema Novo” que pretendia mudar a história do cinema retratando questões sociais e políticas.

Depois de lançar “Fuga e Brasília” em 1961, Cacá lançou, com a colaboração de David Neves e Affonso Beato, o curta-metragem – “Domingo” um dos filmes pioneiros do Cinema Novo.

Em 1962, Cacá dirigiu – “Escola de Samba Alegria de Viver”, um dos documentários de “Cinco Vezes Favela”, que reuniu cinco curtas-metragens produzido pela UNE, considerado uma das obras fundamentais para o novo movimento do cinema.

Época da Ditadura Militar

Em 1964, seu filme “Ganga Zumba” foi apresentado no Festival de cinema em Cannes. Nesse mesmo ano, foi instalada uma ditadura militar no Brasil para combater a revolução comunista.

Cacá Diegues participou de uma resistência intelectual e política, sendo alvo da repressão por seu espírito combativo e inquieto. Foi submetido a questionários e inquéritos. Seus filmes foram censurados e em 1969 teve que sair do país.

Entre 1969 e 1970, Cacá viveu na Itália e depois em Paris, em companhia da cantora Nara Leão, então sua esposa. A primeira filha do casal nasceu em Paris, em 1970.

cacá diegues
Cacá Diegues e Nara Leaõ

Em 1970, em plena ditadura, Cacá retornou ao Brasil e inaugurou um período de grande popularidade do cinema brasileiro com os filmes “Quando o Carnaval Chegar” (1972) e “Xica da Silva”, (1976), que recebeu o Prêmio Molière de Melhor Filme e Melhor Direção.

Nos anos seguintes, o cineasta lançou: "Chuvas de Verão" (1978), "Bye Bye Brasil" (1979), dois de seus maiores sucessos, "Quilombo" (1984) e "Dias Melhores Virão" (1990), lançado depois do fim da ditadura que perdurou até 1985.

Em 1993, depois da promulgação da nova Lei do Audiovisual, Cacá lançou vários sucessos, entre eles, "Tieta do Agreste" (1996), "Orfeu" (1999) e "Deus é Brasileiro" (2003).

Nessa época, Cacá teve seus filmes selecionados para concorrer em vários festivais internacionais de cinema, entre eles Cannes, Veneza, Berlim e Nova Iorque, tornando-se um dos cineastas brasileiros mais conhecidos no exterior.

Em 2018, o cineasta lançou “O Grande Circo Místico”, que é uma adaptação do espetáculo musical de 1983, com trilha sonora de Chico Buarque e Edu Lobo, baseado no poema de Jorge de Lima, sobre a paixão de um aristocrata por uma acrobata.

Livro e ABL

Em 2014, Cacá Diegues lançou a autobiografia “Vida de Cinema – Antes, Durante e Depois do Cinema Novo", que levou seis meses para ficar pronta. Segundo ele, a obra também pode ser considerada uma “reportagem memorialista”.

No dia 30 de agosto de 2018 Cacá foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, para a cadeira n.º 7.

Família

Cacá Diegues foi casado com a cantora Nara Leão (1942-1989) entre os anos de 1967 e 1977. O casal teve dois filhos, Isabel e Francisco. Em 1981 casou-se com a produtora e cineasta Renata Almeida Magalhães, com quem teve a filha Flora.

No dia 2 de junho de 2019, a atriz, roteirista e diretora Flora Diegues, filha de Cacá, de apenas 34 anos, faleceu em decorrência de um câncer no cérebro. A atriz participou do filme "O Grande Circo Místico", dirigido por Cacá e, da novela Deus Salve o Rei.

Títulos e Distinções

  • Conselheiro da Cinemateca Brasileira (de 2010 a 2013)
  • Membro do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro (2007)
  • Cavaleiro da Ordem do Mérito de Palmares (Governo de Alagoas, 2000)
  • Comendador da Ordem de Rio Branco (Governo do Brasil, 2000)
  • Officier de l”Order des Arts e des Lettres, Ministério da Cultura da França, 1986)
  • Membro titular da Cinemateca Francesa, desde 1970.

Premiações

  • Prêmio pelo Conjunto da Obra no Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro, 2006
  • Prêmio Vida e Trabajo pelo Conjunto da Obra no Festival da Santa Cruz de la Sierra, 2007
  • Troféu Glória, Lifetime Achievement Award, Chicago, 2015
  • Prix de la Celebration du Centenaire du Cinématographe, IL, Lyon, França, 1995
  • Outstanding Achievemente in the Arto f Film, Denver, EUA, 1990

Filmografia

  • Fuga (1959)
  • Brasília (1960)
  • Domingo (1961)
  • Cinco Vezes Favela – Escola de Samba Alegria de Viver (1962)
  • Ganga Zumba (1964)
  • A Oitava Bienal (1965)
  • A Grande Cidade (1966)
  • Oito Universitários (1967)
  • Os Herdeiros (1969)
  • Receita de Futebol (1971)
  • Quando o Carnaval Chegar (1972)
  • Joanna Francesa (1976)
  • Cinema Íris (1974)
  • Aníbal Machado (1975)
  • Xica da Silva (1976)
  • Chuvas de Verão (1978)
  • Bye Bye Brasil (1979)
  • Quilombo (1984)
  • Um Trem para as Estrela (1987)
  • Dias Melhores Virão (1989)
  • Veja Esta Canção (1994)
  • Tieta do Agreste (1996)
  • Orfeu (1999)
  • Deus é Brasileiro (2003)
  • O Maior Amor do Mundo (2007)
  • Nenhum Motivo Explica a Guerra (2012)
  • Rio de Fé (2013)
  • O Grande Circo Místico (2018)
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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