Júlio Prestes

Político brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Júlio Prestes

Júlio Prestes (1882-1946) foi o último presidente eleito da República Velha, mas não chegou a assumir o cargo, pois os getulistas inconformados levaram o país a mergulhar na Revolução de 30, que após um golpe militar entregou o poder a Getúlio Vargas.

Júlio Prestes nasceu em Itapetinga, São Paulo, no dia 15 de março de 1882. Filho de Olímpia de Santana Prestes e de Fernando Prestes de Albuquerque, coronel e político que foi governador de São Paulo entre 1898 e 1900.

Júlio Prestes iniciou seus estudos em sua cidade natal e, em seguida estudou no Ginásio do Estado na cidade de São Paulo. Ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo bacharelando-se em 1906.

Carreira Política

Em 1909, Júlio Prestes iniciou sua carreira política. Foi deputado estadual pelo Partido Republicano Paulista (PRP) em cinco legislaturas consecutivas, permanecendo no cargo até 1923.

Como deputado estadual, apresentou projetos de lei que criaram o Tribunal de Contas de São Paulo e a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. Foi o autor da lei que incorporou a Estrada de Ferro Sorocaba ao patrimônio do Estado de São Paulo.

Em 1924 foi eleito deputado federal, quando foi líder da bancada paulista. Foi presidente da Comissão de Finanças e líder da bancada governista do presidente Washington Luís.

Prestes conseguiu que fossem transformadas em lei, as pensões e aposentadorias dos ferroviários. Atuou na aprovação de um Código do Trabalho.

Radicalmente, contrário ao movimento tenentista (revolta política e militar que se desenvolveu no período de 1920 a 1935, entre os oficiais do exército brasileiro, sob a liderança dos tenentes, insatisfeitos com a política da Primeira República), organizou a defesa paulista em Itararé, formando os grupos militares de voluntários conhecidos como “batalhões patrióticos”.

Em 1927, Júlio Prestes foi reeleito com aproximadamente sessenta mil votos, a maior votação do Brasil até então.

Governador de São Paulo

Com a morte do governador de São Paulo, Carlos de Campos, em 27 de abril de 1927, o vice-governador Fernando Prestes recusou-se a assumir a função para não incompatibilizar seu filho, que aspirava o cargo.

O presidente do Senado estadual assumiu a vaga e presidiu a eleição de Júlio Prestes, que foi eleito governador do Estado de São Paulo tomando posse em 17 de julho de 1927.

Durante o governo de São Paulo, Júlio Prestes realizou diversas obras, entre elas:

  • Iniciou a construção da Estação São Paulo da Estrada de ferro Sorocabana, hoje Estação Júlio Prestes, só concluída em 1937 no governo de Ademar Pereira de Barros.
julio prestes
Estação Júlio Prestes
  • Construiu o Ramal Mairinque, a segunda ligação ferroviária do interior de São Paulo com o Porto de Santos, que foi considerada sua principal obra.
  • Iniciou a construção, em regime de concessão privada, de uma rodovia ligando São Paulo a Santos, hoje a rodovia Anchieta.
  • Construiu mais de 1 200 salas de aula, aumentando o número de alunos nas escolas estaduais de 80 mil para 120 mil.
  • Criou o Instituto Biológico de Defesa Agrícola e Animal e a Escola de Medicina Veterinária de São Paulo. Criou o parque Asa Branca que preservou uma grande área verde na cidade de São Paulo.
  • Construiu os edifícios do Palácio da Justiça, da Faculdade de Medicina, do Instituto Biológico e iniciou, em 1929, a criação do Jardim Botânico de São Paulo.

Eleições para presidente

Em 1929, Júlio Prestes foi indicado por Washington Luís à sucessão presidencial a ser definida em março do ano seguinte.

Essa indicação desagradou o Partido Republicano de Minas Gerais, que contava com a indicação do mineiro Antônio Carlos Ribeiro, pretendendo manter o revezamento entre mineiros e paulistas na Presidência da República.

Com a indicação de Prestes, Washington Luís quebrou o compromisso “Café com leite” e, provocou o rompimento das relações entre Minas e São Paulo. Minas procurou apoio no Rio Grande do Sul e da Paraíba formando um grupo de oposição denominado “Aliança Liberal”.

Júlio Prestes passou o governo de São Paulo a seu vice, Heitor Penteado e candidatou-se à Presidência da República, tendo como vice-presidente Vital Soares, governador da Bahia.

Os candidatos da Aliança Liberal eram o gaúcho Getúlio Vargas, para presidente, e o paraibano João Pessoa, para vice-presidente.

A campanha foi extremamente violenta, um deputado governista foi assassinado a tiros no plenário da Câmara por um colega da oposição.

Na votação, fraudes foram praticadas pelos dois lados. Apesar de juntar todas as forças contrárias ao governo, a Aliança Liberal foi derrotada nas eleições realizadas em 1º de maio de 1930.

A Revolução de 30

Assim que saiu o resultado oficial das eleições e Júlio Prestes recebeu as autoridades cariocas em seguida viajou para o exterior, sendo recebido como presidente eleito em Washington, Paris e Londres.

A derrota da Aliança Liberal e a grave situação econômica do país criaram condições para a aglutinação dos tenentes com a Ala Jovem da oligarquia dissidente formada por Osvaldo Aranha, Lindolfo Collor, entre outros, que não se conformavam com a situação política do país e já conspiravam por um levante armado.

O assassinato de João Pessoa, no dia 26 de julho, que se deu por questões políticas internas da Paraíba, foi um pretexto para o início da revolução que começou no Rio Grande do Sul no dia 3 de outubro de 1930.

No dia seguinte, o Nordeste organizou um levante sob a chefia militar de Juarez Távora, com o apoio das tropas estaduais e das forças reunidas dos coronéis.

No dia 24 de outubro, diante da possibilidade de uma violenta guerra civil que colocaria em risco todo o país, as Forças Armadas do Exército e Marinha depuseram o presidente Washington Luís e estabeleceram uma junta governativa que deveria pacificar o país.

A junta entregou o poder a Getúlio Vargas, que tomou posse no dia 3 de novembro. Júlio Prestes que havia retornado ao Brasil no dia 6 de agosto, foi impedido de tomar posse.

Depois de quatro anos exilado em Portugal, Júlio Prestes só retornou definitivamente ao país, após a promulgação da Constituição de 1934.

Em 1945, depois da deposição de Getúlio Vargas, Prestes voltou à cena política como um dos representantes da União Democrática Nacional (UDN), partido de oposição à ditadura do Estado Novo.

Júlio Prestes faleceu em São Paulo, no dia 9 de janeiro de 1946.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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