Júlio Dinis

Escritor português
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Júlio Dinis

Júlio Dinis (1839-1871) foi um escritor e médico português, um dos mais importantes ficcionistas românticos de Portugal. Sua obra representou uma verdadeira análise da sociedade burguesa da segunda metade do século XIX. Suas obras inovaram em algum aspecto a prosa do Romantismo.

Suas obras principais são os romances As Pupilas do Senhor Reitor, A Morgadinha dos Canaviais, Os Fidalgos da Casa Mourisca e Uma Família Inglesa.

Júlio Dinis, pseudônimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho, nasceu em Porto, Portugal, no dia 14 de novembro de 1839. Neto de ingleses foi educado sob os moldes da burguesia britânica, da qual assimilou os costumes e valores.

Primeiro Romance

Com 19 anos, Júlio Dinis publicou seu primeiro romance, Justiça de Sua Majestade. Em 1861, formou-se em medicina e passou a clinicar. Pouco tempo depois, começou a lecionar na mesma faculdade. Com o pseudônimo, colaborou para o jornal "A Grinalda" e para o "Jornal do Porto", quando publicava contos e poesias.

Vitimado pela tuberculose, Júlio Dinis foi obrigado a deixar o Porto. Fez constantes viagens para o campo, e encontrou na vida campestre os motivos para seus romances, com exceção da obra Uma Família Inglesa, na qual analisa os costumes da burguesia do Porto.

As Pupilas do Senhor Reitor

As Pupilas do Senhor Reitor, publicada em 1867, foi uma das principais criações de Júlio Dinis, pois contribuiu para elevar a prosa portuguesa.

O enredo campesino desenvolve-se em função dos desencontros amorosos de Daniel, um dos filhos do lavrador João das Dornas, que  voltando ao campo depois de concluídos os estudos, Daniel sente-se meio deslocado no ambiente rústico da aldeia.

Daniel acaba se ligando afetivamente a Clara, noiva de seu irmão Pedro, sem perceber que, na verdade, era amado pela irmã dela, Margarida. Depois de vários acontecimentos, os pares se definem: Daniel, finalmente é integrado à vida no campo e casa-se com Margarida e Pedro une-se a Clara.

Características da Obra de Júlio Dinis

O amor é o grande tema dos romances de Júlio Dinis, contudo não há aquele clima de tragédia e fatalismo que marcou a novela passional de Camilo Castelo Branco. Os enredos, girando em torno de problemas amorosos e familiares, são mais simples e no final os mal-entendidos se esclarecem e tudo se resolve.

Destaca-se também, nos romances de Júlio Dinis, a preocupação com a caracterização do contexto socioeconômico onde se desenrola o enredo. Além desses traços de realismo e objetividade, outro aspecto que distingue a obra de Júlio Dinis é sua linguagem simples sem o tom declamatório tão comum entre os escritores românticos.

De estilo espontâneo e sugestivo, antecipou-se com delicadeza às técnicas realistas na abordagem dos costumes e das relações sociais, especialmente em Os Fidalgos da Casa Mourisca (1871), em que adquire mais densidade.

Júlio Dinis e Camilo Castelo Branco são os dois grandes ficcionistas românticos portugueses. Marcaram o Ultra Romantismo, como verdadeiros analistas da sociedade burguesa da segunda metade do século XIX.

Os outros importantes escritores românticos portugueses são Almeida Garrett e Alexandre Herculano

Júlio Dinis faleceu no Porto, Portugal, no dia 12 de setembro de 1871, com apenas 32 anos.

Poemas

Júlio Dinis escreveu seus poemas que foram publicados em jornais e folhetos, mas seu livro “Poesias”, que reúne seus poemas, só foi publicado em 1874, três anos após sua morte.

Metamorfose

Repara: - a imóvel crisálida
Já se agitou inquieta,
Cedo, rasgando a mortalha
ressurgirá borboleta.

Que misteriosa influência
A metamorfose opera!
Um raio de sol, um sopro
Ao passar, a vida gera.

Assim minha alma, inda ontem
Crisálida entorpecida,
Já hoje treme, e amanhã
Voará cheia de vida.

Tu olhaste – e do letargo
Mago influxo me desperta,
Surjo ao amor, surjo a vida,
A luz de uma aurora incerta.

Obras de Júlio Dinis

Romances:

  • As Pupilas do Senhor Reitor (1867)
  • Uma Família Inglesa (1868)
  • A Morgadinha dos Canaviais (1868)
  • Os Fidalgos da Casa Mourisca (1871)

Novela:

  • Senhores da Província (1870)

Teatro:

  • Um Rei Popular (1858)
  • Um Segredo de Família (1860)
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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