Ramalho Ortigão

Escritor português
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Ramalho Ortigão

Ramalho Ortigão (1836-1915) foi um escritor e jornalista português que, junto com Eça de Queiroz editou a revista de crônicas "As Farpas", a primeira publicação do gênero em Portugal.

José Duarte Ramalho Ortigão nasceu em Porto, Portugal, no dia 24 de novembro de 1836. Ingressou na Universidade de Coimbra. Lecionou francês no Colégio da Lapa, dirigido por seu pai.

Carreira literária

Em 1855, Ramalho Ortigão começou a colaborar com o Jornal do Porto. Em 1865, vários jovens intelectuais, entre eles Antero de Quental, Eça de Queirós e Ramalho de Ortigão reuniam-se para trocar ideias e formas para renovar a vida cultural e a literatura portuguesa.

No mesmo ano, deu-se o primeiro choque entre as duas gerações, a do Romantismo em declínio e a do Realismo emergente, quando Antônio Feliciano de Castilho, consagrado escritor romântico, elogiou o poeta novato Pinheiro Chagas e censurou Tobias Barreto e Antero de Quental.

Os dois poetas foram acusados de exibicionismo, obscuridade e de abordarem temas que nada tinham a ver com a poesia. Antero respondeu à crítica em uma carta aberta a Castilho, intitulada “Bom Senso e Bom Gosto”, duas virtudes negadas por ele aos jovens escritores. A polêmica ficou conhecida como a Questão Coimbrã.

Em 1868, Ramalho Ortigão foi para Lisboa como oficial da Secretaria da Academia de Ciências, quando estabeleceu uma amizade com Eça de Queiroz. Em 1870 começaram a publicar no “Diário de Notícias” a novela policial “O Mistério da Estrada de Sintra”.

As Farpas

Em 1971, Ortigão e Eça criaram os fascículos mensais “As Farpas”, onde publicavam críticas ferinas, mas sempre bem humoradas, sobre a realidade portuguesa de seu tempo, como os seus costumes, instituições, partidos políticos e problemas.

No mesmo ano, junto com o mesmo grupo de Coimbra, Otigão organizou as “Conferências Democráticas do Cassino Lisbonense”, com o objetivo de realizar uma reforma na sociedade portuguesa.

O governo e principalmente a Igreja não viam com bons olhos toda essa agitação intelectual e, depois da quinta conferência, o Cassino foi fechado, por decreto real.

Em 1872, Eça afastou-se do periódico As Farpas, quando foi nomeado cônsul em Havana, mas manteve vasta correspondência com Ortigão. As publicações do periódico seguiram até 1882, com a participação de Teófilo Braga.

Ramalho Ortigão faleceu em Lisboa, Portugal, no dia 27 de setembro de 1915.

Obras de Ramalho Ortigão

Como jornalista, Ramalho Ortigão fez várias viagens pela Europa, quando coletou impressões que registrou em diversas obras, entre elas:

  • A Holanda (1885)
  • John Bull e Sua Ilha (1887)
  • Notas de Viagem (1878)
  • Pela Terra Alheia (1878-1880, 2 vol.)

O grande amor por sua terra o levou a escrever:

  • As Praias de Portugal (1876)
  • O Culto de Arte em Portugal (1896)

Frases de Ramalho Ortigão

  • "Não, a vida não é uma festa permanente e imóvel, é uma evolução constante e rude."
  • "O homem sem educação, por mais alto que o coloquem, fica sempre um subalterno."
  • "As literaturas são os registos condensados do pensamento público. Os grandes livros não se produzem senão quando as grandes ideias agitam o mundo, quando os povos praticam os grandes feitos, quando os poetas recebem da sociedade as grandes comoções."
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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