António Feliciano de Castilho
Biografia de António Feliciano de Castilho
António Feliciano de Castilho (1800-1875) foi um escritor romântico, tradutor e polemista português. Em consequência do Sarampo, ficou praticamente cego.
Escritor empenhado no desenvolvimento social e educacional de sua terra no século XIX, Castilho representou muito bem o academismo romântico em Portugal.
António Feliciano de Castilho, nasceu em Lisboa, no dia 21 de janeiro de 1800. Era filho de José Feliciano de Castilho Barreto, médico da Real Câmara e professor da Universidade de Coimbra, e de Domicília M. Doroteia e Silva Castilho.
Com seis anos de idade ficou praticamente cego após contrair sarampo. Antes da cegueira, já sabia ler e escrever, porém teve que estudar ouvindo a leitura dos textos.
Sempre acompanhado de seu irmão, Augusto Frederico de Castilho, António estudou Humanidades e nessa época despertava interesse pelos poetas latinos. Dotado de excelente memória, ingressou na Universidade de Coimbra, no curso de Leis (que mais tarde deu origem ao curso de Direito).
Carreira literária
Os primeiros versos publicados por Castilho seguiram o estilo bocagiano e inspiração neoclássica, revelando-se já em Cartas de Eco Narciso (1821) e Primavera (1822). Nessa fase, escrevendo ou recitando poemas, participou ativamente da política portuguesa.
Terminado o curso, em 1822, passou oito anos se dedicando à sua produção literária, instalado na casa de seu irmão, que se tornou padre e foi transferido para a paróquia de São Mamede de Castanheira do Voga.
Pouco a pouco, aderiu ao romantismo especialmente em Amor e Melancolia (1828), principalmente em A Noite do Castelo (1836) e Ciúmes do Bardo (1838). Em 1839 publicou oito fascículos da obra Quadros Históricos de Portugal, de estilo rebuscado e intenção educativa, que contou com a colaboração de Alexandre Herculano, que escreveu o último quadro.
Em 1840 viajou com seu irmão à ilha da Madeira, época em que Augusto estava atacado pela tuberculose e foi em busca de tratamento. Sem melhoras, Augusto faleceu na Madeira no dia 31 de dezembro de 1840.
Em 1841 fundou a Revista Universal Lisbonense, um dos periódicos mais influentes do Romantismo Português. Em 1 de outubro publicou o primeiro número, em 1845 veio a abandonar a direção.
Com a revolução de 1848, mudou-se para Ponta Delgada, nos Açores, onde se dedicou à defesa de duas grandes causas: A exaltação das atividades agrícolas e da instrução pública.
Em 1850 retornou para Lisboa e iniciou sua luta para combater o analfabetismo da população portuguesa, com a introdução de seu Método de Leitura Repentina, depois conhecido como Método Português de Castilho, contra o qual se levantaram grandes polêmicas.
Em 1865, Castilho esteve no Brasil para promover pessoalmente o seu método, diante das inúmeras críticas. Foi recebido pelo imperador Dom Pedro II, a quem dedicou seu drama, Camões. Três anos depois foi nomeado Comissário da Instrução Primária. Porém, seu método nunca foi adotado oficialmente, o que lhe causou grande desgosto.
Na Questão Coimbrã (1865), ao lado de Camilo Castelo Branco e Ramalho Ortigão e tendo como adversários Antero de Quental, Eça de Queirós e Teófilo Braga, mostrou-se adverso a qualquer mudança renovadora na literatura.
Em 1866 foi a Paris acompanhado de seu irmão José Feliciano. Nessa época conheceu o escritor Alexandre Dumas, de quem era grande admirador.
Casamento
No dia 6 de maio de 1839, António Castilho casou-se na Igreja da Senhora da Piedade das Chagas, em Lisboa, com D. Ana Carlota Xavier Vidal. O casal teve sete filhos, entre eles o memorialista e continuador da obra literária do pai, Júlio de Castilho, o militar Augusto de Castilho e o também escritor Eugénio de Castilho.
Últimos anos e morte
Nos últimos anos, Castilho dedicou-se a atividade de tradutor. Traduziu magistralmente autores antigos, como Píndaro, Virgílio e Anacreonte. Traduziu também os clássicos Shakespeare, Molière e Goethe.
António de Castilho recebeu o Grã-Cruz da Ordem Imperial da Rosa. Recebeu também o título de Visconde de Castilho que lhe foi concedido por decreto em 25 de maio de 1870.
António Feliciano de Castilho faleceu em Lisboa, no dia 18 de junho de 1875. Foi sepultado no Cemitério dos Prazeres.
Obras
- Cartas de Eco e Narciso (1821)
- A Primavera (1822)
- Amor e Melancolia (1828)
- A Noite no Castelo (1836)
- Os Ciúmes do Bardo (1838) Crônica Certa e Muito Verdadeira de Maria da Fonte (1846)
- Quadros Históricos de Portugal (1839)
- Felicidade pela Agricultura (1849)
- Escavações Poéticas (1844)
- O Presbitério da Montanha (1844)
- O Outono (1863)
- O Sonho de uma Noite de S. João, de Shakespeare (tradução)
- Fausto, de Goethe (tradução)
- Misantropo, de Molière (tradução)
- D. Quixote de La Mancha, de Cervantes (tradução)
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