Teófilo Braga

Escritor e ex-presidente de Portugal
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Teófilo Braga

Teófilo Braga (1843-1924) foi um escritor, jornalista, sociólogo, político, crítico e historiador literário português. Fez parte da geração que introduziu o Realismo em Portugal – movimento artístico e cultural que criticava as velhas ideias do Romantismo.

Desempenhou papel importante no movimento republicano. Com a queda da monarquia, em 1910, foi levado à presidência do governo provisório e, em 1915, assumiu a presidência da república.

Joaquim Fernandes Teófilo Braga nasceu em Ponta Delgada, Ilha de São Miguel nos Açores, Portugal, no dia 24 de fevereiro de 1824. Era filho de Maria José da Câmara Albuquerque e de Joaquim Manuel Fernandes Braga, engenheiro militar do exército miguelista, e professor de Matemática e Filosofia do Liceu de Ponta Delgada.

Carreira literária e a Questão Coimbrã

Teófilo Braga foi aluno do Liceu de Ponta Delgada, e empregou-se na tipografia do jornal “A Ilha”. Iniciou brilhante carreira jornalística como colaborador dos jornais “O Meteoro” e O Santelmo. Em 1859 publicou o poema Folhas Verdes.

Em 1861, viajou para Portugal e ingressou no curso de Direito da Universidade de Coimbra. Em 1864 publicou: Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras. Nessa época, surgiu em Portugal, entre os estudantes da Universidade, a primeira manifestação explicita de repúdio às velhas ideias do Romantismo.

Essa manifestação tomou a forma de uma polêmica entre a velha e a nova geração e originou-se de um texto de 1865 do poeta romântico Antônio Feliciano de Castilho, no qual ele critica as novas ideias literárias postas em circulação por alguns jovens, principalmente por Teófilo Braga e Antero de Quental.

Nascia assim a “Questão Coimbrã”, como ficou conhecida essa polêmica, que passou a ser o marco divisor entre o Romantismo e o Realismo. Esse novo movimento artístico e cultural criticava o Romantismo e a estrutura social que estava em vigor. A tendência artística desejava a renovação dos valores e tentava contribuir para que o país alcançasse os ideais do mundo moderno.

Em 1867 concluiu o curso de Direito, e no ano seguinte concluiu o doutorado com a tese “História do Direito Português”. Passou, então, a lecionar literatura moderna na mesma universidade.  

A partir de 1871, tomou parte das “Conferência do Cassino Lisbonense”. Delas participaram Antero de Quental, Eça de Queiroz, Manuel de Arriaga, Guilherme de Azevedo, entre outros. Apesar das críticas das autoridades, o grupo conquistou seu objetivo e solidificou as raízes artísticas do Realismo Português.

Em 1872 mudou-se para Lisboa, onde passou a lecionar literatura na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Dedicou-se ao estudo da literatura e publicou extensa obra filosófica influenciada pelo positivismo de Auguste Comte. No mesmo ano, casou-se com Maria do Carmo Xavier, com quem teve três filhos.

Em 1878, junto com Júlio de Matos, fundou e dirigiu a revista “O Positivismo”. Dirigiu e colaborou com a revista “Era Nova”. Em 1880, junto com Ramalho Ortigão, organizou as comemorações do Tricentenário de Camões.

Teófilo Braga cultivou vários gêneros literários, entre a poesia, a ficção, a filosofia, principalmente na historiografia e na crítica literária. Desenvolveu várias teorias, escrevendo: A História do Teatro Português (3 vols., 1870-1871), A História do Romantismo em Portugal (1880) e As Modernas Ideias na Literatura Portuguesa (1892).

Carreira política

Teófilo Braga desempenhou papel preponderante no movimento republicano, para o qual contribuiu com a base ideológica do positivismo, do qual foi um dos introdutores em Portugal.

Em 1890 foi eleito membro do Partido Republicano Português (PRP). No dia 28 de agosto de 1910 foi eleito deputado republicano por Lisboa às Cortes Monárquicas, porém não tomou posse em consequência da implantação da República Portuguesa.

A República Portuguesa foi proclamada em Lisboa no dia 5 de outubro de 1910. O rei D. Manuel II e a rainha, D. Amélia, partiram para o exílio, em direção a Plymouth, na Inglaterra.

No mesmo dia foi constituído um governo provisório, chefiado por Teófilo Braga, um dos teorizadores do movimento republicano nacional. Este governo, por decretos, impôs novas regras da eleição dos deputados da Assembleia Constituinte, que foi implantada no mesmo ano. Teófilo Braga permaneceu no cargo até a eleição de Manuel de Arriaga, em 24 de agosto de 1911.

Com a Revolta de 14 de maio de 1915, Arriaga foi obrigado a renunciar ao cargo. Teófilo Braga foi eleito presidente da transição e permaneceu no cargo até a eleição de Bernardino Machado para presidente. A partir de então, encerrou sua carreira política.

Teófilo Braga faleceu em Lisboa, no dia 28 de janeiro de 1924.

Outras obras de Teófilo Braga

  • Contos Fantásticos (ficção, 1865)
  • História da Poesia Popular Portuguesa (1867)
  • Cancioneiro Popular (1867)
  • Torrentes (poesias, 1869)
  • História da Poesia Moderna em Portugal (1869)
  • História da Literatura Portuguesa (1870)
  • Manual da História da Literatura Portuguesa (1875)
  • Bocage, sua Vida e Época (1877)
  • Traços Gerais da Filosofia Positiva (1877)
  • Contos Tradicionais do Povo Português (1883)
  • Sistema de Sociologia (1884)
  • História da Literatura Portuguesa (4 vols., 1909-1918)
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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