Virgílio

Poeta italiano
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Virgílio

Virgílio (70 a. C. - 19 a. C.) foi um poeta italiano, autor do poema épico Eneida, um dos clássicos da literatura ocidental. As Bucólicas e as Geórgicas são outros dois importantes poemas de Virgílio. O poeta foi o modelo de toda a poesia que se escreveu no Ocidente até a século XVIII.

Publius Virgilius Marão, conhecido como Virgílio, nasceu em Andes, perto de Mântua, Itália, no dia 15 de outubro do ano 70 a. C. Filho de um abastado administrador de fazenda passou a infância no campo.

Estudou retórica, astronomia e medicina na vizinha Cremona, em Nápoles e em Milão. Em Roma, tomou contato com a filosofia dos epicuristas, dos estoicos gregos e com a poesia de Homero.

Carreira literária

Virgílio decidiu abandonar os estudos e se dedicar à poesia. Escreveu parte de sua obra em Nápoles, onde concluiu o poema bucólico “Geórgicas” (ou Éclogas), um grupo de dez poemas nos quais sobressai o amor à natureza, a exaltação da simplicidade e a simpatia pelos lavradores.

Seu primeiro poema retrata as lembranças dos maus momentos passados no confisco de propriedades rurais praticado para premiar os veteranos de Júlio César. O sítio de Virgílio não foi poupado, mas o poeta recorreu e ganhou outra propriedade. 

A quarta écloga dessa coletânea é o mais polêmico dos poemas latinos. Prenuncia o nascimento de uma criança como o limiar de uma nova Idade de Ouro para o mundo. Alguns anos mais tarde nascia Jesus, por isso, ela ficou conhecida como “a écloga messiânica”.

Com o sucesso de seus poemas, Virgílio desfrutou do apoio de Mecenas e de amigos, como o poeta Horácio e também Otávio, o futuro imperador Augusto.

Virgílio foi o poeta querido da Europa cristã medieval, onde suas obras eram textos básicos para o estudo da gramática nas escolas.

De 37 a. C a 30 a. C. o poeta escreveu o poema bucólico “Geórgicas” - quatro livros dedicados à agricultura, num misto de didatismo e louvor à vida nos campos da Itália. Na introdução do primeiro livro, Otávio é proclamado uma nova divindade, e o livro trata do trabalho na terra. O segundo versa sobre o crescimento das árvores. O terceiro trata sobre o gado e o último sobre as abelhas.

A obra, um poema didático dedicado à agricultura, foi encomendado por Mecenas (nobre romano protetor de artistas), que reconheceu os dotes de seu protegido, e pretendia incentivar o grandioso programa de reconstrução empreendido por Augusto para encorajar a volta da população rural aos campos, devastados pela guerra civil.

Virgílio foi consagrado poeta oficial do imperador Augusto e não teve dificuldades materiais, era dono de invejável patrimônio: uma casa em Roma, uma vila em Nápoles e outra na Campânia.

Virgílio
Virgílio - mosaico romano encontrado em Túnis

Eneida

O êxito das “Geórgicas” consagrou Virgílio e deu-lhe confiança. Por isso aceitou novo convite do próprio Augusto - que desde a vitória sobre Marco Antônio, concentrava todo o poder em suas mãos.

De 30 a. C. em diante, Virgílio entregou-se à composição do novo poema, bem mais ambicioso que os anteriores, Virgílio deu início à "Eneida" e com ela eternizou a epopeia dos romanos.

A “Eneida” é uma vasta epopeia patriótica destinada a legitimar, pela evocação de suas origens ilustres, as altas aspirações de Roma. A tradição fazia dos romanos descendentes dos troianos e Augusto apontava como fundador da sua estirpe “Enéias”, um dos heróis da Ilíada. Era preciso dar consciência a essa lenda, fundamentá-la na História e na Mitologia com os poderes da poesia.

Virgílio levou dez anos para escrever a Eneida, na qual reuniu as atribuições de Enéias desde a destruição de Tróia até a chegada ao Lácio e a fundação de uma nova pátria em terras da Itália.

Filho de Anquises e Afrodite, Enéias, saído da Ilíada, já havia sido transformado em fundador de Roma, quando Virgílio toma-o como símbolo da piedade romana.

Mas o Enéias de Virgílio é um herói convencional, inteiramente submetido a seu destino: reunir os povos troianos e latinos para o lançamento das bases do que preconizava ser a grandeza romana.

Descendo aos infernos, Enéias tem a confirmação de seu destino, e visões do futuro de Roma, inclusive do tempo de Augusto. Esses relatos, essencialmente de aventuras de viagens - à semelhança da Odisseia de Homero, compõem os primeiros seis livros da Eneida. Os seis últimos, repletos de cenas de batalhas, correspondem à Ilíada.

Em 19 a. C., faltando apenas uma revisão final, Virgílio resolveu percorrer os cenários de sua epopeia. Embarcou em um navio com destino à Grécia, porém adoeceu em Megara e teve que regressar à Itália, falecendo poucos dias depois.

Virgílio e Dante

A Eneida constitui uma idealização das virtudes que fundaram e mantiveram o Império Romano. Muito mais tarde, o poeta Dante Alighieri (1265-1321) perceberia essa intenção e por isso, na Divina Comédia, elegeu Virgílio como seu guia na viagem  pelo outro lado do mundo.

Virgílio faleceu em Brindisi, Itália, no dia 21 de setembro de 19 a.C. Suas últimas determinações quanto ao destino da Eneida foram de que o fogo a consumisse. Mas Augusto proíbe a queima dos manuscritos e mandou publicá-los.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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