Dante Alighieri
Biografia de Dante Alighieri
Dante Alighieri (1265-1321) foi o maior poeta italiano da literatura medieval. Autor do poema épico A Divina Comédia onde relata sua viagem imaginária ao inferno, purgatório e paraíso, encontrando mortos ilustres do passado ou de sua época, discutindo fé e razão, religião e ciência, amor e paixões.
Dante Alighieri nasceu em Florença, Itália, por volta de 25 de maio de 1265. Filho de Alighieri e Bella, importante família de origem aristocrática, ficou órfão de mãe ainda menino.
Infância e juventude
Dante cresceu no bairro de San Pier Maggore e com nove anos apaixonou-se por Beatrice, também de nove anos, e fizeram juras de amor e projetos para o futuro, mas seu pai tinha outros planos para o filho.
Entre 1275 e 1282, Dante estudou nos conventos de Santa Croce e Maria Novella. Mostrou interesse pelos textos bíblicos, e pelos clássicos gregos e romanos, sobretudo as obras dos poetas.
No dia 9 de fevereiro de 1277, por decisão de seu pai, Dante casa-se com Gemma Donati, filha de ricos aristocratas, que lhe entrega um grande dote. O casal com apenas 12 anos só passará a viver juntos quando saírem da adolescência.
Com 16 anos Dante Alighieri escreve seus primeiros sonetos. Com 17 anos deixa a escola. Faz amizade com diversos poetas, entre eles, Brunetto Latini e Guido Cavalcanti, e pintores, como Giotto.
Seu casamento só se concretizou em 1285. A ela e aos quatro filhos do casal Dante jamais se referiu em todos os seus escritos. Seu espírito esteve sempre voltado para Beatrice, que morreu precocemente em 1290.
La Vita Nuova
Em 1292, Dante conclui a obra La Vita Nuova, uma coletânea de poemas dedicados a Beatrice, quando descreve seu amor profundamente espiritualista.
No capítulo III aparece o Amor, personificado, radiante de alegria, e sussurra ao ouvido de Dante: Sou teu senhor. Tem nos braços Beatriz adormecida, envolta em tênue véu cor de sangue.
O último soneto do livro mostra Beatriz iluminada, habitante das glórias do paraíso. Concluindo, promete dizer de Beatriz o que jamais disse de mulher alguma. E cumpriu a promessa na Divina Comédia.
Carreira política
Dante Alighieri voltou-se para a política, militando ao lado dos guelfos moderados, os chamados brancos, contrários às ambições do papado de dominar Florença. Chegou a ser conselheiro e membro do Colégio dos Priores, onde desempenhou funções de destaque.
Em janeiro de 1302, os moderados foram derrotados e Dante foi acusado de corrução no desempenho de cargo público e condenado a pagar pesada multa. No dia 10 de março a sentença foi modificada e Dante seria queimado vivo se ficasse em Florença.
Exílio
A partir de então, Dante começou o longo exílio, a fase mais triste, porém mais fecunda de sua vida.
Em busca de hospitalidade e de proteção, estabeleceu-se em Verona na corte do Can Grande della Scala, e depois em Bolonha, onde permaneceu entre 1304 e 1306.
Com a expulsão dos exilados de Bolonha, Dante começou nova peregrinação por terras italianas.
Poemas de Dante
Entre os anos de 1304 e 1307, Dante escreveu a obras "Il Convivio, concebido como um banquete do saber, em 15 livros, nos quais fez o comentário de 14 canções filosóficas. Ficou incompleto, mas nessa obra exibe o autor a erudição enciclopédica, dominando todo o saber de sua época.
Em "De Vulgari Eloquentia" Sobre a Fala do Povo (1305-1306), Dante revela o lado moderno da sua mentalidade. Mesmo escrita em latim, para ser entendido pelos eruditos, recomenda a língua italiana, o vulgar, para a redação de composições poéticas.
Por seus méritos literários, Dante Alighieri pensava obter revogação do exílio, mas não conseguiu.
A Divina Comédia
Durante o exílio, Dante começou a escrever a "Divina Comédia", sua obra-prima que tem a forma de um poema épico, mas não é uma epopeia, pois lhe falta a narração de um enredo coerente e a objetividade.
Em 1317, a primeira parte de sua obra já era conhecida pelo público. A segunda parte foi publicada em 1319 e a terceira após sua morte. Foi inicialmente denominada Comédia, e mais tarde qualificada pelo poeta Boccaccio, de "Divina".
A partir da edição veneziana de Giolito, o poema passou a ser chamado de "Divina Comédia".
A obra é um poema alegórico em três partes Inferno, Purgatório e Paraíso composto de 100 cantos em tercetos (cada parte com 33 cantos, e mais um de abertura, formando o número 100, na época um símbolo de perfeição).
Sua estrutura é relativamente simples. O poeta é o narrador, sentindo-se perdido numa floresta (simbolicamente o pecado), na sexta feira da Paixão do ano de 1300, encontra o espírito de Virgílio (a razão), o maior dos poetas latinos.
Uma versão da passagem de Dante pelos horrores do Inferno foi retratada na obra A Barca de Dante, do pintor francês, Delacroix, no século XIX.

Virgílio o salva e o conduz ao Inferno (reino das trevas, vale do abismo doloroso) e ao Purgatório, onde eles ouvem histórias e observam os tormentos de uma variedade de pecadores, que ali purgam seus erros.
Subindo por uma montanha, atingem o paraíso, onde Virgílio tem de parar, pois como produto da era pré-cristã, é incapaz de receber a Graça. Mas Dante encontra novo guia em Beatriz (a ciência divina).
Procurando representar o que entendia como sua própria passagem do pecado para o estado da graça, Dante descreve um retrato da história política e econômica da Itália de seu tempo, especialmente de Florença, cidade que o baniu.
Muitos dos personagens da Divina Comédia são contemporâneos do poeta: seus próprios amigos e inimigos são incluídos ao lado de grandes figuras do passado histórico e lendário.
Segundo seus conceitos, Dante vai distribuindo toda essa gente pelas três partes de seu poema.
Ao lado do conteúdo filosófico, a Divina Comédia revela-se grandiosa em valor poético, sobretudo pela harmonia de sua concepção, unidade e lirismo.
O Inferno de Dante
O Inferno é visto como um vale profundo em forma de funil. É formado de círculos que vão se estreitando, à medida que cresce a gravidade das penas dos condenados. As imagens vistas por Dante tornam-se cada vez mais sombrias ao passo que desce ao vale infernal.

Ao iniciar a viagem, Dante lê uma advertência no portal do inferno:
Perante mim, não há coisa criada / sem ser eterna, e eu eterno duro / Deixai toda esperança, vós que entrais! (Inferno, III, 7-9).
Guiado por Virgílio, Dante atravessa os nove círculos do inferno, em que os condenados se distribuem conforme a classificação gregoriana dos sete pecados capitais, e também segundo as três disposições viciosas da alma: a incontinência, a violência e a fraude.
O último círculo, é dividido em quatro zonas, e nelas estão reunidos os traidores, entre eles, Brutus, que se rebelou contra o poder de César, o que mostra a interpretação política do poema, segundo os ideais monarquistas de Dante.
Uma versão da passagem de Dante pelos horrores do Inferno foi retratada na obra A Barca de Dante, do pintor francês, Delacroix, no século XIX.
O Purgatório e o Paraíso
Elevando-se das águas que, segundo os antigos, ocupavam todo o hemisfério austral, o Purgatório de Dante é uma imensa montanha composta de sete patamares onde se punem os pecados capitais.

As almas permanecem nos patamares mais ou menos tempo, dependendo da gravidade do pecado: é um longo e penoso caminho, até poderem chegar ao Paraíso.
No topo da montanha fica a divina floresta, espessa e viva do Paraíso Terrestre, onde Dante se encontra com Beatrice e se despede de Virgílio.
A Divina Comédia representa um julgamento moral e político de Dante, às vezes extremamente severo, mas que simboliza ao mesmo tempo, o sonho de modificar a humanidade, mostrando-lhe as verdades eternas que ele descobriu.
Morte
Dos últimos anos da vida de Dante sabe-se que o poeta continuou a viajar por muitas cidades italianas. Em 1318 chegou a Ravenna, como hóspede de Guido Novello da Polenta, quando termina sua obra e começa o trabalho de revisão.
Dante lecionou e exerceu atividades diplomáticas a serviço de Novello, mas acabou vitimado pela malária contraída nos pântanos de Veneza.
Dante Alighieri faleceu em Ravenna, Itália, no dia 13 de setembro de 1321. Sobre sua cabeça, Guido Novello deposita uma coroa de louros.
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