Francesco Petrarca

Poeta italiano
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Francesco Petrarca

Francesco Petrarca (1304-1374) foi um poeta e humanista italiano. Profundo conhecedor da antiguidade greco-romana, muito influiu na literatura de então, principalmente na poesia lírica. Foi considerado um dos precursores do Humanismo Renascentista.

Francisco Petrarca nasceu em Arezzo, Itália, no dia 20 de julho de 1304. Filho de um tabelião, passou a infância em Avignon, na Provença, onde o papado se instalou de 1309 até o início do século XV.

Em Avignon, fez seus primeiros estudos. Em 1317 ingressou no cursou de Direito na universidade de Montpellier e continuou em Bolonha, mas em 1326, abandonou o curso.

Com a morte do pai, tentou a vida monástica. Ao receber ordens menores, passou a contar com a proteção do cardeal Giovanni Colonna.

Em 1327 conheceu a aristocrata "Laura de Noves", por quem nutriu um amor platônico durante a vida inteira e a quem dedicou os melhores poemas de seu “Canzoniere”.

Depois de viagens que fez a Paris, onde ganhou um exemplar das “Confissões” de Santo Agostinho, e a Roma, onde se decepcionou com a pouca espiritualidade da igreja da época e voltou para Avignon.

Primeiro humanista renascentista

Em 1336, Petrarca saiu de Avignon para galgar o Mont Ventoux, do alto do qual sentiu as emoções ao contemplar as belezas das paisagens naturais, uma das bases da poesia lírica do “Humanismo Renascentista”.

No ano seguinte, Petrarca procurou um refúgio alpino no monte Vaucluse. Nessa época, já desenvolvia sua atitude diplomática, política e cultural, em busca da união dos Estados italianos e defendendo o retorno do papado de Avignon para Roma.

Sob o fascínio da Antiguidade Clássica, foi para Roma, em 1337, interrompendo sua primeira temporada de solidão. Nessa época, escreveu muitas de suas “Epistolase Metricae” (66 “cartas” em hexâmetros latinos) e várias de suas “Rime” (Poesias) inspiradas em Laura.

Amplamente reconhecido, recebeu convites de Roma e de Paris, para ser coroado como poeta. Após optar por Roma, recebeu a honraria no dia 8 de abril de 1341, no Capitólio, com a coroa de louros devida ao grande poeta.

Francesco petrarca

Entre 1342 e 1346 viveu ora na península italiana, ora na Provença, marcado por uma ansiedade e pela inquietude, dissabores da família e crises espirituais, cada vez mais dividido entre Deus e os homens.

Ainda assim, emprestou seu apoio à república romana de Cola de Rienzo, trabalhando pela paz junto aos príncipes e cidades. Terminou, nesse período, seu De Viris Illustribus (Sobre Homens Ilustres), coleção de biografias dos heróis da história romana.

Escreveu também, De Vita Solitaria (Sobre a Vida Solitária, 1346), na qual desenvolveu sua teoria a respeito de como o homem pode desfrutar ao mesmo tempo da natureza e da espiritualidade.

Em 1348 perdeu diversos amigos e a amada Laura, durante o surto da peste negra. Procurou o refúgio alpino em Vaucluse, onde reorganizou suas Rimes (seus poemas).

Poesias de Petrarca

Petrarca dividiu os poemas em “In Vita di Laura” e “In Morte di Laura”, que ficaram conhecidos como “Canzoniere”.

A temática do Canzoniere vai muito além de seu amor platônico, pois delineia uma nova lírica a partir da seleção do que havia de mais refinado e vigoroso nos dois séculos anteriores.

Sonetos

Das 317 poesias do Canzoniere, 227 são sonetos. Se o gênero existia antes de Petrarca, foi ele quem o sintetizou e lhe imprimiu as marcas principais que se conservam intactas quase 700 anos depois.

Foi Petrarca em suas Rime, o primeiro a realizar uma poética de motivos estritamente psicológicos, vasta meditação sobre a existência terrena em seu conteúdo humano e emocional.

Ainda voltado para o trabalho das Metricae, e no princípio dos Trionfi (Triunfos), em verso latino, versão da história da alma humana segundo o progresso que iria da paixão física à plenitude em Deus, o poeta enfrentou críticas ao seu novo sistema educacional antiaristotélico que pretendia restabelecer a importância espiritual dos escritores clássicos nas chamadas Litterae Humanae (Letras Humanas).

Em 1353, a convite do arcebispo de Milão, Petrarca fixou-se nessa cidade, onde partiu para missões diplomáticas – uma das quais foi levar o seu mundo de cultura humanística à corte do imperador Carlos IV, em Praga.

Em 1361, com uma epidemia de peste, fugiu para Pádua, depois para Veneza. Ali recebeu a visita de grandes amigos, entre os quais Boccaccio.

Últimos anos

Em 1367 o poeta retorna para Pádua onde viveu entre a cidade e uma pequena propriedade no campo em Arquà onde, já doente, se dedicou intensamente a seus versos.

Em 1370, ele foi chamado a Roma pelo papa Urbano V, e partiu para ver o novo papado romano, mas ao passar por Ferrara, sofreu um acidente vascular.

Mesmo com sequelas, não parou de trabalhar nos poemas e na “Posteritati”, espécie de carta autobiográfica às gerações futuras.

Petrarca faleceu em Arquà, na região de Mântua, Itália, no dia 19 de julho de 1374. Foi encontrado morto com a cabeça recostada em um volume de Virgílio.

No século XVI, Petrarca inspirou e se tornou matriz da lírica de outros poetas geniais como Camões e Shakespeare.

  • O fim louva a vida e a noite o dia.
  • Uma boa morte é a recompensa de toda uma vida.
  • Quanto mais conheço o mundo menos gosto dele.
  • Vã é a glória dos que buscam a fama só no brilho das palavras.
  • As duas cartas de amor mais difíceis de escrever são a primeira e a última.
  • Cinco inimigos da paz habitam-nos - avareza, ambição, inveja, raiva e orgulho. Se conseguirmos baní-los, infalivelmente desfrutaremos a paz perpétua.
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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