Manuel Inácio da Silva Alvarenga
Biografia de Manuel Inácio da Silva Alvarenga
Manuel Inácio da Silva Alvarenga (1749-1814) foi um poeta do Arcadismo brasileiro da época colonial. Foi um dos principais representantes da poesia lírica brasileira, da segunda metade do século XVIII, ao lado de Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga.
Além de poeta, Silva Alvarenga exerceu a advocacia e foi professor de retórica e poética no Rio de Janeiro. Foi o líder da Sociedade Literária do Rio de Janeiro, fechada em 1794, acusada de conspirar contra a Coroa portuguesa.
Manuel Inácio da Silva Alvarenga nasceu em Vila Rica (hoje Ouro Preto), Minas Gerais, no ano de 1749. Era filho bastardo de Inácio da Silva Alvarenga, mulato e músico, e de mãe desconhecida. Em 1768, com 19 anos, foi estudar Humanidades no Rio de Janeiro.
Depois dos exames preparatórios, foi estudar Direito Canônico na Universidade de Coimbra. Nesse período, entrou em contato com as obras árcades dos poetas mineiros, Basílio da Gama e Alvarenga Peixoto, que foram alunos da mesma universidade.
O Arcadismo no Brasil
Nessa época, a literatura desenvolvida no Brasil, à semelhança da portuguesa, caracterizava-se pelo lirismo. O cenário natural e a paisagem bucólica, celebram a atividade pastoril, no qual a natureza adquire um sentido de simplicidade, harmonia e verdade.
O Arcadismo brasileiro originou-se em Vila Rica (hoje Ouro Preto), Minas Gerais, e seu aparecimento teve relação direta com o grande crescimento urbano das cidades mineiras do século XVIII, cuja base econômica era a extração de ouro.
O enorme crescimento das cidades favorecia tanto a divulgação de ideias políticas quanto o florescimento de uma literatura cujos moldes os estudantes brasileiros providos das camadas privilegiadas daquela sociedade, foram buscar em Coimbra.
As primeiras manifestações do Arcadismo apareceram no Brasil com a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa e com a fundação da Arcádia Ultramarina, em Vila Rica, no ano de 1768. Outro representante da poesia lírica brasileira foi Tomás Antônio Gonzaga.
Silva Alvarenga e o Arcadismo
Em 1776, Silva Alvarenga concluiu o curso de Direito. No ano seguinte, publicou Tempo de Netuno, poema de sete páginas, em tercetos e quartetos, escrito em honra da aclamação da rainha D. Maria I.
Em 1977, ainda em Coimbra, publicou o poema herói-cômico O Desertor das Letras, uma fábula constituída pelas peripécias de um grupo de alunos guiados por um professor que personificava a ignorância.
Nesse mesmo ano, retornou ao Rio de Janeiro, onde se integrou a um grupo de poetas e se tornou a figura central do Arcadismo. Em 1779 publicou A Gruta Americana. Seu pseudônimo arcádico era Alcindo Palmireno.
No Rio de Janeiro, Silva Alvarenga começou a exercer a advocacia. Em 1782 abriu um curso de retórica e poética. Foi nomeado professor régio por Luís de Vasconcelos e Sousa, o vice-rei. Tornou-se membro da Sociedade Científica do Rio de Janeiro. Em 1786 ingressou na Sociedade Literária do Rio de Janeiro, que logo se tornou o clube das ideias democráticas.
Prisão
Em 1794, Silva Alvarenga foi acusado de liderar a Conjuração Fluminense, que cultuava as ideias revolucionárias francesa e conspirava contra a Coroa portuguesa. Após a denúncia, pelo frei Raimundo, a Sociedade Literária foi fechada e os sócios foram levados para a prisão.
Silva Alvarenga permaneceu no cárcere durante dois anos e oito meses, sujeito a rigorosa e humilhante devassa, confiada a Antônio Diniz da Cruz e Silva, o mesmo juiz que servira na devassa da Inconfidência Mineira, na qual Tiradentes foi morto. Em 1797 foi posto em liberdade por ordem de D. Maria I de Portugal, pois nada foi encontrado que merecesse sua condenação.
Última publicação
Em 1799, publicou Glaura, uma coletânea de poesias lírico-amorosas. A obra consta de cinquenta e nove rondós e cinquenta e sete madrigais, nos quais o poeta (Alcino) celebra a pastora Glaura, que foge de suas louvações amorosas.
Alguns pesquisadores literários, colocam Silva Alvarenga em um espaço pré-romântico, por causa de sua dicção quase sentimental a que se acrescenta a melancolia, oriunda da morte da amada:
Carinhosa e doce, Ó Glaura,
Vem esta aura lisonjeira,
E a mangueira já florida
Nos convida a respirar.Sobre a relva o sol doirado
Bebe as lágrimas da Aurora,
E suave os dons de Flora
Neste prado vê brotar. (...)
Manuel Inácio da Silva Alvarenga faleceu no Rio de Janeiro, no dia 1 de dezembro de 1814.
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