Carlos Zéfiro

Desenhista brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Carlos Zéfiro

Carlos Zéfiro (1921-1992) foi um desenhista brasileiro, autor de quadrinhos eróticos publicados em formato de gibi que ficaram conhecidos como “catecismos”.

Carlos Zéfiro (1921-1992), pseudônimo de Alcides Aguiar Caminha, nasceu em São Cristóvão no Rio de Janeiro, no dia 26 de setembro de 1921. Foi funcionário do Ministério do Trabalho no Setor de Imigração até sua aposentadoria. Em 1946, com 25 anos casou-se com Serat Caminha, com quem teve cinco filhos.

Autodidata no desenho começou a fazer desenhos inspirados em quadrinhos românticos de fotonovelas mexicanas. Em 1949 publicou de forma independente seu primeiro folheto erótico, estimulado pelo amigo Hélio Brandão, dono de um sebo na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro. Hélio se encarregava de providenciar a impressão e distribuição clandestinas dos folhetos.

Para ficar no anonimato adotou o pseudônimo de Carlos Zéfiro, escondendo da família a nova atividade, como também para escapar da censura e manter o emprego, que por ser funcionário público era submetido à Lei 1.711 de 1952 que poderia punir com demissão o funcionário que cometesse “incontinência pública escandalosa”.

Carlos Zéfiro fazia seus desenhos diretamente sobre papel vegetal que eram impressos em uma gráfica. Seus quadrinhos eram pulicados em preto e branco em forma de gibi e vendidos nas bancas de jornais. Com o sucesso, suas publicações passaram a ser chamadas de “catecismos” chegando a uma tiragem de 30 mil exemplares e vendidas em diversos Estados.

Além de seu trabalho de desenhista, Alcides Caminha foi também compositor, inscrito na Ordem dos Músicos do Brasil e parceiro de Guilherme de Brito e Nelson Cavaquinho, com quem compôs quatro sambas para a Mangueira como “Notícia”, gravado por Roberto Silva e “A Flor e o Espinho”, gravado por Nelson Cavaquinho.

Em 1970, durante a ditadura militar, foi realizada em Brasília uma investigação para descobrir a identidade do autor daquelas obras pornográficas. Em consequência, seu amigo, o editor Hélio Brandão chegou a ser preso durante três dias, mas a investigação não teve continuidade. A partir da década de 80, os quadrinhos de Zéfiro passaram a ser republicados pelas editoras: Maricota, Record e Marco Zero.

Em 1991, um ano antes de sua morte, Carlos Zéfiro saiu da clandestinidade após revelar sua identidade nas páginas da revista Playboy, ao saber que o desenhista baiano Eduardo Barbosa havia declarado ser o autor dos quadrinhos e chegar a desenhar alguns “catecismos”.  Nesse mesmo ano participou da I Bienal Internacional de Quadrinhos realizada no Rio de Janeiro. Em 1992 recebeu o Troféu HQ-Mix, pela importância de sua obra.

Carlos Zéfiro faleceu no Rio de Janeiro, no dia 5 de julho de 1992.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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