Che Guevara
Biografia de Che Guevara
Che Guevara (1928-1967) foi um guerrilheiro e revolucionário esquerdista argentino, um dos principais líderes da Revolução Cubana ao lado de Fidel Castro.
Seu retrato clássico é a fotografia mais reproduzida de todos os tempos. O mito é particularmente enganoso por se sustentar no avesso do que o homem foi, pensou e realizou durante sua existência.
Incapaz de compreende a vida em uma sociedade aberta estava sempre disposto a eliminar a tiros os adversários mesmo os que vestiam a mesma farda que ele.
Por suas convicções ideológicas, Che tem seu lugar na história ao lado de outros teóricos e práticos do comunismo, como Lenin, Stalin, Leon Trotsky, Mao Tsé-Tung e Fidel Castro.
Infância e juventude
Ernesto Guevara de La Serna nasceu em Rosário, Argentina, no dia 14 de junho de 1928. Era filho de Ernesto Guevara y Lynch, renomado professor de Direito, congressista e embaixador, e de Celia de La Serna y Llosa, de família aristocrática. Desde criança, sofria com asma, motivo pelo qual foi dispensado do serviço militar.
Em 1944, Che Guevara passou a trabalhar como funcionário da Câmara de um vilarejo próximo. Em 1946 sua família se mudou para Buenos Aires e em 1947, Che ingressou no curso de medicina na Universidade Nacional de Buenos Aires.
Seu gosto por aventuras pouco convencionais o levou a interromper os estudos no terceiro ano e percorrer sozinho durante seis semanas, boa parte do norte da Argentina em uma bicicleta na qual adaptou um pequeno motor.
De volta à Buenos Aires, Che retornou à universidade e após concluir o quarto ano conseguiu uma credencial de enfermeiro para trabalhar em navios da petrolífera estatal.
Aventura de moto pela América Latina
Sua primeira viagem durou seis meses a bordo da moto, quando percorre toda a costa sul-americana até chegar a Trinidade e Tobago no Caribe. Nessa época escreveu o ensaio Angústia.
De volta aos estudos, Guevara idealizou com seu amigo Alberto Granado a aventura de percorrer toda a América Latina saindo de Córdoba a bordo da La Poderosa, uma Norton de 500 cilindradas de propriedade de Alberto.
Em 14 de janeiro de 1952 os amigos iniciam a viagem. Foram seis meses de estrada inicialmente percorridos na moto, depois de carona, a pé e em alguns trechos de avião. As enormes contradições sociais da América Latina reforçaram seu ideal socialista.
Em 1953, Che Guevara concluiu o seu curso de Medicina. Seu foco era na área de imunologia. Foi convidado pelo Dr. Pisani para trabalhar na clínica especializada em alergias.
Com ideias revolucionárias, depois de formado, Guevara saiu da Argentina para nunca mais voltar. Viajou para a Guatemala onde Jacobo Arbenz realizava um amplo programa de reformas sociais. O golpe de estado do ano seguinte, no entanto, obrigou Guevara a sair do país. Desde sua primeira aventura, Guevara deixou tudo registrado em um diário.
Guevara em Cuba
Em 1954, Guevara foi para o México onde conheceu Fidel Castro e seu irmão Raul, que estavam exilados depois do golpe de estado de Fulgêncio Batista apoiado pelos americanos, e já organizavam um movimento de guerrilha para derrubar o regime ditatorial.
Depois de aprender técnicas de guerrilha se integrou ao Movimento Nacional Revolucionário. Em novembro de 1956 o grupo dirigido por Fidel Castro desembarcou em Cuba, na província de Oriente.
No primeiro confronto com as tropas de Batista, morreram quase todos os revoltosos. Fidel, Guevara e os poucos sobreviventes se refugiaram na serra Maestra, de onde iniciaram a guerrilha.
Em janeiro de 1959, Guevara, Fidel e Raul Castro ocuparam Havana. Depois da vitória do movimento, Che colaborou para que mais de 400 sentenças de morte fossem dadas a adversários do novo regime a ser instaurado.
Com as mudanças políticas no país, Guevara tornou-se cidadão cubano e o braço direito de Fidel Castro. Foi nomeado para a diretoria do Instituto Nacional de Reforma Agrária, depois para presidente do Banco Nacional e mais tarde para Ministro da Indústria.
Ficou famoso por sua oposição ao imperialismo e ao neocolonialismo e por seus ataques à política externa americana. Suas ideias foram expostas em La Guerra de Guerrilhas (1960).
Aos poucos, Che começou a nacionalizar a indústria e foi o principal defensor do controle estatal das fábricas. Como resultado de suas intervenções a produção agrícola caiu pela metade e a indústria açucareira, o principal produto de exportação de Cuba, entrou em colapso.
Em 1963, em estado de penúria, a ilha passou a viver da ajuda enviada pela então União Soviética. Divergindo de Fidel em questões relativas ao desenvolvimento econômico e sem ter mais o que fazer em Cuba, viu seus ideais revolucionários fracassarem. Decidiu deixar Cuba e partiu para ajudar outras revoluções.
Guevara na África e na Bolívia
Em 1965, Che foi combater no Congo, na África, com outros 100 cubanos para lutar ao lado do chefe tribal Laurent Kabila contra a ditadura do General Mobutu. Paralisado por rivalidades tribais, mesmo propondo lutar até a morte, foi demovido pelos próprios soldados, que não aceitaram o sacrifício numa guerra sem sentido.
Com o fracasso, seguiu para a Bolívia, local escolhido para sua nova aventura. Fidel equipou e financiou a expedição com o objetivo de unificar os países da América Latina sob a bandeira do socialismo.
Além da falta de apoio do povo boliviano, que tratou Guevara e os cubanos como um bando de salteadores, a expedição fracassou também pela traição do Partido Comunista Boliviano.
Durante seis meses, sem o apoio dos camponeses, o guerrilheiro esquerdista e seus comandados vagaram pelas montanhas até serem descobertos pelo exército boliviano.
Captura e morte
Entre a captura e a execução de Che, na Bolívia, passaram-se 24 horas. No dia 8 de outubro de 1967 Che foi capturado e no dia seguinte foi morto por uma rajada de tiros a mando do Coronel Zentero Airaya.
Che Guevara faleceu em La Higuera, na Bolívia no dia 9 de outubro de 1967. Seus restos mortais foram encontrados 30 anos depois em uma vala comum na cidade de Vallgrande e levados para Cuba, sendo sepultado no Mausoléu Guevara, em Santa Clara, na província de Villa Clara.
A famosa foto de Guevara
A foto de Guevara que ajudou a consolidar o mito foi tirada em 1960, mas só ganhou divulgação mundial sete anos depois, nas páginas da revista Paris Match.
Dois meses depois que tirou a foto, Che foi morto na selva boliviana e Fidel fez um comício à frente de uma enorme reprodução da imagem, que preenchia toda a fachada de um prédio público cubano.
Filmes sobre a vida Che Guevara
- Diários de Motocicleta (2004), com direção de Walter Salles, baseado no diário escrito por Che durante a aventura realizada com Alberto Granado por países da América Latina.
- Che (2008), de Steven Sodebergh, conta a biografia de Guevara em duas partes. Che: o Argentino e Che: Guerrilha.
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