Fortuna

Cartunista brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Fortuna

Fortuna (1931-1994) foi um cartunista brasileiro, que durante cinco décadas desenhou um retrato irreverente e satírico da vida nacional. Foi também ilustrador e editor de arte.

Reginaldo José Azevedo Fortuna, (1931-1994) conhecido como Fortuna, nasceu em São Luís, no Maranhão, no dia 21 de agosto de 1931. Começou a desenhar ainda jovem e com 15 anos mudou-se para o Rio de Janeiro. Iniciou sua carreira no fim da década de 40 e assinava com o pseudônimo Ricardo Forte.

Fortuna fez parte da geração de artistas e intelectuais que tiveram o melhor de seu trabalho produzido no período imediatamente anterior ao golpe de 1964 e, sobretudo, durante os anos da ditadura. Seus desenhos até então voltados para a crônica de costumes, com que se tornara conhecido na revista A Cigarra, assumiram o tom de sátira política, em colaborações nas páginas da revista de humor Pif-Paf, criada por Millôr Fernandes, e no jornal carioca Correio da Manhã.

A trajetória de crítica corrosiva, produzida por Fortuna, atingiu o ápice quando participou da criação do semanário O Pasquim, junto com os jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral, o cartunista Ziraldo, entre outros, que se tornou politizado com a repressão da ditadura, foi um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro. Fortuna foi o criador do personagem “O Manequinho”. Insolente e anárquico, com cartuns, charges e matérias bem humoradas, o semanário levou seus criadores para uma temporada na prisão, em 1970.

Depois da prisão, se revelou ainda mais radical com a criação da série “Madame e Seu Bicho Muito Maluco”, esquetes simples e com muito humor em que a deslumbrada Madame brigava e era exposta ao ridículo pelo Bicho Muito Maluco, um cachorro manhoso e gozador. Em 1975 criou a revista de quadrinhos “O Bicho”.

Mais tarde, já menos radical, mas ainda com grande humor, Fortuna se dedicou a outros projetos, como ilustrações e capas de livros. Entre os anos de 1974 e 1976 atuou como editor de arte, ilustrador e produtor de capas para a revista Veja. Nessa época colaborava também para a revista O Cruzeiro e para o jornal Folha de São Paulo, onde era responsável pelo projeto gráfico do suplemento Folhetim.

Fortuna participou das antologias “Seis Desenhistas Brasileiros de Humor”, “Hay Gobierno?” e “Dez em Humor”. É autor dos livros “Aberto Para Balanço”, “Diz, logotipo!” e “Acho Tudo Muito Estranho (Já o Professor Reginaldo, não)”. A irreverente obra de Fortuna foi interrompida por um infarto fulminante. Nesse mesmo dia foi publicado seu último trabalho, onde o Sr. Tempo, de foice e ampulheta em punho, se queixava desolado depois de ter o pedido de crédito reprovado: “Tempo não é mais dinheiro”.

Fortuna faleceu em São Paulo, no dia 5 de setembro de 1994.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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