Lili Elbe

Artista dinamarquesa transexual
Por Laura Aidar
Formada em Comunicação

Biografia de Lili Elbe

Lili Elbe foi uma artista transexual dinamarquesa que viveu no início do século XX. Uma das primeira pessoas a realizar uma cirurgia de redesignação sexual, Lili teve o apoio da esposa Gerda Gottlieb em todo processo de transição de gênero.

Ao assumir sua nova identidade, Lili estava determinada a adaptar seu corpo. Assim, depois de algumas cirurgias, se submeteu a um transplante de útero em 1931. Passado um tempo, faleceu em decorrência de complicações e da rejeição do novo órgão.

Hoje é conhecida como pioneira e um símbolo da luta trans.

Trajetória e transição de gênero

Nascida em 28 de dezembro de 1882 em Vejle, na Dinamarca, foi batizada com o nome de Einar Wegener.

Ainda jovem, mudou-se para Copenhague. Ingressou na Academia Real Dinamarquesa de Belas Artes, onde conheceu a também estudante de arte Gerda Gottlieb, que se tornaria sua companheira e parceira.

Se casaram em 1904 e seguiram na carreira artística, Lili (que nessa época ainda se identificava com o sexo masculino e atendia pelo nome Einar) se dedicou à pintura de paisagens, já Gerda trabalhava como ilustradora de moda.

A relação entre o casal era de confiança e parceria. Em determinado momento, Gerda pede que Lili se vista com trajes femininos e pose para ela, já que uma de suas modelos havia faltado à sessão.

A partir desse momento, ela experimenta uma liberdade e alívio até então desconhecido. Gradualmente passa a usar roupas femininas e adota o nome Lili.

Cirurgias de redesignação sexual

Era a década de 20 e Lili toma conhecimento de procedimentos experimentais para mudanças de sexo. Ela e Gerda iniciam uma busca por clínicas e médicos capazes de ajudá-la. Muitos médicos a diagnosticam com distúrbios mentais.

Até que consegue fazer em Berlim a primeira operação no Instituto Alemão de Ciências Sexuais. Outras cirurgias foram realizadas posteriormente na Clínica Feminina Municipal de Dresden. 

Há possibilidade de que os profissionais tenham observado órgão femininos rudimentares em Lili, o que a levaria a ser uma pessoa intersexo.

Entretanto, não há como comprovar essa suspeita, pois não existem documentos sobre suas cirurgias ou prontuários médicos, já que o Instituto de Pesquisa Sexual da Alemanha foi incendiado em um dos ataques nazistas nos anos 30.

Após a realização dos procedimentos, a artista conseguiu mudar seu nome oficialmente para Lili Elbe. O sobrenome veio como homenagem ao Rio Elba, que cruza a Alemanha e a cidade de Dresden.

Considerada legalmente uma mulher, Elbe tem o casamento com Gerda anulado. Ela conhece então Claude Lejeune, um homem também envolvido com as artes. Os dois iniciam um relacionamento e decidem se casar.

Transplante de útero e morte

Considerando e desejando a maternidade, Lili faz aquela que seria a última cirurgia de sua vida, um transplante de útero.

A operação complexa e inovadora não foi bem sucedida. Ainda em fase de recuperação, Elbe teve problemas. Seu corpo rejeitou o órgão e ela teve uma parada cardíaca, falecendo em 13 de setembro de 1931.

Em 1931 é publicado o livro Man into Woman, feito a partir de entrevistas que Lili forneceu na época.

Filme A Garota Dinamarquesa

Em 2015 estreou o filme A Garota Dinamarquesa, baseado na história de Lili Elbe. Com direção de Tom Hooper e atuação de Eddie Redmayne, a produção foi bem premiada.

Entretanto, também recebeu críticas negativas pelo fato do ator que interpreta Lili ser um homem cisgênero e também por apresentar inconsistências dos fatos.

Quadros de Lili Elbe

Nas artes, Lili Elbe desenvolveu uma produção coerente e de certa forma inovadora. Vivendo um período de efervescência cultural na Europa, suas telas representavam paisagens em tons intensos, com leves distorções.

Tela de Lili Elbe
Tela de Lili Elbe/Einar Werenger

Após assumir a nova identidade de gênero, a artista deixou de pintar, pois entendia que essa atividade pertencia a Einar e sua vida antes da transição.

Algumas telas representando Lili foram feitas por Gerda, que seguiu a carreira como artista.

Tela representando Lili Elbe, por Gerda
Tela representando Lili Elbe feita por Gerda

Laura Aidar
Formada em Comunicação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.
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