Miguel Arraes

Político brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Miguel Arraes

Miguel Arraes (1916-2005) foi um político brasileiro. Governador de Pernambuco durante o golpe militar de 1964 foi deposto, preso e exilado na Argélia, onde permaneceu durante 14 anos.

Miguel Arraes de Alencar nasceu no Araripe, Ceará, no dia 15 de dezembro de 1916. Era filho dos produtores rurais José Almino de Alencar e Silva e Maria Benigna Arraes de Alencar. Em 1932 concluiu o curso secundário no Colégio Diocesano na cidade do Crato. Nesse mesmo ano mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar Direito.

Após aprovado no concurso público para escriturário do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), foi designado para a cidade do Recife onde começou a carreira pública, e concluiu o curso na Faculdade de Direito do Recife, em 1937.

Carreira política

Em 1948, o ex-presidente do IAA Barbosa Lima Sobrinho, eleito Governador de Pernambuco, nomeou Arraes para Secretário da Fazenda do Estado, cargo que exerceu até 1950. Em seguida, foi Deputado Estadual pelo Partido Social Democrata (PSD) de 1950 a 1958. Em 1959 candidatou-se a prefeito do Recife pelo (PSD) e elegeu-se conseguindo derrubar as oligarquias locais.

Em 1962, Miguel Arraes se candidatou a governador de Pernambuco pelo Partido Social Trabalhista (PST), e em 1963 iniciou seu mandato, marcado pelo apoio às Ligas Camponesas e à reforma agrária. Firmou um pacto com os usineiros garantindo os benefícios para os trabalhadores da cana-de-açúcar e  os direitos sociais e trabalhistas incluindo o pagamento do salário mínimo.

No dia 31 de março de 1964 um golpe militar depôs o presidente João Goulart, quando o Brasil estava à beira do comunismo. No dia 1.º de abril de 1964 os avanços sociais do governo Arraes foram interrompidos.

Prisão e exílio

Por não se aliar aos militares, Miguel Arraes foi deposto pelo golpe. Saiu do Palácio dos Campos das Princesas escoltado e levado para o 14.º Regimento de Infantaria, do Recife e depois para Fernando de Noronha.

Em 1965 foi levado para a Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói, no Estado do Rio, de onde partiu para o exílio na Argélia.

Retorno ao Brasil

Com a anistia, Arraes retornou ao Brasil no dia 15 de setembro de 1979. No Recife, sua volta foi marcada por um grande comício no bairro de Santo Amaro. Em 1980 participou da fundação do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

Em 1982 foi eleito deputado federal pelo PMDB. Em 1986 protagonizou a maior campanha política de Pernambuco com manifestações de rua e o engajamento da militância.

Miguel Arraes foi eleito governador de Pernambuco pela segunda vez. Para chefe de gabinete nomeou seu neto Eduardo Campos. Implantou programas para o homem do campo como o “Chapéu de Palha”, que consistia na contratação de canavieiros, nos períodos de entressafra da cana, para trabalharem em pequenas obras públicas, e a “Água na Roça”, que fornecia motobombas para a irrigação de pequenos agricultores.

Como na época não havia reeleição, em 1990, Miguel Arraes ingressou no Partido Socialista Brasileiro (PSB) e candidatou-se a deputado federal. Em 1994 iniciou a terceira gestão no governo dando continuidade a programas de eletrificação rural e abastecimento de água.

Essa gestão foi marcada por denúncias de emissão irregular de títulos públicos para pagamento de dívidas judiciais. Essa operação ficou conhecida como o “escândalo dos precatórios” – da qual foi inocentado depois.

Mesmo com poucas chances de ganhar, Arras se candidatou à reeleição, mas perdeu para Jarbas Vasconcelos. Em 2002 foi eleito pela terceira vez para deputado federal. No ano seguinte foi reconduzido pela sexta vez para a presidência do PSB.

Na campanha para presidente, Arraes apoiou Luiz Inácio Lula da Silva, no segundo turno, pois o PSB tinha candidato próprio, Anthony Garotinho.

No dia 16 de junho de 2005, Arraes foi internado e depois de várias complicações veio a falecer. Seu corpo foi velado no Palácio do Campo das Princesas.

Filhos e netos

Miguel Arraes foi casado com Célia de Sousa Leão com quem teve oito filhos, entre eles, Ana Arraes (política) e Guel Arraes (diretor de TV).

Após a morte da primeira esposa em 26 de fevereiro de 1961, Arraes se casou com Magdalena Fiúza Arraes, com quem teve mais dois filhos, Mariana Arraes de Alencar e Pedro Arraes de Alencar.

Entre seus netos destacam-se Eduardo Campos (político, morto em um acidente aéreo em 13 de agosto de 2014), Antônio Campos (advogado, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras), Marília Arraes (vereadora do Recife) e Luísa Arraes (atriz). Seus bisnetos também entraram para a política: João Henrique Campos que foi deputado federal e em seguida foi eleito para a prefeitura do Recife para o mandato de 2021 à 2014. Seu irmão Pedro Campos é deputado federal.

Miguel Arraes faleceu no Recife, Pernambuco, no dia 13 de agosto de 2005.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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