João Goulart
Biografia de João Goulart
João Goulart (1919-1976) foi um político brasileiro. Foi o 24.º presidente do país. Eleito em 1961, governou sob um regime populista sendo deposto pelo golpe militar de 1964.
O período de 31 meses em que João Goulart ocupou a presidência da república foi um dos mais agitados da história brasileira, marcado por fortes confrontações ideológicas.
João Belchior Marques Goulart, conhecido como Jango, nasceu em São Borja, Rio Grande do Sul, no dia 1 de março de 1919. Filho de Vicente Rodrigues Goulart, coronel da Guarda Nacional e fazendeiro, e de Vicentina Marques Goulart, era o mais velho de oito irmãos.
Desde pequeno recebeu o apelido de Jango. Foi aluno do Colégio Marista de Uruguaiana. Cursou Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, graduando-se em 1939. Depois de formado voltou para São Borja e se dedicou às atividades agropecuárias.
Em 1945, após ser deposto, o presidente Getúlio Vargas passou a residir em São Borja, sua cidade natal, época em que fortaleceu a amizade com João Goulart. Convidado pelo amigo, João Goulart entrou para o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
Carreira Política
Em 1947, João Goulart foi candidato a deputado estadual. Foi o quinto candidato mais votado. Colaborou ativamente para a vitória de Vargas na eleição presidencial de 1950. João Goulart foi eleito deputado federal, sendo o segundo mais votado no Rio Grande do Sul.
Em 1951, Jango assumiu o cargo, mas logo pediu licença da Câmara para assumir a Secretária de Interior e Justiça, na gestão do governador Ernesto Dornelas, primo de Getúlio Vargas. Em 1952, Jango retornou ao Rio de Janeiro quando reassumiu sua cadeira na Câmara.
Em junho de 1953, foi nomeado Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio para resolver a grave crise dos trabalhadores, que insatisfeitos com os salários, organizavam greves apoiados pela União Democrática nacional (UND), que fazia oposição ao governo.
Exigiam um reajuste de 100 %, mas enfrentavam a reação dos empresários. O reajuste de 100% foi finalmente assinado como exigia a classe trabalhadora. No dia 23 de fevereiro de 1954, depois da trágica morte de Vargas, o Ministro foi forçado a renunciar.
Vice-presidente da República
Em 1955, João Goulart foi eleito vice-presidente do Brasil na chapa de Juscelino Kubitschek, na coligação PTB e PSD. Na época, os votos eram separados e Jango teve mais votos que Juscelino.
Nas eleições de 1960, com o apoio da UND e de pequenos partidos que lançaram a dobradinha Jan-Jan (Jânio Quadros e Jango), saiu vitoriosa. Empossados em janeiro de 1961, assumiram um país marcado pela crise econômica, pela inflação, pelo déficit da balança de pagamentos e pela acumulação da dívida externa.
O presidente Jânio, buscando uma aproximação com os países socialistas, restabeleceu as relações com a União Soviética, assumiu a defesa do regime de Fidel Castro, condecorou, em Brasília, o líder comunista Che Guevara com a ordem do Cruzeiro do Sul, o que aumentou a desconfiança ao seu governo. No dia 25 de agosto de 1961, enquanto João Goulart estava na China, Jânio Quadros renunciou o cargo de presidente.
De acordo com a constituição, João Goulart deveria assumir a Presidência, porém houve um veto militar à posse de Jango, que foi acusado de comunista. Tal fato desencadeou uma aguda crise político-militar, que se prolongou por vários dias. Em diversos pontos do país registraram-se tumultos e greves em favor da posse de João Goulart.
O Congresso Nacional propôs uma solução negociada para a crise e promulgou o "Ato Institucional" que estabelecia o "parlamentarismo no Brasil", restringindo dessa forma os poderes do presidente.
Presidente da República
No dia 7 de setembro de 1961, depois de doze dias de ameaça de uma guerra civil, Jango assumiu o poder. Tancredo Neves, do PSD de Minas Gerais, ministro do governo Vargas, tornou-se primeiro-ministro.
A crise econômica do país contribuía para aumentar a instabilidade política. Em 1962 o ministro do Planejamento Celso Furtado lançou o Plano Trienal para conter a inflação e retomar o crescimento econômico, mas o plano fracassou devido à falta de investimentos externos. A confusão, o caos e a desordem marcaram o governo João Goulart.
O país entrava em um circulo vicioso, o governo era obrigado a aumentar constantemente os salários, que eram corroídos pela inflação. Em 1962, atendendo às reivindicações dos trabalhadores, foi criado o 13º salário. Em 1963 a inflação chegou a 80%. Nesse mesmo ano, um plebiscito aprovou a volta do presidencialismo.
A tensão no país chegou ao ápice no dia 13 de março de 1964, quando o presidente promoveu um comício popular na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, quando reuniu uma multidão. Independente da aprovação do Congresso Nacional, Jango anunciava a desapropriação de terras, a encampações de refinarias e exigia uma nova carta constitucional que acabasse com as estruturas arcaicas da sociedade brasileira.
Deposição de João Goulart
Seis dias depois, os grupos de oposição de São Paulo lideraram uma passeata que reuniu mais de 300 mil pessoas, chamada Marcha da Família com Deus pela Liberdade. No dia 31 de março de 1964, as tropas do Exército ocuparam as ruas das principais cidades do país.
Com a vitória do movimento militar de 1964, João Goulart foi deposto e teve seus direitos políticos suspensos por dez anos. Obrigado a sair do país, exilou-se no Uruguai.
Depois do movimento que derrubou o presidente João Goulart, o Alto Comando Revolucionário, composto pelo general Costa e Silva, pelo brigadeiro Correia de Melo e pelo Vice-almirante Augusto Rademacker, assumiu o poder e impôs ao país o "AI-1 (Ato Institucional n.º 1)", que fortaleceu o poder e centralizou a administração. Terminava o populismo e se instalava o Brasil uma República autoritária com um longo regime militar, que se prolongou até 1985.
João Goulart faleceu em sua estância de La Vella, perto de Mercedes, na Argentina, no dia 6 de dezembro de 1976. Foi sepultado em São Paulo.
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