Nicolau II

Czar russo
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Nicolau II

Nicolau II (1868-1918) foi o último czar russo da longa dinastia dos Romanov que governou entre 1894 e 1917. Em 1918 ele foi assassinado junto com a czarina Alexandra e os cinco filhos do casal.

Nicolau Alexandrovitch nasceu no palácio de Tsarskoye Selo, próximo a São Petersburgo, Rússia, no dia 18 de maio de 1868. Era filho primogênito do czar Alexandre III e da imperatriz Maria Feodorovna, nascida princesa Dagmar da Dinamarca. Estudou em casa com tutores e realizou diversas viagens para completar sua educação.

Quem foram os Romanov?

A dinastia Romanov governou a Rússia de maneira autocrática durante três séculos, de 1613 até fevereiro de 1917. Entre os czares russos destacaram-se, Miguel I (1613-1645), Pedro I da Rússia (Pedro, o Grande) (1696-1725), Catarina II (1762-1796), Nicolau I (1825-1855), Alexandre III (1881-1894) e Nicolau II (1894-1917), o último czar da dinastia, que abdicou em 1917, em favor do irmão Miguel, que recusou o trono.

Casamento e coroação

Após a morte de Alexandre III em 1 de novembro de 1894, Nicolau, o filho primogênito assumiu o trono da Rússia, porém não estava preparado para a posição. De personalidade tímida e indecisa, preferia o retiro da vida familiar ao exercício das funções públicas de um governo autocrático.

No dia 26 de novembro de 1894, Nicolau II casou-se com a princesa alemã Alix (Alexandra) de Hesse, na capela do Palácio de Inverno em São Petersburgo. A coroação oficial de Nicolau e Alexandra só foi realizada em 14 de maio de 1896, no Kremlin em Moscou.

O governo de Nicolau II

O Czar Nicolau II governou como um monarca autocrático, assim como fizera seus ancestrais, sustentado por uma burocracia ampla e ineficiente. Sua vontade era imposta pela polícia do estado e pelo exército. Seus oficiais controlavam a educação e censuravam a imprensa. A situação era bastante favorável para uma revolução.

A vida para cerca de 15 milhões de operários era dura. A moradia e as condições de trabalho nas fábricas eram precárias, proporcionando o aparecimento de partidos radicais e revolucionários. Os dois maiores partidos eram o Social Revolucionário e o Social Democrático, cujo líder era Lenin.

O regime czarista tentou absorver as minorias polonesas e finlandesas e reprimiu os judeus que considerava perigosos. Ordenou a chacina de comunidades judias. O maior massacre ocorreu em Kishinev (1903), quando milhares de judeus foram assassinados.

Domingo Sangrento

Entre 1904 e 1905, a Rússia entrou em guerra com o Japão e foi derrotada, agravando mais a crise. Em 22 de janeiro de 1905, uma grande multidão insatisfeita se reuniu em frente ao Palácio de Inverno de São Petersburgo, pedindo audiência com o czar, mas o exército abriu fogo matando cerca de mil pessoas. O fato ficou conhecido como “Domingo Sangrento” e foi o estopim para uma série de revoltas.

Em outubro, Nicolau II cedeu e publicou um manifesto assegurando as liberdades individuais e prometendo eleições para a Duma (Parlamento), que se tornaria o poder máximo do país. A Rússia tornava-se assim uma "monarquia constitucional", embora o czar continuasse concentrando grandes poderes.

Conquistas dos operários

Entre 1906 e 1910 os operários russos obtiveram algumas conquistas: organização de sindicatos, redução de jornada de trabalho, seguros contra acidentes e moléstias. No campo, foram feitas reformas agrárias, mas a eleição indireta assegurava poder apenas aos grandes proprietários rurais.

I Guerra Mundial (1912-1918)

Ao eclodir a Primeira Guerra Mundial, os partidos russos uniram-se contra a Alemanha, mas os efeitos da guerra revelou a crise da sociedade imperial: a inflação corroía os salários, empresas nacionais faliam, cedendo lugar ao capital estrangeiro.

Nicolau II tentou fazer a mediação entre as potências, mas as pressões de seus chefes militares obrigaram-no a participar do conflito. Em 1915, Nicolau assumiu pessoalmente o comando das tropas e deixou o governo nas mãos de Alexandra, que passou a governar baseada na inspiração celestial.

Governava também baseada nos conselhos do charlatão Rasputin, o monge a quem ela creditava poderes miraculosos e a quem recorria no tratamento da debilitada saúde do filho Alexei que era hemofílico, tornando-se assim mais impopular que o marido.

Revolução de 1917

No dia 12 de março de 1917, a burguesia liberal, apoiada pela esquerda moderada, pressionava o governo, provocando manifestações de rua e greves generalizadas. A polícia não conseguiu deter o movimento e o exército se recusou a marchar contra a população.

No dia 15 de março, Nicolau II viu-se obrigado a abdicar. No dia 17 instalava-se uma República. A Duma organizou um governo provisório sob a presidência do príncipe Lvov., mas a continuidade da guerra desgastou o prestígio do governo

Nessa época, Lenin estava exilado na Suíça, mas em abril, os alemães auxiliaram sua volta à Rússia. Passou então a planejar a queda do governo provisório que decidira continuar a guerra contra a Alemanha. Com a promessa de “pão, paz e terra”, no dia 7 de novembro os sovietes estavam no poder.

Exílio e morte de Nicolau II

Inicialmente detido em Tsarskoie Selo, Nicolau, Alexandra e os cinco filhos logo foram transferidos para Tobolsk, na Sibéria. Com a tomada do poder pelo partido bolchevique de Lenin, todos foram enviados para Iekaterinburgo, nos montes Urais, para um suposto julgamento público de seus crimes.

nicolau ii
Nicolau II e família

Chegando a Iecaterimburgo, cidade estratégica, a família foi confinada em uma casa cercada de uma paliçada, para barrar o olhar curioso do povo. Por ordem de Lenin, a família foi fuzilada, junto com um médico e três serventes leais.

Nicolau II morreu em Ecaterimburgo, Rússia, no dia 17 de julho de 1918. Em 1992, os restos mortais da família, que haviam sido jogados num poço, foram descobertos por arqueólogos russos e em 1998 foram sepultados na catedral de São Pedro e São Paulo, em São Petersburgo.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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