Barão de Mauá

Industrial e político brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Barão de Mauá

Barão de Mauá (Irineu Evangelista de Sousa) (1813-1889) foi um industrial e político brasileiro. Pioneiro da industrialização no Brasil, foi um símbolo dos capitalistas empreendedores brasileiros do século XIX.

Foi responsável por grandes obras, como um Estaleiro, a Companhia Fluminense de Transporte e a primeira estrada de ferro ligando o Rio de Janeiro à Petrópolis. Investiu, como sócio, nas ferrovias do Recife e de Salvador, que chegavam até o Rio São Francisco, entre várias outros empreendimentos.

Infância e Adolescência

Irineu Evangelista de Sousa nasceu em Arroio Grande no Rio Grande do Sul em 28 de dezembro de 1813. Filho do fazendeiro João Evangelista de Ávila de Sousa e de Maria de Jesus Batista de Carvalho, ficou órfão de pai aos oito anos de idade, sendo entregue aos cuidados de um tio, capitão da marinha mercante. Entre 1821 e 1823 permaneceu internado em um colégio em São Paulo.

Com 11 anos foi para o Rio de Janeiro onde se empregou como balconista de uma loja de tecidos. Em 1826, com 13 anos, já era empregado de confiança do português Antônio Pereira de Almeida.

Em 1829 seu patrão passou por dificuldades financeiras e seus bens foram entregues ao seu maior credor, o inglês Ricardo Carruthers. Irineu foi em busca de novo emprego. Passou a trabalhar como caixeiro da Companhia Inglesa, especializada em importação e exportação.

Sócio da Carruthers & Cia

Em 1836, com 23 anos, dominando o inglês, Irineu Evangelista de Souza torna-se sócio gerente da empresa Carruthers. Em 1837 seu sócio foi para a Inglaterra deixando Irineu à frente do negócio. Após 20 anos de trabalho o jovem havia acumulado uma importante fortuna pessoal.

Enquanto prosperava, Irineu adquiriu uma chácara no Morro de Santa Teresa. Chamava seus empregados de meus auxiliares. Criou antipatia dos senhores de engenho e também da corte, por dar abrigo a escravos foragidos.

Em 1839, Mauá foi buscar sua mãe, sua irmã e sua sobrinha, Maria Joaquina, com 15 anos e, as três se instalam em sua chácara. Nesse mesmo ano, Mauá foi para a Inglaterra e lá comprou um anel de ouro, que presenteou sua sobrinha, era o pedido de casamento. Casaram-se em 1841 e juntos tiveram 12 filhos, dos quis 10 sobreviveram. Dona Guilhermina, sua irmã e sogra, comandava a casa, agora uma mansão na Rua do Catete.

Primeiras Indústrias

Em 1845, Irineu vende sua parte na Carruthers e adquire uma pequena fundição situada na Ponta da Areia em Niterói. Foi buscar recursos na Inglaterra, pois estava convencido que o Brasil deveria caminhar para a industrialização. No mesmo ano, construiu o estaleiro da Companhia Ponta da Areia, iniciando a indústria naval brasileira. Logo, multiplicou por quatro seu patrimônio.

Título de Barão de Mauá

Irineu Evangelista de Sousa foi pioneiro no campo dos serviços públicos. Em 1852 fundou a Companhia Fluminense de Transportes, em 1853 criou a Companhia de Navegação a Vapor do rio Amazonas, obtendo o direito à navegação por 30 anos. A  Amazônia teve pela primeira vez um transporte regular entre seus pontos mais longínquos.

Em 1854 fundou a Companhia de Iluminação a gás do Rio de Janeiro, e no dia 30 de abril inaugura 15 km da primeira estrada de ferro ligando o Porto Mauá, na baía da Guanabara, à encosta da Serra da Estrela.

Entre os convidados estava Dom Pedro II, que no mesmo dia concede a Irineu o título de "Barão de Mauá". A locomotiva recebeu o nome de "Baronesa" em homenagem à sua esposa.

Barão de Mauá

Inaugurou nesse mesmo ano o trecho inicial da União e Indústria, primeira rodovia pavimentada do país, entre Petrópolis e Juiz de Fora.

Empresário e Banqueiro

Em sociedade com capitalistas ingleses e cafeicultores paulistas, o Barão de Mauá participou da construção da Estrada de Ferro Dom Pedro II (atual Central do Brasil), da Estrada de Ferro Recife – São Francisco e a de Santos-Jundiaí.

Iniciou a construção do canal do mangue no Rio de Janeiro e foi o responsável pela instalação dos primeiros cabos telegráficos submarinos, ligando o Brasil à Europa.

O Barão de Mauá fundou, no final da década de 1850, o Banco Mauá, MacGregor & Cia. Em seguida abriu filiais do banco em várias capitais brasileiras, e também nas cidades de Londres, Nova Iorque, Buenos Aires e Montevidéu. Ajudou a fundar o segundo Banco do Brasil, pois o primeiro havia falido em 1829.

Falência

Liberal, abolicionista e contrário à Guerra do Paraguai, o Barão de Mauá forneceu os recursos financeiros necessários para a defesa de Montevidéu quando o governo imperial decidiu intervir nas questões do Prata, em 1850, tornando-se "persona non grata" no Império.

Suas fábricas passaram a ser alvo de sabotagens criminosas e seus negócios foram abalados pela legislação que sobretaxava as importações de matéria prima para suas indústrias. Em 1857 seu estaleiro foi criminosamente incendiado.

O Barão de Mauá foi deputado pelo Rio Grande do Sul em diversas legislaturas, mas renunciou ao mandato em 1873 para cuidar de seus negócios ameaçados desde a crise bancária de 1864. Apesar de todas as realizações, o Barão de Mauá terminou falindo.

Visconde de Mauá

Em 1874, Irineu recebeu o título de Visconde de Mauá. Em 1875, com o encerramento do Banco Mauá, viu-se obrigado a vender a maioria de suas empresas a capitalistas estrangeiros. Doente, sofrendo com a diabetes, só descansou depois de pagar todas as dívidas encerrando com nobreza todas as suas atividades, embora sem patrimônio.

Barão de Mauá, faleceu em Petrópolis, Rio de Janeiro, no dia 21 de outubro de 1889.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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